Prováveis adversários nas urnas nas eleições de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT) devem ter agenda no Ceará em agosto.

Pelas redes sociais, Bolsonaro anunciou que tem visita prevista ao estado no próximo dia 13, uma sexta-feira, quando entrega 1,8 mil unidades habitacionais do programa Casa Verde e Amarela, do Governo Federal.

Ao lado do ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), o chefe do Executivo se dirigiu aos cearenses e informou que sua passagem inclui no roteiro as cidades de Crato e Juazeiro do Norte, no Cariri.

A última vez que o presidente esteve na região foi em junho de 2020, para inauguração de trecho da obra de transposição do rio São Francisco. Cercado de aliados, Bolsonaro deixou o local sem falar com a imprensa.

Depois disso, o militar da reserva esteve no Ceará novamente em fevereiro deste ano, nos municípios de Tianguá e Caucaia, onde inaugurou obras rodoviárias ao lado de ministros, provocou aglomeração e descumpriu outras medidas sanitárias num dos momentos mais agudos da pandemia de Covid-19 no estado.

A conduta de Bolsonaro durante sua passagem por terras cearenses foi alvo de pedido de abertura de investigação formulado pelo Ministério Público Federal e encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR).

O presidente vem ao Ceará a um ano e dois meses das eleições, em fase na qual reformula a Esplanada dos Ministérios para acomodar parlamentares do centrão, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que pode acompanhá-lo na agenda.

O evento faz parte de esforço para interromper a queda de popularidade do presidente atestada em pesquisas, recorrendo a um ponto de grande impacto eleitoral, que é a entrega de casas.

Oponente direto de Bolsonaro na disputa eleitoral do próximo ano, o ex-presidente Lula também deve cumprir agenda no estado em agosto. A visita, contudo, ainda não tem data marcada.

Deputado federal pelo PT, José Airton Cirilo diz que incialmente Lula estaria no Ceará no fim deste mês, quando se reuniria com o governador Camilo Santana (PT) e outras lideranças petistas para discutir o cenário local e se o partido deve ou não lançar nome para o governo em 2022.

"A presidente Gleisi (Hoffmann) informou que Lula adiou a vinda dele para agosto, mas não tenho a data confirmada", conta o parlamentar, um dos defensores de que a legenda apresente um postulante ao Estado.

Segundo Cirilo, também em agosto, na esteira da passagem de Lula pelo Ceará, grupos que defendem candidatura própria devem lançar um movimento em prol da ideia de postulação petista.

"Estamos conversando com as forças políticas do PT, com as lideranças, e vai inclusive ser feito o lançamento de um movimento, 'PT lá e PT cá', liderado pelo 'Lula lá', em defesa da candidatura própria", antecipa o deputado.

"Nós vamos fazer uma caravana de discussões", continua Cirilo, "em todos os municípios onde tem o PT para debater com as lideranças, prefeitos, vereadores, vices e as direções do PT sobre a necessidade de construção de um palanque leal para o presidente Lula e a defesa da candidatura própria do PT no próximo ano".

Ao O POVO, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, já admitiu a possibilidade de que a sigla apresente nome, mas o quadro ainda está indefinido. Dentro do PT, importantes dirigentes têm defendido uma composição no Ceará com o PDT do pré-candidato Ciro Gomes, cujas críticas a Lula incomodam os setores do partido menos alinhados com Camilo Santana.