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"Estou morrendo. A coisa está ruim", disse Bolsonaro antes de internação
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"Estou morrendo. A coisa está ruim", disse Bolsonaro antes de internação

| SAÚDE | Presidente teve alta ontem. Médico disse que paciente teria morrido se vomitasse o líquido do suco gástrico
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Bolsonaro postou foto com equipe do hospital, ao anunciar alta (Foto: REPRODUÇÃO / TWITTER / JAIR BOLSONARO)
Foto: REPRODUÇÃO / TWITTER / JAIR BOLSONARO Bolsonaro postou foto com equipe do hospital, ao anunciar alta

O presidente Jair Bolsonaro deixou ontem o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após ficar dois dias internado para tratar o problema de saúde. Ele estava hospitalizado desde a madrugada de segunda-feira, 3, com obstrução no intestino. O cirurgião Antônio Luiz Macedo interrompeu as férias nas Bahamas para atender o presidente. O médico é o mesmo que operou o presidente após a facada, em 6 de setembro de 2018, durante a campanha eleitoral. Em entrevista ao jornal O Globo, ele relatou como o presidente informou que estava passando mal.

"Ele me ligou chorando de dor. Falou: 'Estou morrendo, Macedo. A coisa está ruim'", contou o médico. O cirurgião disse que orientou o presidente a se internar imediatamente no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, e ligou para o diretor da unidade, para providenciar o atendimento.

Macedo chegou das Bahamas no dia seguinte à internação de Bolsonaro. "Quando cheguei, analisei a tomografia, os exames de sangue e toquei na barriga dele. Quando apalpei, vi que o intestino não estava rasgando e estava mais molinho. Foi muito bom. Porque qualquer cirurgia que for feita nessa região dificilmente vai durar menos de 12 horas."

Bolsonaro relatou que começou a passar mal no domingo, 2, após o almoço em São Francisco do Sul (SC), onde estava de folga desde o dia 27 de dezembro. Devido ao desconforto abdominal, o presidente deixou o litoral catarinense de helicóptero em direção a Joinville na madrugada de segunda. De lá embarcou para São Paulo com a comitiva presidencial. Na capital paulista, ficou internado no Vila Nova Star, na Zona Sul da cidade. "A dor é pavorosa. É como alguém bater com um martelo na barriga com força. O presidente é forte", disse o médico sobre os sintomas.

O chefe do Executivo havia dado entrada no Vila Nova Star pela última vez em julho de 2021, quando sentiu dores abdominais, assim como desta vez, e ficou quatro dias no hospital. Na ocasião, também não precisou ser operado. O presidente já realizou seis cirurgias em decorrência da facada sofrida em 2018 em Juiz de Fora, Minas Gerais, durante a campanha eleitoral daquele ano.

Macedo disse que a obstrução de Bolsonaro foi menos grave que a de seis meses atrás, mas não deixou de envolver risco de morrer. "Foi menos grave. Ele se recuperou rapidamente. Mas não existe pequena obstrução no caso do presidente. O intestino está todo colado na parede devido a vários fatores. A própria facada, as cirurgias, os sangramentos e infecções já ocorridos. É sempre perigoso, portanto. Na hora que passamos a sonda nele, saiu um litro de suco gástrico do estômago. Se ele vomitasse o líquido entrava nos pulmões e ele morria."

De volta a Brasília, Bolsonaro terá de seguir uma dieta especial durante uma semana e realizar caminhadas, sem esforço físico "intenso". "Ele está curado e pronto para o trabalho", informou Macedo.

Presidente passou mal por não mastigar camarão, diz médico

O médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que acompanha Jair Bolsonaro (PL) desde a facada sofrida em 2018, disse que "camarão não mastigado" causou a obstrução intestinal no presidente.

"Eu não almoço, eu engulo. Tinha uma peixada, uns camarõezinhos também. Aí eu mastiguei o peixe e engoli o camarão. Foi isso que aconteceu", disse Bolsonaro durante entrevista coletiva após receber alta no hospital, na manhã de ontem.

Macedo, então, confirmou o motivo da obstrução intestinal e deu mais detalhes. "O camarão não foi mastigado, é o que ele está explicando. A gente pede para todos os clientes fazerem o que a gente faz: mastigar 15 vezes cada garfada", afirmou.

De acordo com o próprio Bolsonaro, ele começou a passar mal no domingo, 2, após o almoço em São Francisco do Sul (SC), onde estava de folga desde o dia 27 de dezembro. Devido ao desconforto abdominal, o presidente deixou o litoral catarinense de helicóptero em direção a Joinville na madrugada de segunda. De lá embarcou para São Paulo com a comitiva presidencial. Na capital paulista, ficou internado no Vila Nova Star, na Zona Sul da cidade.

"Eu não consigo me controlar. Ele [médico Macedo] recomendou não comer pastel nem tomar caldo de cana", exemplificou Bolsonaro durante a coletiva. "Vou tentar seguir as recomendações dele", acrescentou.

Macedo afirmou que o chefe do Executivo pode voltar a ter obstruções intestinais no futuro. O cirurgião disse que não foi necessário operar Bolsonaro porque o estômago do presidente respondeu bem ao uso da sonda nasogástrica. O instrumento, segundo o médico, permitiu a saída de grande volume de líquido. Com isso, o estômago do presidente foi esvaziado e o movimento intestinal se normalizou.

Segundo Macedo, a cirurgia, que foi descartado, poderia acarretar novas complicações no quadro de saúde do presidente. "Vamos conseguir nos próximos 20, 30 anos manter [Bolsonaro] desse jeito", disse o médico. (Da Agência Estado)

"É maldoso quem fala que eu estou de férias"

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem, após receber alta hospitalar, que é maldoso dizer que ele estava de férias. Ele se internou com dores no abdômen em São Francisco do Sul (SC), onde passou Réveillon.

"O presidente não tem férias. É maldoso quem fala que eu estou de férias. Eu dou minhas fugidas de jet ski. Dou lá um cavalos de pau em um carro no Beto Carrero", disse Bolsonaro, durante entrevista no hospital paulistano.

A passagem do presidente pelo litoral catarinense foi marcada por passeios de moto aquática e uma visita ao parque temático Beto Carrero World. O chefe do Palácio do Planalto foi criticado por não ter ido sobrevoar as regiões da Bahia afetadas por fortes chuvas, que causaram mais de 20 mortes e deixaram milhares de pessoas desabrigadas. Ele chegou a São Francisco do Sul em 27 de dezembro, depois de ter passado o Natal no Guarujá (SP).

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