Presidente do PSDB no Ceará, o ex-senador Luiz Pontes ainda não descarta que o senador e amigo Tasso Jereissati venha a concorrer à reeleição no ano que vem, embora o tucano tenha afirmado ao jornal "Metrópoles" que não deve entrar na disputa.
"Acredito que o Tasso possa continuar. Por conhecer o senador, e ele vendo a situação do país, vejo o nome dele como grande para disputar eleição para presidente ou para o Senado", projeta Pontes.
O dirigente, porém, avalia que se trata de "decisão pessoal" do ex-governador do Ceará e que deverá conversar com Tasso para tratar do cenário eleitoral de 2022 e das prévias nacionais do partido, marcadas para novembro, mas cujas inscrições se encerram já na próxima semana.
Ao jornalista Igor Gadelha, Tasso afirmou dias atrás que não deve entrar na briga pela única vaga aberta para o Senado em 2022 no estado. Depois de revés em 2010, o tucano se elegeu em 2014 para oito anos de mandato.
Para Luiz Pontes, contudo, "Tasso tem uma importância maior hoje", num contexto, ele considera, "em que a política já está sem nome, sem liderança, sem pessoas comprometidas com o seu estado".
"Ele é novo, está bem de saúde. Biden está aí", continua o chefe da executiva estadual, comparando o cearense com o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, que tem 78 anos - o senador tem 72.
"Tasso chega no auge de sua vida de homem público agora. O Brasil precisa de pessoas com credibilidade e experiência. Eu quero que ele continue, ele tem muito com que contribuir. Mas, pela primeira vez nessa vida de política ao lado dele, eu entendo as razões dele. Se ele não quiser disputar o Senado, eu entendo", afirma.
Em seguida, diz que "o PSDB precisa se preparar para uma campanha sem Tasso candidato", mas com o tucano como "articulador e coordenador, no sentido de reconstrução do partido".
Entre membros do tucanato local, a percepção é de que, mesmo fora de eventual corrida por renovação de mandato, Tasso terá papel decisivo nos rumos que a legenda tomará no pleito que se avizinha.
A previsão é de que, mantida a disposição inicial de ficar fora da eleição, Tasso participe mais ativamente da organização do partido, como um formulador ou nome de força com qual os quadros mais jovens da legenda podem contar.
Um exemplo é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, muito próximo de Tasso e com quem o cearense vem tendo conversas sobre as prévias da sigla. Nos bastidores, o rumor de que Tasso possa ceder espaço para fortalecer a indicação de Leite como representante social-democrata se tornou mais intenso nos últimos dias.
Recentemente, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, o governador de São Paulo João Doria cometeu gafe ao anunciar que Tasso já estaria fora da disputa das primárias na legenda, mas foi desmentido pelo senador horas depois.
Em manifestação pelas redes sociais, Tasso informou que, caso decida deixar as prévias, ele mesmo cuidará em fazer o anúncio.
Por enquanto, o ex-governador do Ceará tem evitado antecipar que direção vai tomar, mas, como o calendário obriga a que ele se manifeste, é possível que, ainda nesta semana, Tasso tenha de bater o martelo sobre se participa mesmo das prévias ou se sai para apoiar outro nome - no caso, o de Leite, um quadro, conforme avaliação do tucano, com mais condições do que Doria de agregar outras forças nas eleições e chegar ao segundo turno em 2022.
Ainda de acordo com Luiz Pontes, as prévias do PSDB "vão ser um divisor de águas" por sinalizarem os próximos passos não somente dentro da agremiação, mas também entre legendas aliadas com as quais dirigentes tucanos vêm dialogando.
"Acredito que o nome do Tasso ainda possa ser de consenso nesse grupo. Estamos otimistas", aposta o presidente da sigla no Ceará.
Prévias
Além de Tasso, estão pré-candidatos ao Planalto pelo PSDB os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), além de Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus