A articulação para que o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) seja vice na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido alvo de críticas públicas de integrantes do PT e potenciais aliados. Opositores da dobradinha argumentam que o ex-tucano e ex-governador de São Paulo contraria o programa defendido historicamente pelo PT.
O avanço das negociações em torno da sigla motivou, ainda, filiados a organizarem um abaixo-assinado pedindo a escolha de outro nome para a vice na disputa pela Presidência.
A petição cobra que a cadeira de vice na chapa de Lula seja ocupada por alguém sem nenhuma ligação com o que eles chamam "golpismo" e neoliberalismo. O presidente do PT de São Paulo, Luiz Marinho, disse na semana passada que Alckmin precisa se mostrar "engolível" e passar a "falar diferente" se quiser ser vice de Lula.
O ex-tucano e o petista têm um histórico de divergências que remonta de décadas, sendo que ambos já trocaram críticas e acusações publicamente um contra o outro. "Ele tem de saber que estará defendendo um projeto que tem CPF, tem lado, tem CNPJ. Ele tem de se tornar engolível. É disso que se trata", afirmou Marinho.
O deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente da legenda, disse considerar a presença de Alckmin na chapa como uma "contradição" a tudo o que o PT já fez ou pretende fazer. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o parlamentar afirmou que Lula não precisa de uma "muleta eleitoral". O principal objetivo de uma aliança com o ex-tucano é atrair o voto de eleitores mais ao centro e à direita.
A possível dobradinha é alvo também de potenciais aliados do PT. Guilherme Boulos, do Psol, disse que considera um "mau sinal" que Lula esteja em tratativas com o ex-tucano. "Eu fui professor na rede estadual quando Alckmin era governador: um desastre", afirmou. As declarações foram feitas à Globonews.
O presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, também fez críticas ao acordo e disse em dezembro que avalia ser um "erro" a possível presença de Alckmin na chapa do líder petista. Segundo Juliano Medeiros, a dobradinha não faria sentido devido ao histórico do ex-tucano, que sempre se contrapôs aos candidatos de esquerda nas eleições das quais participou.
Alckmin disputou o segundo turno da eleição presidencial de 2006 contra Lula. À época, o petista descreveu a candidatura do então postulante do PSDB como "um projeto de desmonte". (Agência Estado)