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Em meio a queda de popularidade, Bolsonaro vem ao Ceará pela 2ª vez em seis meses
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Em meio a queda de popularidade, Bolsonaro vem ao Ceará pela 2ª vez em seis meses

| Agenda | Presidente visita o Estado depois de criar novo Bolsa Família e um dia após seu líder na Câmara depor à CPI da Covid. Bolsonaro fará entrega de unidades habitacionais em Juazeiro do Norte
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PASSAGEM de Bolsonaro por Tianguá em fevereiro causou aglomeração e ocorreu no início da 2ª onda de Covid no País (Foto: JULIO CAESAR)
Foto: JULIO CAESAR PASSAGEM de Bolsonaro por Tianguá em fevereiro causou aglomeração e ocorreu no início da 2ª onda de Covid no País

Em meio a disputas com o Judiciário e queda de popularidade, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visita o Ceará pela segunda vez em menos de seis meses. O chefe do Executivo participa amanhã, 13, de entrega de 1,8 mil unidades habitacionais do programa Casa Verde e Amarela, em Juazeiro do Norte, na região do Cariri.

O presidente deve estar acompanhado dos ministros Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Ciro Nogueira (Casa Civil), que assumiu o posto há poucos dias, numa tentativa do governo de tentar garantir estabilidade nas articulações com o Congresso num momento em que a CPI da Covid fecha o cerco sobre possíveis malfeitos na compra de vacinas.

A agenda oficial de Bolsonaro divulgada ontem prevê inauguração do residencial Leandro Bezerra de Menezes, na localidade de Sítio Barro Branco, em Juazeiro do Norte, a partir das 11 horas.

Em fevereiro último, num dos períodos mais graves da pandemia de Covid-19 no estado, o capitão da reserva esteve nos municípios de Tianguá e Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, onde participou de inaugurações de obras viárias.

Durante sua passagem, o presidente gerou aglomeração e descumpriu série de medidas sanitárias adotadas para combater a doença. A conduta acabou ensejando pedido de investigação apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF) à Procuradoria Geral da República (PGR).

O presidente desembarca no Ceará noutro cenário, mas ainda sob preocupação por causa da disseminação de variantes do coronavírus e das dificuldades para obtenção de vacinas, como a Sputnik, cuja importação não foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Assim como se deu na última agenda do líder do Planalto em território cearense, o governador Camilo Santana (PT) não irá participar do encontro.

Ao O POVO, a Casa Civil do Estado confirmou que a gestão Bolsonaro não tinha enviado convite para o governador petista até a noite de ontem.

Desde que se elegeu presidente, Bolsonaro veio ao Ceará em duas ocasiões. A primeira delas em junho de 2020, pouco mais de um ano atrás, para entregar trecho de obra da transposição do rio São Francisco.

Segundo o Palácio da Abolição, o governador não teria sido formalmente convidado para nenhum desses eventos, nem o de 2020 nem os deste ano.

A visita do presidente também coincide com o depoimento à CPI do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que deve ser ouvido hoje pelos senadores sobre a suspeita de participação do parlamentar nas tratativas para compra da vacina indiana Covaxin.

Barros foi citado pelos irmãos Miranda como nome que estaria por trás da pressão existente para aprovar em tempo recorde a compra da Covaxin. O deputado nega as acusações.

Já desfeito depois de denúncias da CPI, o contrato do imunizante é alvo de investigação tanto da comissão quanto do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União (TCU).

 

Casas

Além das 1,8 mil unidades habitacionais em Juazeiro, serão entregues outras 982 residências no Crato. Somando, as 2.794 casas com investimento de R$ 215,8 milhões do Governo Federal

 

Pena forte em 26 de junho de 2020. O presidente Jair Bolsonaro, vem ao Ceará para inaugurar mais uma etapa da transposição do Rio São Francisco. Em destaque os deputados federais Domingos Neto e Danilo Forte, com o presidente. (Foto JL Rosa)
Pena forte em 26 de junho de 2020. O presidente Jair Bolsonaro, vem ao Ceará para inaugurar mais uma etapa da transposição do Rio São Francisco. Em destaque os deputados federais Domingos Neto e Danilo Forte, com o presidente. (Foto JL Rosa)

Menos deputados cearenses devem acompanhar Bolsonaro

Se em junho de 2020 um grupo de pelo menos seis deputados federais e outros estaduais cearenses esteve ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante visita ao Ceará, a comitiva agora deve ser menor.

Entre os parlamentares que acompanharam Bolsonaro na agenda do ano passado e que não devem marcar presença nesta sexta-feira com o mandatário, estão Domingos Neto, deputado federal pelo PSD, e Danilo Forte, do PSDB.

Procurado pelo O POVO, Neto confirmou que não irá a Juazeiro do Norte para encontro com Bolsonaro, que faz entrega de conjunto residencial no município.

Durante o evento de inauguração de trecho da obra da transposição ano passado, o pessedista recepcionou Bolsonaro no aeroporto.

À reportagem, Danilo Forte informou que não estará no Ceará nesse dia e que, portanto, não integrará a comitiva presidencial. O tucano foi outro que esteve com o presidente ao lado do canal que liberou água da transposição.

Na última terça-feira, 10, na sessão da Câmara que derrotou a PEC do voto impresso, Domingos Neto votou contra a medida, enquanto Forte se ausentou. O voto impresso é uma das bandeiras recentes do bolsonarismo.

Entre os que garantiram participação na agenda presidencial no Ceará, encontram-se os deputados federais Capitão Wagner (Pros) e Jaziel Pereira (PL), o deputado estadual André Fernandes (Republicanos) e o vereador em Fortaleza Carmelo Neto (Republicanos).

O grupo de quatro parlamentares deve desembarcar em Juazeiro junto com o presidente em voo de Brasília, conforme relatou Carmelo Neto, que se deslocou para a capital federal ainda ontem. (Henrique Araújo)

 

Agenda de Bolsonaro

Visita de Bolsonaro

Presidente chega ao Ceará animado com novo Bolsa Família. Intenção é usar agenda positiva, com entrega de casas, para recuperar terreno perdido na popularidade e estancar sangria.

Estratégia é defendia por Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil e líder do centrão, levado ao posto exatamente para garantir um freio de arrumação nas articulações e na imagem do presidente

Nogueira deve ser um dos ministros que estarão com Bolsonaro em Juazeiro do Norte, no Cariri, onde o presidente entrega 1,8 mil casas.

Além do Bolsa Família, agora chamado de Auxílio Brasil, outro fator terá peso para a visita do mandatário, mas negativamente: o depoimento de Ricardo Barros, líder do governo, à CPI da Covid; e a decisão da comissão de sugerir indiciamento do chefe do Executivo por charlatanismo e curandeirismo.

 

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