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Rússia inicia ataque à Ucrânia
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Rússia inicia ataque à Ucrânia

Depois de semanas de uma tensão crescente e de reconhecer na segunda-feira a independência dos territórios rebeldes do leste da Ucrânia, o presidente russo passou à ação em uma inesperada mensagem televisionada
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Vladimir Putin, presidente da Rússia (Foto: Alexander NEMENOV / AFP)
Foto: Alexander NEMENOV / AFP Vladimir Putin, presidente da Rússia

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta quinta-feira (24) uma "operação militar" na Ucrânia, onde foram registradas explosões em várias cidades, inclusive na capital, Kiev, em um desafio aos apelos internacionais para evitar uma guerra, que causou a indignação do presidente americano, Joe Biden.

Pouco após o anúncio, feito no meio da madrugada pelo líder do Kremlin, fortes explosões foram ouvidas em Kiev, na segunda cidade ucraniana, Kharkov, no porto de Odessa, no Mar Negro, e em cidades do leste da Ucrânia, como Mariupol e Kramatorsk, próximas à linha de frente com os separatistas pró-russos.

"Putin lançou uma invasão em larga escala da Ucrânia. Cidades pacíficas ucranianas estão sob ataque", tuitou o chanceler ucraniano, Dmytro Kubela. "É uma guerra de agressão. A Ucrânia vai se defender e vencer. O mundo pode e deve frear Putin. A hora de agir é esta", acrescentou. 

Depois de semanas de uma tensão crescente e de reconhecer na segunda-feira a independência dos territórios rebeldes do leste da Ucrânia, o presidente russo passou à ação em uma inesperada mensagem televisionada pouco antes das 06h locais (00h de Brasília).

"Tomei a decisão de uma operação militar", declarou Putin, após denunciar um "genocídio" orquestrado pela Ucrânia no leste do país.

Putin assegurou que não se trata de uma operação de "ocupação", mas de uma "desmilitarização da Ucrânia", e pediu aos soldados do país vizinho que deponham as armas, enquanto prometeu retaliar quem interferir na operação russa no país vizinho.

As reações ao discurso não tardaram. O presidente americano, Joe Biden, assegurou que "o mundo responsabilizará a Rússia" pelo ataque à Ucrânia, que ele descreveu como "injustificado".

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também denunciou o "ataque irresponsável e não provocado da Rússia à Ucrânia, que põe em risco incontáveis vidas civis" e anunciou uma reunião dos aliados para abordar as "consequências" desta ação.

O chefe das Nações Unidas, António Guterres, que pouco antes da fala de Putin tinha lhe pedido publicamente para não enviar tropas russas à Ucrânia, afirmou em seguida que o conflito "deve parar".

A mensagem de Putin veio horas depois de o Kremlin afirmar ter recebido um pedido de ajuda de separatistas pró-Rússia para "se contrapor" ao exército ucraniano.

Ao longo do dia, a Ucrânia mobilizou seus reservistas de 18 a 60 anos, aprovou um estado de emergência e anunciou que havia sido vítima de um novo ataque cibernético maciço.

"Quase 200 mil soldados russos" estão posicionados na fronteira com a Ucrânia, disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, nesta quarta em um discurso à nação, alertando que a situação poderia levar a "uma grande guerra na Europa".

O presidente russo, Vladimir Putin, está "tão pronto quanto possível" para uma invasão em larga escala da Ucrânia, com "quase 100% do conjunto de forças que calculamos que ele poderia mobilizar" para invadir o país, disse um alto funcionário da Defesa dos Estados Unidos sob condição de anonimato.

Na quarta-feira, o Parlamento ucraniano aprovou por ampla maioria o estado de emergência proposto por Zelensky e pelo secretário de Segurança e Defesa, Oleksii Danilov.

"Estamos unidos na convicção de que o futuro da segurança europeia está sendo decidido neste momento em nossa casa, na Ucrânia", disse Zelensky durante uma coletiva de imprensa.

A Rússia começou a retirar seu pessoal diplomático da Ucrânia, informou a embaixada à AFP nesta quarta-feira. Os Estados Unidos, por sua vez, já tinham decidido na semana passada transferir sua embaixada de Kiev para Lviv, no oeste do país.

Enquanto isso, a União Europeia (UE) anunciou nesta quarta sanções contra o ministro da Defesa e os comandantes militares russos, o chefe de gabinete do Kremlin, o ministro do Desenvolvimento Econômico e a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores por seu papel no reconhecimento de independência nas regiões separatistas ucranianas.

As sanções publicadas no Diário Oficial da UE consistem no congelamento de bens e proibições de vistos contra os afetados.

Biden, por sua vez, anunciou na quarta sanções contra a empresa encarregada da exploração do gasoduto Nord Stream II, que liga a Rússia à Alemanha. A medida foi anunciada depois que a Alemanha anunciou na terça-feira que suspenderia este polêmico gasoduto.

Na véspera, os Estados Unidos já tinham tornado públicas as medidas contra bancos e oligarcas russos.

No entanto, estas medidas são consideradas modestas em comparação com as podem desencadear a operação militar desta quinta-feira.

Na segunda-feira, Putin reconheceu a independência das "repúblicas" separatistas de Donetsk e Lugansk e questionou a própria legitimidade da existência da Ucrânia. Um dia depois, a Câmara alta russa deu luz verde para o envio de forças russas para a Ucrânia.

Kiev vem lutando há oito anos contra os separatistas no leste do país, um conflito que já deixou mais de 14 mil mortos.

Muitos temem que a crise possa culminar no pior conflito na Europa desde 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial.

Uma ofensiva russa pode desencadear uma "nova crise de refugiados" com até cinco milhões de pessoas deslocadas, alertou nesta quarta a embaixadora americana na ONU em Nova York.

Monumento à independência em praça no centro de Kiev, em 23 de fevereiro de 2022
Monumento à independência em praça no centro de Kiev, em 23 de fevereiro de 2022

Biden diz que ataque russo à Ucrânia "causará perdas e sofrimento humanos catastróficos"

O presidente dos Estados Unidos denunciou nesta quinta-feira (24) o "ataque injustificado" da Rússia contra a Ucrânia, depois que seu colega russo, Vladimir Putin, anunciou uma "operação militar" em defesa dos separatistas no leste daquele país.

"O presidente Putin escolheu (iniciar) uma guerra premeditada que causará perdas e sofrimento humanos catastróficos", disse Joe Biden em comunicado. A Rússia "é responsável pela morte e destruição que este ataque causará", insistiu.

Casa Branca diz que Biden não deve mandar tropas à Ucrânia

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou nesta quarta-feira, 23, que o presidente dos EUA, Joe Biden, não deve mandar tropas para lutar na Ucrânia contra a Rússia. "Não iremos em uma guerra com a Rússia, em nenhum cenário", destacou em coletiva de imprensa.

De acordo com Psaki, o país vai escolher seguir o caminho das sanções. "Biden fará o necessário para reduzir o impacto das sanções nos custos de energia", destacou. Segundo ela, o presidente pode considerar liberar reservas de petróleo.

Além disso, segundo ela, os EUA estão monitorando ataques cibernéticos da Rússia contra Ucrânia. De acordo com Psaki, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não esperava que os EUA tinham tantas informações e coordenação com outras potências.

Quando perguntada se as sanções serão efetivamente eficazes para fazer com que a Rússia recue, Psaki disse que "essa decisão quem deve tomar depende de Putin".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na terça-feira que as últimas decisões russas equivalem ao "início de uma invasão", mas acrescentou que "ainda há tempo para evitar o pior".

Washington e seus aliados ocidentais impuseram sanções em resposta ao reconhecimento dos separatistas contra quem Kiev luta há oito anos, um conflito que já deixou mais de 14 mil mortos.

A embaixadora dos Estados Unidos na Assembleia Geral da ONU em Nova York alertou que uma invasão russa da Ucrânia pode gerar uma "nova crise de refugiados" com até cinco milhões de pessoas deslocadas.

"Se a Rússia continuar nesse caminho, pode — de acordo com nossas estimativas — criar uma nova crise de refugiados, uma das maiores do mundo hoje", disse a embaixadora Linda Thomas-Greenfield.

 

ONU

Conflito entre Rússia e Ucrânia "deve parar", cobra diretor-geral da ONU.

Medidas

Sanções impostas à Rússia não são suficientes, disse, antes do anúncio da operação, o ministro ucraniano na ONU

Refugiados

Antes mesmo da invasão, países da União Europeia vizinhos da Ucrânia se preparavam para fluxo de centenas de milhares ou até de milhões de refugiados

Ataque

A Ucrânia sofreu na quarta-feira ataque cibernético em massa, que afeta os principais sites do governo, anunciou ontem o vice-primeiro-ministro do país, Mykailo Fyodorov

Ucrânia já acelerava preparativos contra ataque

Antes mesmo do anúncio da operação por Moscou, a Ucrânia declarou ontem, estado de exceção e mobilizou os reservistas para o risco de o presidente russo, Vladimir Putin ordenar uma invasão ao país.

O vice-primeiro-ministro ucraniano, Mykailo Fyodorov, informou que o país já estava sofrendo um novo ataque cibernético em massa contra seus sites oficiais.

Um ataque cibernético em larga escala contra a infraestrutura estratégica da Ucrânia é um dos cenários mencionados como prenúncio de uma ofensiva militar.

Horas antes, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que "o futuro da segurança europeia" será decidido na Ucrânia, em um momento em que 150 mil soldados russos estão mobilizados em suas fronteiras, segundo informações dos Estados Unidos.

A Ucrânia respondeu à escalada russa ordenando a mobilização de reservistas de 18 a 60 anos e pediu aos cidadãos ucranianos na Rússia — cerca de três milhões de pessoas, segundo algumas estimativas — para saírem desse país "imediatamente".

O Conselho de Segurança da Ucrânia pediu ao Parlamento para declarar estado de exceção "em um prazo de 48 horas", para "reforçar a proteção" da ordem pública e as infraestruturas estratégicas.

Em Kiev, capital da Ucrânia, os habitantes não abandonaram sua rotina. Mas desde a terça-feira passada, de hora em hora, os alto-falantes tocam o hino nacional ucraniano na enorme praça Maidan.

Muitos temem que a crise possa culminar no pior conflito na Europa desde 1945, quando terminou a II Guerra Mundial.

A ofensiva russa pode desencadear uma "nova crise de refugiados" com até 5 milhões de pessoas deslocadas, alertou a embaixadora americana na ONU em Nova York, nesta quarta-feira. (AFP)

Rússia diz que separatistas ucranianos pediram ajuda

O governo russo afirmou nesta quarta-feira (23) que líderes de regiões separatistas no leste da Ucrânia pediram "ajuda" ao presidente Vladimir Putin para "combater a agressão" dos militares ucranianos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk "pedem ajuda ao presidente da Rússia para combater a agressão das forças armadas ucranianas".

A declaração foi divulgada por agências de notícias estatais russas.

Países ocidentais acusam Moscou de preparar uma ofensiva militar contra seu vizinho, depois que a Rússia posicionou cerca de 150.000 soldados na fronteira.

Peskov disse que Putin recebeu uma carta dos chefes das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, que ele reconheceu como independentes nesta semana.

"As ações do regime de Kiev testemunham a falta de vontade de acabar com a guerra em Donbass", disse Peskov citando a carta.

Também acrescentou que os líderes das repúblicas separatistas solicitaram a ajuda de Putin "com base" nos tratados de amizade que assinaram com Moscou nesta semana.

Esses acordos abrem as portas para a presença do exército russo em seu território. (Da AFP)

 

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