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Morre, aos 77 anos, o marqueteiro Duda Mendonça
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Morre, aos 77 anos, o marqueteiro Duda Mendonça

| Luto | Baiano, que simbolizou apogeu das campanhas políticas, morreu em decorrência de um câncer no cerébro
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Brasil, Sao Paulo, SP. 28/08/2007. O publicitario Duda Mendonca da palestra na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em unidade do bairro Liberdade, no centro de Sao Paulo. (Foto: NILTON FUKUDA/ESTADAO CONTEUDO/AE) (Foto: NILTON FUKUDA / AE)
Foto: NILTON FUKUDA / AE Brasil, Sao Paulo, SP. 28/08/2007. O publicitario Duda Mendonca da palestra na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em unidade do bairro Liberdade, no centro de Sao Paulo. (Foto: NILTON FUKUDA/ESTADAO CONTEUDO/AE)

Morreu ontem, aos 77 anos, o marqueteiro Duda Mendonça, responsável por importantes campanhas políticas no País. Ele lutava contra um câncer no cérebro e estava internado no hospital Sírio-Libanês havia mais de dois meses.

Desde a internação, a pedido da família, as informações sobre o estado de saúde dele não eram divulgadas. Casado com Aline Mendonça, ele deixa quatro filhos. Durante o tratamento, Duda foi diagnosticado com Covid-19 e precisou ser intubado.

Baiano de Salvador, Duda Mendonça criou, em 1975, sua primeira agência de publicidade, a DM9, que teve o publicitário Nizan Guanaes como estagiário e, depois, sócio.

O foco no marketing político veio em 1985, com a conta de Mário Kertész, então candidato a prefeito de Salvador. Pouco depois, ajudou a eleger Paulo Maluf para a Prefeitura de São Paulo, ganhando projeção nacional.

A mais famosa das campanhas seria em 2002, quando criou o slogan "Lulinha Paz e Amor" - Lula foi eleito presidente após três tentativas sem sucesso. Duda trabalhou, ainda, com nomes como Miguel Arraes, Ciro Gomes e Paulo Skaf.

Em nota, Lula afirmou que Duda foi "um gênio da comunicação política" e destacou o trabalho do marqueteiro na campanha de 2002. "Em um momento em que o Brasil sofria com uma crise aguda, racionamento de energia e miséria, Duda Mendonça produziu filmes e mensagens de muita sensibilidade."

Responsável pelas campanhas vitoriosas de Lula, em 2006, e de Dilma Rousseff (2010 e 2014), o marqueteiro João Santana, que hoje trabalha para Ciro Gomes, disse que a morte de Duda é "uma perda irreparável" e que o colega de profissão "foi um divisor de águas no marketing político brasileiro".

Para o cientista político e presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipesp), Antônio Lavareda, o publicitário foi "o mago das campanhas na TV".

"Genial, Duda simboliza o apogeu do marketing político da Nova Republica. Com uma política fragmentada que se reflete nas listas povoadas de candidatos nas campanhas e na baixa identificação partidária, a propaganda eleitoral cumpre um papel importante, sobretudo no Brasil, de organizar e posicionar as opções disponíveis para o eleitor", disse o cientista político.

Em 2005, em depoimento à CPI dos Correios, Mendonça confessou ter recebido, por meio de caixa 2, R$ 10,5 milhões pela campanha de Lula. Réu no processo do mensalão, o marqueteiro foi absolvido em 2012 pelo STF. Os ministros concluíram que ele não teria como saber se era ilícita a origem de R$ 10,3 milhões que recebeu em 2002.

Em 2016, Mendonça teve seu nome envolvido na Lava Jato, sob suspeita de ter recebido R$ 10 milhões para campanhas do MDB. Em 2017, citado na delação de executivos da Odebrecht, o marqueteiro assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal. (Agência Estado)

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