O senador Tasso Jereissati deve confirmar hoje inscrição nas prévias do PSDB para escolha do representante do partido nas eleições presidenciais de 2022. O prazo final para registro se encerra nesta segunda, 20.
Estão no páreo, além do cearense, os governadores Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e João Doria, de São Paulo. Corre por fora o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
Cotado como pré-candidato, Tasso pode ceder espaço na disputa e apoiar o nome de Leite, que rivaliza com Doria na queda de braço interna por diretórios estaduais e municipais.
No modelo adotado pela direção do PSDB para a eleição de seu candidato ao Planalto, o voto do político com mandato tem mais peso do que o do filiado sem mandato.
As eleições estão agendadas para 21 e 28 de novembro. Ao menos cinco debates estão marcados para outubro entre os postulantes. Enquanto Doria tenta se cacifar com executivas tucanas e viaja costurando adesões, Leite tem mais trânsito nas bancadas de deputados e senadores, e preferência expressa do diretório de Minas Gerais, que, sozinho, lhe assegura 10% dos votos totais.
Embora tenha se declarado oposição a Jair Bolsonaro depois dos atos do 7 de setembro, o PSDB resiste, na prática, a assumir posição contrária ao chefe do Executivo, principalmente entre deputados federais.
Na Casa, a maioria social-democrata sequer discute possibilidade de impeachment de Bolsonaro, seja por razões estratégicas, seja por discordância aberta. Esses são os votos que podem decidir as prévias da legenda. Abertamente anti-Bolsonaro, Doria deve ter dificuldades para consolidar esses apoios, que migrariam para Leite caso Tasso e Virgílio deixem a corrida.
Nos bastidores, o senador cearense tem admitido a possibilidade de fortalecer a campanha de Leite. Mais experiente, o ex-governador do Estado emprestaria solidez à juventude do governador gaúcho.
Contra Doria, pesa ainda a rejeição alta, atestada em pesquisa do Datafolha dessa semana. Menos rejeitado, com potencial de crescimento e mesmo patamar de intenção de voto de Doria em um dos cenários da sondagem (4%), Leite é visto como político em cujo entorno seria mais fácil agregar outras siglas, como o PDT de Ciro Gomes e o DEM de Henrique Mandetta.
Ambos, Doria e Leite, fizeram campanha abertamente para Bolsonaro em 2018 - em São Paulo, o então prefeito da capital cunhou o slogan "BolsoDoria", colando-se ao candidato a presidente.
Leite também se atrelou a Bolsonaro, elegendo-se na esteira do fenômeno de votos do então candidato do PSL, ainda sem legenda. Hoje, porém, os dois fazem "mea culpa" público sobre a campanha passada, reconhecendo erro e trabalhando como oposição - Doria mais ainda que Leite.
A favor do governador de São Paulo, está o processo de vacinação avançado de São Paulo e a firmeza com que conduziu as ações de combate à pandemia da Covid, colocando-se frequentemente à frente do Governo Federal na aquisição de imunizantes, fator que deve capitalizar durante a campanha. (Henrique Araújo)