Com desemprego e inflação em alta, aumento no número de pessoas passando fome, a situação econômica do atual governo se tornou um terreno fértil a ser aproveitado pela comunicação do ex-presidente Lula (PT) nas redes sociais. A comparação entre os períodos dos dois governos tem sido vantajosa para o petista, que tem exaltado seus feitos e mantido a comparação com a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Pesquisa da Genial/Quaest, divulgada no início de dezembro, apontou que, na perspectiva dos brasileiros, a economia é o principal problema enfrentado hoje pelo País. O tema foi citado por 41% nas duas mil pessoas entrevistadas pelo instituto, ficando à frente de pandemia, mencionado por 19%, e questões sociais (14%). O assunto agrega desemprego e inflação. Enquanto isso, a corrupção, que norteou a última eleição nacional, foi lembrada por 10%.
No último dia 17, por exemplo, a equipe do petista fez post comparativo do poder de compra durante o governo de Lula e de Bolsonaro. As imagens dos dois políticos aparecem junto a um carrinho de compras de supermercado cheio, quando a compra de alimentos é uma das maiores dificuldades atuais no Brasil.
O responsável por tocar a comunicação do petista desde o meio de 2021 é Franklin Martins, ex-secretário de Comunicação Social do governo (2007-2010). Gleisi Hoffmann confirmou que a economia popular é pauta discutida no partido há tempos. Segundo a presidente do PT, a memória do governo de Lula, que deixou o poder em 2010, ainda é viva para a população.
"As pessoas têm lembrança do legado do Lula, as pessoas lembram que era uma época que tinha emprego, renda, comida, oportunidade para as pessoas. Isso está vivo na memória do povo, de uma parte grande da população. O que nós temos hoje é uma economia totalmente acabada no Brasil, sem perspectiva, sem um projeto de desenvolvimento, que não responde às necessidades que estão aí", afirmou Gleisi.
Outra prioridade da campanha Lula 2022 são os jovens. Uma pesquisa do Ipec, lançada em outubro passado, mostrou que 45% dos eleitores entre 16 e 34 não cogitam apoiar a reeleição de Bolsonaro. O grupo afirma preferir votar em qualquer outro candidato, independentemente das convicções partidárias.
No início deste mês, Lula foi entrevistado pelo podcast Podpah, que tem 4,6 milhões de seguidores no Youtube e 80% do público formado por pessoas entre 18 e 34 anos. Dados do podcast mostram que a conversa chegou a ter 292.325 visualizações simultâneas, a maior audiência já registrada pelo canal.
Na semana passada, o ex-presidente também participou do 5º Congresso Nacional da Juventude do PT, onde falou sobre a necessidade de dizer para o jovem que "ser rebelde é ter ação, é se movimentar", escolhendo pessoas que "tenham compromisso com o povo brasileiro", para "mudar definitivamente o País".
No podcast e nas redes sociais, o pré-candidato também tem falado sobre a importância da formação do Congresso Nacional. A orientação, segundo Hoffmann, é usar a candidatura presidencial para também estimular a eleição de deputados e senadores.
"As mudanças importantes, grande parte delas, passarão pelo Congresso. É preciso realmente ter gente que tenha compromisso com o projeto de País, de desenvolvimento e compromisso com essa economia do povo", afirmou a presidente. Atualmente, a esquerda é minoria tanto na Câmara de Deputados quanto no Senado. (Rose Serafim com Agência Estado)
Podcast
A presença de Lula no Podpah gerou ainda conteúdo para o ex-presidente levar à sua base. A equipe de comunicação produziu "cards" com frases que o petista havia durante na entrevista