A pouco mais de um ano das eleições, o ex-senador Eunício Oliveira (MDB) ainda estuda o cenário para 2022 no Ceará. Entre as possibilidades, está a de concorrer ao Governo do Estado pela segunda vez, como já havia admitido ao colunista do O POVO Eliomar de Lima.
À reportagem, o emedebista reafirmou ontem a disposição de entrar na briga pelo Abolição. "Até março, tudo será possível. Não por ninguém, e sim pelo Ceará, gostaria de um debate com Roberto Cláudio", disse, referindo-se ao ex-prefeito e possível candidato ao Governo pelo PDT.
 RC participa de prévias dentro do partido que definirão o representante da legenda na corrida. Os demais cotados são Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa; Izolda Cela, vice-governadora; e Mauro Filho, secretário do Planejamento e Gestão do Governo.
Eunício ainda não bateu o martelo sobre os próximos passos, mas já sinalizou que não deve entrar numa queda de braço direta com o governador Camilo Santana (PT) pela única vaga em disputa para o Senado no ano que vem.
Desse modo, restariam campanhas para deputado federal ou estadual e para o Executivo local, hipótese que tem ganhado mais força nas análises do ex-presidente do Congresso.
Um dos atrativos de pleitear o cargo de governador, segundo ele, seria exatamente medir forças com RC, ex-aliado e hoje desafeto político de Eunício, rompido com o grupo depois das eleições de 2018, quando não se reelegeu senador.
O emedebista atribui a derrota naquele ano a articulações de RC e do setor dentro do PDT ligado a Ciro Gomes, outro com quem Eunício trava uma batalha quase pessoal - num episódio mais recente, arrematou apartamento de Ciro num leilão judicial.
Para 2022, o ex-senador tem calculado cada gesto e avaliado decisões. Caso se lance mesmo ao Governo, como tem ponderado, não descarta apoiar até outro nome num eventual segundo turno em que não esteja presente.
"Quem for para o segundo turno contra os Ferreira Gomes, um apoia o outro", cogitou Eunício, citando expressamente o deputado federal e pré-candidato Capitão Wagner (Pros), mas também quadros do PT.
Principal nome da oposição, Wagner já contou com apoio de Eunício noutra eleição. Em 2020, os dois estiveram perto de selar uma composição, que acabou não se confirmando, para a Prefeitura de Fortaleza.
"Tenho conversado com Wagner, Zé Airton, Luizianne", frisou o emedebista. Uma das reuniões com a ex-prefeita de Fortaleza se realizou na esteira da passagem do ex-presidente Lula pela capital cearense, no mês anterior.
Deputados federais, Luizianne Lins e José Airton Cirilo são defensores de uma candidatura própria do PT ao Governo do Estado em 2022. Têm enfrentado, porém, resistência de setores majoritários da sigla, que postulam uma reedição da aliança entre PT e PDT, agora com a cabeça de chapa ocupada por um trabalhista.
Aos petistas, caberia a vaga aberta para o Senado, cujo concorrente deve ser Camilo, que se dividiria, como fez em 2018, entre o palanque petista e o pedetista na eleição presidencial.
Se se confirmar, a entrada de Eunício na corrida pelo Abolição removeria mais um obstáculo do caminho de Camilo rumo à vaga no Congresso. Hoje senador, Tasso Jereissati (PSDB) já sugeriu, em entrevista ao jornal "Metrópoles" nesta semana, que pode não tentar renovar o mandato no ano que vem.
A decisão do emedebista também engrossaria a lista de candidatos ao Governo, que pode contar ainda com nome do PSDB, conforme informou ao O POVO o presidente da legenda, o ex-senador Luiz Pontes. Segundo ele, o ex-secretário de Saúde Cabeto Martins vem sendo avaliado internamente para a sucessão de Camilo.