O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou ontem os atos contra o governo ocorridos no último domingo, 12. A apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo afirmou que só uma minoria "digna de dó" foi às ruas e ainda ironizou a presença de presidenciáveis nos atos. "Viram em São Paulo, ontem cinco presidenciáveis aglomerados?", questionou Bolsonaro.
Entre os cotados para disputar o Planalto em 2022, estiveram presentes na Avenida Paulista o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT); o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Porém, ao contrário do que o presidente costuma fazer, todos os presentes nos atos utilizavam máscara, seguindo a recomendação de autoridades sanitárias, exceto nos momentos de discursos.
As manifestações contrárias ao governo ocorreram em 15 capitais, mas com adesão bastante menor em comparação com 7 de setembro, como destacou mais cedo o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Os atos reuniram setores da direita que abandonaram o presidente, como o Movimento Brasil Livre (MBL), e algumas figuras da esquerda, mas parte desse campo resistiu a ir às ruas com ex-bolsonaristas.
Em outro descumprimento às recomendações de especialistas em saúde, o presidente ainda reforçou a apoiadores que não se vacinou contra a Covid-19. "Eu não tomei a vacina e estou com 991 de nível de imunoglobulina G, o IgG, um marcador de anticorpos. Eu acho que peguei Covid de novo e nem fiquei sabendo", acrescentou aos presentes.
Bolsonaro ainda insistiu em sua retórica de que a inflação dos alimentos é culpa da política do "fique em casa" adotada por Estados e municípios durante a pandemia, desprezando, mais uma vez, o efeito cambial do fenômeno e o impacto de questões políticas na alta do dólar.
"As coisas ruins não acontecem de uma hora para outra, a não ser um raio. O Estado é bonzinho, vai dar comida para você, tome isso, tome aquilo. Quando você ver, a água ferveu demais. É assim que começam os regimes de exceção e terminam da forma mais trágica possível, como da Venezuela", declarou o chefe do Executivo, voltando a forçar comparações com o país vizinho. "Se o Brasil tiver aqui um caos, convulsão social, não vai ser diferente de Venezuela".
Reunião
Dez partidos de oposição, do Novo ao PT, vão se reunir amanhã para tentar organizar manifestações conjuntas e amplas pelo impeachment de Bolsonaro