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Secretário diz que Wagner prejudicou segurança; deputado rebate: "garganta de aluguel"
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Secretário diz que Wagner prejudicou segurança; deputado rebate: "garganta de aluguel"

| Eleições 2022 | Titular da SSPDS afirma que Wagner estimulou desordem durante motim da PM
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O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Sandro Caron, rebateu críticas do deputado federal e pré-candidato ao Governo do Estado, Capitão Wagner (Pros). Segundo Caron, o parlamentar "prejudicou seriamente a segurança do Ceará".

Ao O POVO, o chefe da SSPDS afirmou ontem que "as facções estavam destruídas, com o estado apresentando a maior redução de homicídios do País", mas "tinha uma eleição pela frente, e tentaram desorganizar a segurança com fins eleitoreiros".

"Aí veio esse movimento criminoso do motim, feito por uma minoria de PMs, que buscou desarticular a segurança, comandado por alguns políticos", disse o secretário, referindo-se à paralisação de policiais em janeiro do ano passado, durante a qual o número de assassinatos explodiu.

Para Caron, que assumiu a SSPDS em setembro de 2020, "Capitão Wagner sabe que estimulou tudo isso". O secretário acrescentou: "Foi uma ação irresponsável e inconsequente que prejudicou os cearenses. Reflitam comigo: que moral tem Capitão Wagner para falar de segurança? A pessoa que mais incentivou motins para desestruturar a segurança do Ceará".

Ainda de acordo com ele, "os homicídios dispararam depois" da paralisação de PMs e "as facções, que estavam esfaceladas, tomaram fôlego e se sentiram mais fortes".

"Hoje estamos tentando recuperar o terreno perdido", justificou, "porque a maioria da nossa Polícia é séria e competente, e vem trabalhando forte para isso. Uma minoria participou desse motim criminoso. Capitão Wagner e comparsas seus sempre estimularam essa desordem".

No último sábado, 18, Wagner, em transmissão nas redes sociais, respondeu a falas do governador Camilo Santana (PT), que, dias antes, havia atribuído à oposição a disseminação de fake news sobre o tema da segurança em sua gestão.

"É fake news ou é verdade que facções mandam no Ceará? É fake news ou verdade que estão expulsando moradores das periferias? A segurança está sob controle do governo ou das facções?", questionou Wagner no fim de semana.

Em seguida, convidou o governador para um debate. "O senhor mostra irritação e depois se esconde. Vamos para um debate, eu e o senhor? Vamos debater saúde, economia, as contas do estado?", declarou.

Procurado nessa terça-feira, 21, o deputado falou que o "governador é estrategista" e que "chama pro ringue e, na hora que vai pro debate, foge, coloca um subordinado".

"O Caron não sabe nem onde fica o Curió", ironizou, citando bairro de Fortaleza com alto índice de criminalidade. "Até então ele não tinha aparecido em nada, foi escalado. O governador fugiu. Faz críticas sem citar nomes nem relatar fatos."

Cotado para o Abolição, Wagner apontou também que, "como aconteceu na eleição de prefeito (em 2020), o governador passou a me atacar" e que "é muito clara a tentativa do secretário de tirar a responsabilidade do estado".

"O secretário é gaúcho e não estava aqui no Ceará na época do movimento. Ele é uma pessoa capacitada, até duas semanas atrás falava comigo de maneira respeitosa. Mas, se for pra ser barriga de aluguel ou garganta de aluguel, comigo não", replicou o parlamentar.

Questionado sobre se o calendário eleitoral não pode contaminar discussão sobre a segurança, antecipando os embates, Wagner avaliou que "o que está antecipando é o descontrole da segurança e a incompetência do estado".

A pouco mais de um ano das eleições, as trocas de ataques entre Caron e Wagner são novo capítulo na corrida eleitoral do ano que vem. Nas últimas semanas, governador e deputado, que já haviam se enfrentado indiretamente um ano atrás, escalaram nas animosidades.

A novidade agora é a entrada na arena do chefe da Segurança Pública do Governo, a quem coube contrapor manifestações do político da oposição cuja base de eleitores está na periferia, com destaque para a categoria policial.

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