A agenda do ex-presidente Lula no seu primeiro dia de contatos em Recife foi movimentada e inclui políticos locais ligados ao Partido Progressita (PP), do poderoso Chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, o senador piauiense Ciro Nogueira. Pelo menos um parlamentar do PDT de Ciro Gomes, o deputado federal Tulio Gadelha, também esteve com o líder petista no hotel da capital pernambucana na qual está hospedado, mas o compromisso principal do domingo foi um jantar no Palácio Campo das Princesas com a cúpula do PSB, organizado pelo governador Paulo Câmara.
Lula tem entre seus objetivos na passagem por Pernambuco conseguir uma reaproximação com o PSB, especialmente depois da tensa disputa de 2020 pela prefeitura de Recife, na qual João Campos derrotou a petista Marilia Arraes, prima dele, inclusive. A estratégia do petista para o próximo ano prevê uma aliança entre os dois partidos, defendida pelo governador mas que ainda tem a resistência do prefeito, que tem defendido a tese da necessidade de uma terceira via para quebrar polarização entre Lula e o atual presidente, Jair Bolsonaro.
À saída do encontro com Lula, ontem à tarde, o deputado federal Renildo Calheiros, do PCdoB, disse tê-lo encontrado "feliz e animado". O encontro, do qual também participaram a vice-governadora Luciana Santos e o ex-vice-prefeito de Recife, Luciano Siqueira, serviu para uma análise de cenário, embora o parlamentar assegure que não se falou em candidatura. "Analisamos o quadro, destacamos a quantidade de erros que o governo Bolsonaro tem cometido", disse aos jornalistas. Chama atenção, para ele, o estado de ânimo do ex-presidente.
Enquanto Lula se movimenta por uma união em Pernambuco, a deputada federal Marilia Arraes, que também esteve ontem com ele, reafirmou sua disposição de disputar o governo estadual em 2022. O interesse do governador atual de uma aproximação seria para viabilizar a candidatura do ex-prefeito de Recife, Geraldo Julio, nome que ele gostaria de ver comandando uma frente ampla das esquerdas para sua sucessão.