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Com apreensão de celular e pedidos de prisão, CPI tem dia tumultuado
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Com apreensão de celular e pedidos de prisão, CPI tem dia tumultuado

| COVID | Depoimento de Luiz Paulo Dominguetti foi marcado por mais dúvidas que respostas sobre suspeitas de corrupção
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LUIZ Paulo Dominguetti em depoimento à CPI da Covid, que teve semana tumultuada no Senado (Foto: Pedro França/Agência Senado)
Foto: Pedro França/Agência Senado LUIZ Paulo Dominguetti em depoimento à CPI da Covid, que teve semana tumultuada no Senado

Com apreensão de aparelho celular e até ameaça de prisão, a CPI da Covid teve nesta quinta-feira, 1º, uma de suas mais tumultuadas sessões de depoimento, marcada pelo surgimento de mais dúvidas que respostas sobre investigações em curso.

Autor de denúncia que aponta cobrança de propinas sobre a compra de vacinas contra a Covid, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira tentou implicar em depoimento o deputado Luis Miranda (DEM-DF) - que denuncia o governo Bolsonaro em outra acusação alvo da CPI, envolvendo supostas fraudes na compra em R$ 1,6 bilhão da vacina Covaxin.

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Segundo Dominguetti, Miranda procurou a Davati Medical Supply, empresa que negociava a compra da vacina AstraZeneca com o governo, para tentar intermediar o acordo. Durante a inquirição de ontem, que durou mais de sete horas, o policial chegou até a mostrar áudio de uma negociação com a voz do deputado. A palavra "vacina", no entanto, não é mencionada.

Logo após a divulgação do áudio, o próprio Miranda foi ao Senado e pediu a prisão do depoente. Segundo ele, a gravação teria ocorrido em outubro de 2020 e tratava da compra não de vacinas, mas sim de luvas. O negócio seria intermediado por uma empresa do deputado nos Estados Unidos e visaria a comercialização de luvas no Exterior.

Depois de longo bate-boca sobre a acusação, senadores determinaram a apreensão do celular do depoente, que foi acusado de ser uma "testemunha plantada" com o objetivo de descredibilizar acusações de Miranda no caso Covaxin.

"Com todo respeito, essa testemunha foi plantada aqui. Ela foi plantada. Ela está em estado flagrancial do artigo 342", disse o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que pedia a prisão do depoente.

O próprio Luis Miranda reforçou a tese: "Ele [Dominguetti] blefou e, para o azar dele, eu tenho toda a conversa aqui. Eu nunca tratei de vacina com eles", disse. "Precisamos saber quem plantou esse senhor aqui para mentir. Ele é um cavalo de troia. Se não prendemos ele, será uma vergonha. Confio nos senadores para que não passemos em branco".

No centro da polêmica, estão duas acusações diferentes de corrupção na compra de vacinas pelo governo Bolsonaro. A primeira, denunciada por Miranda na semana passada, aponta que o irmão do deputado, o servidor concursado da Saúde Luis Ricardo Miranda, teria sido pressionado para aprovar contrato em R$ 1,6 bilhão para a compra da Covaxin - em negociação que estaria, segundo ele, repleta de indícios de fraude.

Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do empresário representante da empresa Davati Medical Supply, que afirma ter recebido pedido de propina de representante do Ministério da Saúde para conseguir vender doses da vacina AstraZeneca. ..Após a reprodução de áudio de conversa do deputado Luis Miranda, a CPI da Pandemia determinou a apreensão do celular do empresário Luiz Paulo Dominguetti. O vice-presidente da CPI pediu que o material seja periciado pela Polícia Legislativa do Senado...Na frente da testemunha e de seu advogado, os agentes guardam o aparelho numa bolsa que foi logo em seguida lacrada. ..Mesa: .advogado do depoente, Flávio da Correia de Moraes;.representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira...Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do empresário representante da empresa Davati Medical Supply, que afirma ter recebido pedido de propina de representante do Ministério da Saúde para conseguir vender doses da vacina AstraZeneca. ..Após a reprodução de áudio de conversa do deputado Luis Miranda, a CPI da Pandemia determinou a apreensão do celular do empresário Luiz Paulo Dominguetti. O vice-presidente da CPI pediu que o material seja periciado pela Polícia Legislativa do Senado...Na frente da testemunha e de seu advogado, os agentes guardam o aparelho numa bolsa que foi logo em seguida lacrada. ..Mesa: .advogado do depoente, Flávio da Correia de Moraes;.representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira...Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Miranda diz ainda que comunicou as pressões pessoalmente ao presidente, que teria relacionado o caso ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e prometido acionar a Polícia Federal sobre o caso. Até agora, no entanto, não há nenhuma informação de qualquer ação de Bolsonaro para iniciar uma investigação sobre a denúncia.

A segunda acusação contra o governo Bolsonaro remete a reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo na noite da última terça-feira, 29. Em entrevista, Dominguetti disse ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose em uma negociação entre a Davati e o Governo Federal para a compra de 400 milhões de doses da Astrazeneca.

Ainda segundo o que o policial militar disse à Folha, o pedido de propina teria sido feito por Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde, em um jantar realizado em Brasília no dia 25 de fevereiro. Também teria participado da reunião o tenente-coronel de Exército Marcelo Blanco, ex-assessor de Dias na Logística da pasta.

Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do empresário representante da empresa Davati Medical Supply, que afirma ter recebido pedido de propina de representante do Ministério da Saúde para conseguir vender doses da vacina AstraZeneca. ..Em pronunciamento, Luiz Paulo Dominguetti Pereira diz que tinha feito um acordo verbal com o CEO da Davati, que lhe deu consentimento para representar a empresa em negociações com o Ministério da Saúde. ..Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do empresário representante da empresa Davati Medical Supply, que afirma ter recebido pedido de propina de representante do Ministério da Saúde para conseguir vender doses da vacina AstraZeneca. ..Em pronunciamento, Luiz Paulo Dominguetti Pereira diz que tinha feito um acordo verbal com o CEO da Davati, que lhe deu consentimento para representar a empresa em negociações com o Ministério da Saúde. ..Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

 

Planos

Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), "síntese" da sessão de ontem foi a "confirmação por parte do depoente da existência de achacamento de propina no valor de um dólar"

 

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