Logo O POVO+
Para Barroso, presidente age como um 'farsante'
Politica

Para Barroso, presidente age como um 'farsante'

| Sessão do TSE | Barroso faz discurso duro contra bravatas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral: "Hoje todas as pessoas de bem sabem quem é o farsante nessa história"
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
BARROSO manteve postura do Judiciário de rebater ataques (Foto: Roberto Jayme/ASCOM/TSE)
Foto: Roberto Jayme/ASCOM/TSE BARROSO manteve postura do Judiciário de rebater ataques

Na abertura da sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de ontem, o presidente Luís Roberto Barroso rebateu diretamente às alegações, sem provas, feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante os discursos em manifestações antidemocráticas do feriado de 7 de setembro. O magistrado destacou que não se pode 'permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral' que o País vive.

"A democracia tem lugar para conservadores liberais e progressistas. O que nos une é o respeito à Constituição. A democracia só não tem lugar para quem pretende destrui-la", afirmou na manhã de ontem, antes da nota de Bolsonaro na qual o presidente baixou o tom com o Judiciário.

 Em um discurso duro, assim como fez o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na tarde de quarta-feira, 8, Barroso disse que o País passa por um 'momento grave' e que a 'marca Brasil' sofre uma uma desvalorização global:

"A falta de compostura nos envergonha perante o mundo. Somos vítimas de chacota e desprezo mundial, um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que o desmatamento da Amazônia", afirmou.

Outro fator que aproximou o discurso de Barroso hoje no TSE com o de Fux foi a citação direta a Bolsonaro, que insuflou seus apoiadores contra as instituições do Judiciário e prometeu desrespeitar decisões judiciais que venham a ser emitidas pelo ministro Alexandre de Moraes, integrante das duas cortes. O presidente do STF lembrou que o desacato a ordens da Justiça é crime de responsabilidade, que pode ensejar a abertura de processo de impeachment.

Barroso rebateu enfaticamente as afirmações de Bolsonaro, como a de que ele não poderia 'participar da farsa patrocinada pelo presidente do TSE'. O ministro lembrou que o chefe do Executivo repete, incessantemente, as alegações de supostas fraudes na eleição que o alçou ao Palácio do Planalto, sem ter apresentado nenhuma prova, mesmo quando foi instado formalmente pela corte eleitoral - 'teórica vazia', 'política de palanque', classificou.

O ministro apontou que a live que acabou colocando o presidente na mira de mais um inquérito no STF deve figurar em 'qualquer antologia de eventos bizarros'. "Hoje, salvo os fanáticos, que são cegos pelo radicalismo, e os mercenários, que são cegos pela monetização da mentira, todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história".

Ao rebater as bravatas de Bolsonaro sobre o voto impresso, Barroso sinalizou que a contagem pública manual de votos 'seria um retorno ao tempo da fraude e da manipulação'. "Contagem pública anual de votos é como abandonar o computador e regredir não à máquina de escrever, mas à caneta tinteiro. Se tentam invadir o Congresso Nacional e o STF imaginasse o que não fariam com as sessões eleitorais".

As reações dos ministros têm sido cada vez mais contundentes diante dos ataques incessantes que partem do Planalto. Em agosto, o presidente do STF desmarcou a reunião entre os líderes dos Poderes para selar um acordo de paz, pois, segundo ele, Bolsonaro não está interessado no diálogo e não cumpre com a sua palavra.

Os chefes do Executivo e da mais alta corte do Judiciário estiveram juntos em julho. Na ocasião, o presidente se comprometeu a moderar o discurso e cessar os ataques, mas pouco tempo depois descumpriu o acordo.

Os ataques e ameaças tiveram como efeito a coesão dos magistrados nas respostas a Bolsonaro. Assim que Barroso finalizou o seu discurso, o vice-presidente do TSE, Edson Fachin fez questão de frisar que as palavras dos ministros representam todos os integrantes do tribunal. (Agência Estado)

O que você achou desse conteúdo?