Às vésperas do 7 de Setembro, quando estão programados atos no País convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e por seus apoiadores, a defesa da democracia, da harmonia entre os Poderes e de reformas que sustentem a recuperação econômica permeou manifestos, comunicados e declarações de empresários, de instituições bancárias e das cúpulas do Judiciário e do Congresso.
Após vir a público a iniciativa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) - suspensa pelo seu presidente, Paulo Skaf, que adiou a divulgação de um documento que cobra a harmonia entre os Poderes -, empresários mineiros divulgaram anteontem um manifesto destacando que a "ruptura pelas armas, pela confrontação física nas ruas, é sinônimo de anarquia" e "a democracia não pode ser ameaçada, antes, deve ser fortalecida e aperfeiçoada".
Ontem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reafirmou, em nota, o apoio ao manifesto "A Praça é dos Três Poderes", encampado pela Fiesp. A entidade, no entanto, procurou se desvincular das decisões da Fiesp e considerou que o manifesto, "aprovado por governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia, cumprindo sua finalidade".
Intitulado "Segundo Manifesto dos Mineiros ao Povo Brasileiro", documento assinado por representantes de peso da economia mineira diz que "as mudanças estruturais que o Estado brasileiro necessita (e que o povo brasileiro reclama) exigem das lideranças, todas, e daqueles que ocupam cargos e funções nas estruturas produtivas e fornecedoras de serviço e de conhecimento (tanto públicas quanto privadas) uma urgente tomada de posição".
O texto, que não cita Bolsonaro, foi divulgado horas depois de a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) divulgar um outro manifesto com críticas ao Supremo e apoio a temas defendidos pelo presidente. No documento, os industriais mineiros pedem que o STF revise sanções e a possibilidade de desmonetização de sites e portais de notícias acusados em inquéritos contra as fake news, alegando que trata-se de uma luta contra o "cerceamento à liberdade de expressão".
Na abertura da sessão de julgamento da tese do "marco temporal" das terras indígenas, Luiz Fux tratou do tema liberdade de expressão. "Num ambiente democrático, manifestações públicas são pacíficas; por sua vez, a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças. O exercício de nossa cidadania pressupõe respeito à integridade das instituições democráticas e de seus membros", afirmou Fux.
Mais tarde, em resposta, Bolsonaro afirmou que o País "está em paz" e que "ninguém precisa temer o dia 7 de Setembro". "Pretendo ocupar um carro de som na avenida Paulista (em São Paulo) que deverá ter 2 milhões de pessoas. Pelo que tudo indica, será um recorde. O que essas pessoas estão fazendo lá? O que elas estão pedindo? O que elas estão clamando, a não ser aquilo que o ministro Fux disse hoje em sua sessão: não pode haver democracia se não tiver respeito à Constituição", disse o presidente em solenidade no Palácio do Planalto.
Dez dias depois de pedirem uma reunião com Bolsonaro defendendo a pacificação do País e o fim do clima de instabilidade política - sem que tenham recebido resposta -, governadores se reuniram ontem com Pacheco.
Seis chefes dos Executivos estaduais fizeram o mesmo apelo ao presidente do Congresso. "Há um sentimento geral que, a despeito de divergências que existam, nós temos problemas para ontem. Nosso inimigo não está entre nós. Nosso inimigo é o preço do feijão, é o preço da gasolina, da luz elétrica. É o preço dos alimentos de forma geral, que tem sacrificado a população", afirmou Pacheco.
"Não há melhor ambiente do que a democracia. Portanto, esta manifestação dos governadores sem fulanizar, sem especificar, sem agredir, mas preservando sempre esse conceito importante da Nação, que é a preservação do estado democrático de direito, é muito bem recebida pelo Congresso Nacional." (Agência Estado)