O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou ontem que a primeira dama Michelle Bolsonaro foi vacinada contra a Covid-19. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o chefe do Executivo, que se declara não imunizado, ainda voltou a defender o chamado tratamento precoce para o novo coronavírus, algo sem eficácia comprovada pela ciência.
"Minha esposa, nos Estados Unidos, falou comigo se toma ou não toma a vacina. Dei minha opinião, não vou falar qual foi, mas ela tomou a vacina", afirmou o presidente, sem deixar claro, contudo, se o imunizante foi aplicado em solo americano.
Bolsonaro ainda comentou sobre o teste positivo para Covid-19 do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que acabou deixando toda a comitiva presidencial em isolamento até o final de semana. Segundo o presidente, foi ele quem deu a notícia a Queiroga.
"Lamento informar, mas você está infectado. Você vai adotar o protocolo Mandetta, ficar aguardando sentir falta de ar para procurar um socorro, ou vai tomar uma providência?", relatou Bolsonaro, que não quis contar qual foi a reação do ministro da Saúde.
Em seguida, Bolsonaro citou novamente o uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19. "Eu tomei. Se eu me sentir mal, vou tomar de novo", afirmou, reiterando sua defesa do "tratamento off label" a partir de uma negociação entre médico e paciente. O chamado tratamento precoce já foi descartado pela ciência e é considerado uma questão superada pela imensa maioria dos pesquisadores.
O presidente da República ainda disse ter questionado a Anvisa por ter recomendado quarentena a todos da comitiva presidencial após o teste positivo de Queiroga, inclusive vacinados. "Vocês não acreditam na vacina, na ciência?", ironizou Bolsonaro.
Contudo, a vacinação, embora reduza muito a chance de complicações para a doença, não impede totalmente o contágio pelo novo coronavírus, como têm explicado reiteradamente os cientistas. "Quem tem mais chance de transmitir o vírus, eu, atualmente, ou o Queiroga vacinado? Não é uma exceção, é uma realidade", completou Bolsonaro, sem citar estudos científicos para embasar sua afirmação. (Agência Estado)