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Aziz diz que CPI não terá relatório "engavetado" e rebate Bolsonaro
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Aziz diz que CPI não terá relatório "engavetado" e rebate Bolsonaro

| SENADO | Relatório da CPI da Covid foi lido ontem e pede indiciamento de Bolsonaro por dez crimes
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Omar Aziz: "quero ver quem vai engavetar mais de 600 mil mortes" (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado Omar Aziz: "quero ver quem vai engavetar mais de 600 mil mortes"

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), rebateu ontem a informação de que Jair Bolsonaro (sem partido) iria "gargalhar" ao saber do relatório final da comissão. O documento, que indicia 68 pessoas, incluindo o próprio presidente da República, foi lido pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) na sessão do grupo dessa quarta-feira.

"Eu não quero crer que o presidente, quando viu o relatório, deu gargalhada. O presidente deu gargalhada da falta de ar, quando mandou uma mãe comprar vacina. Presidente, a gente tem respeito pelo cargo de Vossa Excelência (...) mas pode ter certeza que nós não vamos nos permitir que nenhum cidadão, seja a autoridade que for, ache que pode engavetar esse relatório", disse Aziz.

No relatório apresentado ontem, Bolsonaro é indiciado por nove crimes - que vão desde charlatanismo a crimes contra a humanidade. Outras duas imputações inicialmente estudadas pela CPI, pelos crimes de homicídio qualificado e genocídio de indígenas, foram retiradas do texto após reunião de senadores na última terça-feira, 19.

Ao todo, somando as penas máximas para os crimes previstos no Código Penal Brasileiro imputados a Bolsonaro, a punição pode chegar a 38 anos e nove meses de prisão. O relatório pede que o presidente também responda por crimes contra a humanidade em julgamento do Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda.

Três filhos do presidente - o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) -, ministros e diversos médicos e empresários que apoiam o Planalto também são alvos da CPI, que apura omissões e irregularidades do governo na condução da pandemia de Covid-19.

"As imputações que estão sendo feitas contra a sua administração e contra a sua pessoa são muito sérias. E rir, nesse momento, não creio que seja uma risada de alívio. Pelo contrário: a sua risada é de temor. E a Justiça vem. Vem pelos homens e vem pela Justiça divina", disse Aziz, pouco antes de encerrar a sessão de ontem.

A fala do presidente da CPI ocorreu em reação a declaração de um dos filhos do presidente da República, Flávio Bolsonaro, feita na manhã de ontem. Questionado por um repórter, o senador disse que o pai daria uma "gargalhada" como reação ao relatório final da CPI, que seria uma "piada de muito mau gosto".

"Olha, eu acho que ele receberia [as acusações] da seguinte forma, você conhece aquela gargalhada dele? [Gargalha] Porque não tem o que fazer de diferente disso. É uma piada de muito mau gosto", declarou Flávio.

O próprio Bolsonaro rebateu ontem o relatório da CPI, dizendo não ter culpa de "absolutamente nada". "Como seria bom se aquela CPI estivesse fazendo algo de produtivo para o nosso Brasil. Tomaram tempo do nosso ministro da Saúde, de servidores, de pessoas humildes e de empresários. Nada produziram, a não ser o ódio e o rancor entre alguns de nós", disse o presidente, durante viagem a Russas, no Ceará.

Apresentado ontem por Renan Calheiros, o relatório final dos trabalhos da CPI precisa ainda ser votado pelos membros do grupo, em sessão marcada para a próxima terça-feira, 26. Ainda que seja aprovado, no entanto, os indiciamentos precisariam passar por análise do Ministério Público, que dará a palavra final sobre a possível apresentação de denúncias contra acusados na Justiça.

Integrantes da CPI, no entanto, prometem manter pressão contra o "engavetamento" do relatório mesmo após a aprovação do documento. "Esse relatório, a partir de agora, passar a ser debatido no Brasil. Nas faculdades, nas universidades. Vai servir de tese para muitos mestrados. Ele passar a ser um relatório não da CPI, mas dos mais de 600 mil vítimas brasileiras", diz Omar Aziz. (com Agência Estado) (leia mais na página 8)

 

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