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"Pátria amada não pode ser pátria armada", diz arcebispo de Aparecida
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"Pátria amada não pode ser pátria armada", diz arcebispo de Aparecida

|SP| "Pátria amada" é o slogan do governo Bolsonaro. Sem citar nomes, Dom Orlando criticou ainda o uso de fake news
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O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, afirmou que
Foto: BRUNO CASTILHO/AE O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, afirmou que "para ser pátria amada não pode ser pátria armada"

O arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, afirmou que "para ser pátria amada (o Brasil) não pode ser pátria armada". A declaração foi feita durante a missa das 9 horas, realizada no Santuário da cidade paulista nesta terça. Sem citar nomes, o religioso também criticou a disseminação de notícias falsas pelo País.

"Para ser pátria amada não pode ser pátria armada. Para ser pátria armada seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentiras e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E a pátria amada com fraternidade", declarou.

O slogan do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é "Pátria amada" e, apesar de não ter sido citado pelo religioso, a bandeira armamentista é uma das pautas de Bolsonaro desde a época em que ainda ocupava cargo de deputado federal. Além disso, Bolsonaro é investigado, no Supremo Tribunal Federal (STF), em inquérito sobre fake news.

Os ministros Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e João Roma (Cidadania) estiveram presentes na celebração. Dom Orlando também lamentou as mais de 600 mil mortes por Covid-19 no Brasil e saiu em defesa da vacina e da ciência, pedindo solidariedade ao "Brasil enlutado" na pandemia.

"Mãe Aparecida, muito obrigado porque na pandemia a senhora foi consoladora, conselheira, mestra, companheira e guia do povo brasileiro que hoje te agradece de coração porque vacina sim, ciência sim e Nossa Senhora Aparecida junto salvando o povo brasileiro", concluiu.

Pela tarde, depois de ouvir críticas sobre a liberação de armas e a condução da pandemia pelo seu governo nas celebrações do Dia da Padroeira, o presidente Jair Bolsonaro tirou a máscara e causou aglomeração no Santuário Nacional de Aparecida. Ele, que já tinha provocado um grande ajuntamento de pessoas na chegada, desfilou com o corpo fora do carro quando saiu do santuário. Parte do grupo, que se espremia nas cercas de segurança, o aplaudiu e chamou de "mito", enquanto um coro menor gritava "lixo". Um chinelo foi arremessado do meio do público, mas não atingiu o presidente.

Bolsonaro assistiu à missa da tarde. Na homilia, à frente do presidente, o padre José Ulysses da Silva, porta-voz do santuário, também fez uma referência indireta à postura armamentista do governo. "Se conseguíssemos abraçar a proposta de Jesus nós seríamos um povo mais desarmado e fraterno", afirmou o padre.

Citando um trecho do evangelho lido por Bolsonaro durante a celebração, o religioso lamentou os mortos pela covid-19 e disse que "a vida é um valor que deve prevalecer sobre todo e qualquer outro valor, sobre nossos interesses políticos, econômicos e até religiosos". Desde o início da pandemia, o presidente sempre se posicionou contra as medidas de isolamento social, alegando prejuízo econômico. Segundo o padre, é graças à solidariedade da população que o País não atravessa uma crise ainda mais violenta. (AE)

 

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