Ex-apoiadores em diferentes níveis do presidente Jair Bolsonaro (PL), o executivo Geraldo Luciano e a filósofa Catarina Rochamonte foram filiados nessa sexta-feira, 17, ao Podemos do pré-candidato à Presidência Sergio Moro. O evento de boas-vindas mostrou como a base do ex-juiz federal começa a se mobilizar no Ceará. E como ela, assim como a bolsonarista, se fecha em torno do pré-candidato ao Governo Estadual, Capitão Wagner (Pros).
O principal entusiasta local da candidatura Moro, o senador Eduardo Girão (Podemos), afirmou que ele tem visita planejada ao Ceará. Deve passar não só por Fortaleza como por Juazeiro do Norte. O congressista defendeu o ex-ministro como uma grande possibilidade de furar a polarização no momento estabelecida entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário.
Questionado sobre como votará em caso de segundo turno entre o líder petista e o capitão da reserva do Exército, Girão esquivou-se e disse confiar na presença do protagonista da operação Lava Jato no segundo turno. Catarina disse que anularia o voto.
Moro, o "ilustre ausente" da noite, na definição bem-humorada de Geraldo Luciano, saudou os novos filiados numa aparição em vídeo gravado. "O Geraldo é um executivo bem-sucedido. Eu tenho certeza que ele vai trazer para o mundo da política aquele espírito dinâmico, aquele espírito empreendedor. E vai repetir o sucesso que ele teve no setor privado", elogiou.
Sobre Catarina, Moro disse que é preciso ler o que ela escreve semanalmente na Folha de S. Paulo, onde filósofa é colunista, pois faz "um diagnóstico preciso do que acontece no País." O pré-candidato afirmou que Rochamonte é o perfil que ele deseja para compor os quadros do Podemos.
Diferentemente de Luciano, que apenas disse que a hora de entrar na política institucional se aproxima, sem dizer por qual caminho, Catarina é pré-candidata a deputada federal.
Ela diz que nunca foi apoiadora do atual presidente, embora tenha votado nele em 2018 contra o que julgou "algo pior" e, na sequência, observado com algum ânimo o início da composição ministerial. "Os meus textos eram meio críticos e, de vez em quando, dizia que tinha alguma coisa boa no governo. Eu passei a ser oposição mesmo na pandemia (...) quando ele falou da questão da 'gripezinha'."
Capitão Wagner recebeu elogios de Gerado Luciano, para quem o deputado federal tem todas as condições e qualidades para governar o Ceará. "Não é o discurso da segurança, pelo contrário, é uma pessoa que discute qualquer tema", salientou o empresário.
Geraldo Luciano ainda afirmou que Wagner e Girão são "exemplos de correção e seriedade", encerrando o discurso com uma indireta aos irmãos Ciro, Cid Gomes. "Capitão, Polícia Federal longe daqui, né?", ironizou. Foi uma referência à operação que apura suposta propina em troca de favorecimento à empreiteira Galvão Enganharia para executar as obras no Castelão.
Diante das diferenças no plano nacional, com Wagner bolsonarista e Girão, morista, ambos colocam a disputa estadual em primeiro plano. "Minha pátria é o Ceará", disse Wagner. Para Girão, prioridade é derrotar a "oligarguia", como definiu a família Ferreira Gomes, que vence eleições no Ceará desde 2006. (colaborou Rose Serafim)