Em reunião realizada nesta terça-feira, 14, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as associações militares do Estado, a CPI do Motim, aprovou dois requerimentos parlamentares que solicitam cópias de documentos comprobatórios de transações financeiras das organizações.
O deputado Elmano Freitas (PT), relator da comissão, solicitou cópia da conciliação bancária das entidades de 2017 a 2021. Enquanto isso, Marcos Sobreira (PDT) pediu o relatório de inteligência financeira (RIF) das entidades e das pessoas físicas vinculadas as associações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O objetivo do colegiado é investigar o destino dos recursos recebidos por essas organizações e se elas têm relação com o motim de policiais militares em fevereiro de 2020 no Ceará. “No decorrer da CPI averiguamos que há indícios de transações com grandes volumes financeiros, tanto em cheque, como em espécie ‘na boca do caixa’, além de transferências das associações para pessoas físicas”, explica Sobreira.
De acordo com o parlamentar, a solicitação do relatório do Coaf tem objetivo de esclarecer informações sobre essa movimentação financeira. “Quem sacou dinheiro, qual o volume? Qual a origem desse recurso?”, são os questionamentos feitos pelo colegiado, indica.
Sem dar mais detalhes, Sobreira afirma que foram solicitadas ao órgão federal informações de dez pessoas físicas, estas ligadas as associações e até a mandatos políticos. A medida foi aprovada por unanimidade na comissão e o prazo estabelecido para fornecimento das informações é de dez dias, mas é preciso considerar possíveis pedidos de adiamento.
O deputado adianta que os trabalhos da comissão podem ter continuidade somente após o recesso parlamentar, principalmente porque as próprias associações têm pedido adiamento de prazo para entrega das informações solicitadas. “Se a gente receber essa documentação, ainda haverá reunião na próxima semana”, pondera.
“Tem muita documentação pendente de ser entregue à CPI. Depois disso, [que as informações forem entregues] teremos embasamento real para próximos encaminhamentos”, resume.
Na última terça-feira, 7, o colegiado decidiu prorrogar por 120 dias os trabalhos da comissão. O grupo começou as investigações em agosto deste ano para apurar se recursos de associações ligadas a agentes de segurança do Ceará ajudaram a financiar atos do motim de policiais em fevereiro de 2020.
Durante a reunião dessa terça-feira, chegaram à comissão 13 ofícios com respostas às solicitações feitas pela CPI, de entidades como a Associação das Esposas dos Policiais do Estado do Ceará (Assepec), Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece), Associação dos Oficiais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará e Associação dos Profissionais de Segurança (APS).