Cientista político, Rodrigo Prando pondera que, embora o regime democrático comporte posições antagônicas, "existem debates e debatedores que não devem ter espaço porque não estão ali para o debate, estão para firmar posições e valores".
De acordo com ele, numa democracia "o debate é importante e fundamental", e "é possível debater com campos diferentes, como conservadores, reacionários e monarquistas".
"Agora", continua, "desde que estejam todos dentro do campo da legalidade. Discutir com nazista não é um debate dentro do campo da legalidade porque ele é contra a lei".
Questionado sobre o episódio envolvendo o youtuber Monark e o jornalista Adrilles Jorge, o pesquisador afirma que se trata de uma situação "em que o debate ou a chamada tolerância acabam assumindo aquilo dito por Karl Popper, de tolerar os intolerantes".
"E eles vão ganhando corpo e poder a fim de tentar uma investida contra a sociedade, a democracia e os valores que são tão caros à humanidade", conclui.
Docente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Vitor Sandes reconhece ganhos na confrontação de posições divergentes, mas ressalta que, no caso de Monark, "ultrapassou-se o limite de discutir dentro de uma linguagem democrática".
"A questão é que se ultrapassou o limite do debate para justificação do autoritarismo e do genocídio. A democracia precisa de diálogo, conflito e convencimento", diz, mas é necessário "entender que liberdade de expressão não é agredir o outro ou expressar preferências que são claramente antidemocráticas e podem gerar ações que são também antidemocráticas".
Pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cleyton Monte avalia que o "que a gente está vendo agora são figuras que estão se apresentando e fazendo apologia ao nazismo, mas acredito que isso não invalida a participação de figuras da esquerda" nesses espaços.