Um dia depois da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, o prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves, que comanda a sigla no Ceará, disse que segue na direção da legenda e que colocou seu nome à disposição para concorrer ao Governo do Estado em 2022.
"Eu estou no comando do partido. Hoje, eu lhe asseguro que tenho poderes constitucionais definidos por lei para representar o partido", afirmou o gestor durante coletiva de imprensa ontem, em Fortaleza.
De acordo com o prefeito, em reunião nesta semana com o presidente nacional da sigla, Valdemar da Costa Neto, defendeu que o PL estabeleça diálogo com o máximo de atores políticos para 2022 e que, caso o partido decida ter candidato próprio, ele está à disposição.
"A única possibilidade de não dialogarmos é o partido ter candidatura própria. Nessa conjuntura, na reunião, eu disse inclusive que colocava o meu nome para ser candidato a governador do Estado do Ceará em 2022", relatou Acilon, aplaudido por prefeitos e vereadores do grupo político da família.
Perguntado sobre a possibilidade de deixar o PL após o ingresso de Bolsonaro e aliados, Acilon disse que tem recebido "ligações de líderes partidários colocando legenda à nossa disposição, mas nenhuma dessas possibilidades foi analisada".
"Até porque", continuou o perfeito, "não houve momento nem necessidade disso porque estamos em defesa do projeto dentro do ninho onde nós estamos".
Ainda conforme o chefe do Executivo do Eusébio, ele tem "a garantia de toda a instância lá de cima (do PL)" de que a legenda deve manter a linha no estado.
Em relação à permanência na base do governador Camilo Santana (PT) e do prefeito José Sarto (PDT), Acilon ponderou que "não há verticalização" e que "é possível haver entendimento de conjunção num plano e outro entendimento em outro", acrescentando: "Não é impeditivo para que possamos traçar dois caminhos distintos".
O prefeito declarou ainda que precisará analisar o quadro "detalhadamente para saber o rumo que iremos tomar no Estado do Ceará", mas não descartou possibilidade de a legenda ter "o mesmo palanque ou palanque divergente, com pessoas apoiando outros candidatos".
Na última terça-feira, 30/11, Bolsonaro assinou a ficha de filiação do PL ao lado do senador Flávio Bolsonaro e de outros seguidores, como o deputado estadual André Fernandes, antes no Republicanos.
Em entrevista ao "Jogo Político", do O POVO, o parlamentar cravou que Acilon deixará a presidência do PL no estado e se colocou como possível nome para sucedê-lo no posto. Também deputada, Silvana Oliveira já havia sugerido o nome do deputado federal Jaziel Pereira, com quem é casada, para a função.
No Ceará, a bancada do PL já vem pressionando o comando nacional da agremiação para substituir seus dirigentes locais, pavimentando o caminho da legenda em 2022 alinhado ao da oposição ao governador Camilo.
Entre os liberais, o desejo é de que o partido apoie a postulação ao Governo do deputado federal Capitão Wagner, hoje no Pros, mas cujo futuro político pode levá-lo também ao PL.
O grupo de Acilon, porém, está disposto a resistir a essas investidas. Com aliados eleitos para as prefeituras de Eusébio, Aquiraz, Beberibe, Cascavel, Itaitinga e Pindoretama, além de dezenas de vereadores, o prefeito tem capital para negociar com Valdemar da Costa Neto os termos de sua permanência na presidência de olho na disputa eleitoral do ano que vem.
Prefeito de Aquiraz, Bruno Gonçalves, filho de Acilon, assegura que o pai "continua à frente do PL", ao menos até que haja entendimento final entre o prefeito e comando federal da sigla.
"Iremos esperar posicionamento do presidente nacional do partido para saber até que ponto somos importantes para esse novo momento que ele criou no PL", explicou Gonçalves. "Vai depender dele para saber a direção que vamos tomar. Antes do presidente nacional tomar qualquer posição, vamos continuar exercendo nosso trabalho."
Para o prefeito, no entanto, as chances de o grupo político capitaneado por Acilon deixar a aliança do govenador Camilo e do PDT são "muitíssimo remotas". (leia mais em ÉRICO FIRMO, página 8)