No fim da última semana, o ex-ministro Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, visitou Fortaleza para participar do encontro estadual do partido. Bem cedo na manhã de sexta-feira, antes de encontro com o governador Camilo Santana (PT), ele abriu espaço na agenda para conversar com O POVO no hotel Gran Marquise.
Sobre o Ceará, ele considera natural que o candidato a governador seja definido pelo atual ocupante do cargo, Camilo Santana (PT), junto do senador Cid Gomes (PDT). A candidatura ao Senado ele considera prerrogativa de Camilo. Por exclusão, ele entende natural que o PSD ocupe a vaga. O partido é hoje o terceiro em número de prefeituras do Ceará — atrás justamente de PDT e PT. Com possibilidade de isso mudar nesta janela partidária. O nome para a função seria o do ex-vice-governador Domingos Filho.
No plano nacional, o PSD terá candidato a presidente. Caso deseje concorrer, a vaga é do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Se não, a alternativa é o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
O POVO - Como está a situação do PSD no Ceará? O partido é da base governista, onde há uma parte que apoia Lula, outra apoia Ciro Gomes. Como está o PSD aqui no Estado?
Gilberto Kassab - Aqui no Ceará, o partido está muito bem conduzido pelo nosso sempre vice-governador, ex-deputado, grande líder político do Estado, Domingos Filho, com resultados extraordinários ao longo dos últimos anos de fortalecimento do partido. O PSD está preparado este ano para se consolidar como um dos maiores partidos do Ceará e tenho plena convicção de que a aliança liderada pelo Domingos Filho junto com o governador, junto com Cid Gomes, é uma aliança que trará mais uma vez bons resultados — seja eleitorais, seja políticos — para o Estado do Ceará. É uma aliança que não está concluída ainda, até porque uma aliança se fecha nas convenções. Mas, eu tenho muita convicção de que tem todos os fatores necessários para que ela possa ser bem conduzida e ser bem concluída.
OP - O que o PSD espera no Ceará? É um dos maiores partidos do Estado. A expectativa é estar na chapa majoritária?
Kassab - Sim, com certeza. Até porque é natural, não é? Um partido com a dimensão do PSD, com as lideranças que tem. O deputado federal Domingos Neto em Brasília, que já foi nosso líder, hoje é um dos expoentes da bancada do partido. A Patrícia (Aguiar), prefeita de Tauá mais uma vez, avaliada como uma das principais e melhores prefeitas do Brasil. E tantos outros bons quadros que já estão ou estão vindo para o partido nos credenciam a, com naturalidade, pleitear a participação na chapa majoritária. Entendemos que a posição de governador estará sendo conduzida pelo atual governador, junto com o senador Cid Gomes, é natural isso. E assim como, caso o governador entenda que deva ser candidato ao Senado, é natural que ele possa pleitear essa posição. E, por exclusão, o PSD, com a dimensão que tem, pleiteia e muito possivelmente será atendido na sua justa e legítima reivindicação de ter o cargo de vice-governador nessa chapa que tem tudo para ser vencedora e merece ser vencedora, porque os trabalhos que têm sido realizados ao longo dos últimos anos no Ceará são muito positivos para o Estado. O Ceará avançou demais nos últimos anos na qualidade de vida da sua gente, na criação de empregos, no desenvolvimento, na educação. Portanto, eu entendo que essa aliança se consolidando terá as condições políticas para, fortalecida, conseguir elegeu seus quadros majoritários. E o partido, no caso do PSD, eleger um bom número de deputados estaduais e federais.
OP - Nacionalmente, muita coisa se comenta. Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) com perspectiva de ser candidato a presidente, mas também se fala de Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul), alguma cogitação sobre Geraldo Alckmin. Como está esse movimento e para onde vai o PSD no âmbito nacional?
Kassab - Bom, o Alckmin, a cogitação era que fosse candidato a governador. Ele nos procurou querendo ser candidato a governador e a partir de um determinado momento abriu mão dessa condição. Fez uma aliança com o presidente Lula, com o Partido dos Trabalhadores, portanto, não existe essa perspectiva do Geraldo Alckmin. Porque, no plano nacional, nós vamos ter candidatura própria. É algo decidido pelo partido já nas eleições municipais (2020), quando nós fizemos uma campanha intensa em favor das candidaturas próprias do partido. Então, não tem nenhum sentido, no momento em que há dois anos o partido cobrou prioridade ao lançamento de candidaturas próprias, não dar o exemplo agora no plano nacional, lançando uma candidatura própria. Felizmente, nós temos bons quadros. No encontro nacional do PSD, no mês de novembro, depois do Rodrigo Pacheco, que eu entendo uma das principais expressões da renovação da política no Brasil, um excelente quadro, muito jovem tornou um dos melhores advogados do Brasil e há sete anos resolveu, depois da bem sucedida carreira de advogado, abraçar a política. Por vocação, é uma paixão que ele sempre teve na vida. E em sete anos se torna deputado federal por Minas Gerais, chegando à Câmara dos Deputados assume a presidência da CCJ, a principal comissão da Câmara, Comissão de Constituição e Justiça. Diante do seu trabalho notável, ele fica credenciado para pleitear uma vaga de senador pelo estado de Minas Gerais, se elege. Não apenas se elege, mas foi o mais votado candidato a senador e, chegando ao Senado, por sua habilidade, seu talento, sua credibilidade, se elege presidente do Senado. Portanto, nada mais natural que o partido, depois da sua filiação — que honrou a todos nós, valorizou muito o partido — o convidasse para ser nosso candidato à presidência da República. E ele, como pessoa responsável que é, diante da importância que tem para o Brasil a presidência do Senado, a responsabilidade que ele tem de dirigir o Congresso Nacional, chefe do poder, portanto, ele está avaliando. Pediu um prazo até março e saberá dar a resposta. Se ele entender que deva ser o candidato, será o nosso candidato a presidente da República. Caso ele entenda que os seus compromissos com o país serão mais bem atendidos na presidência do Senado, nós temos opções. O Eduardo Leite é uma extraordinária opção. É uma proposta trazida pelo PSD do Rio Grande do Sul, que foi imediatamente abraçada pelo PSD de todos os cantos do país como uma alternativa extraordinária. É outro exemplo de renovação da política. Muito jovem já foi prefeito de Pelotas muito bem avaliado, o que o credenciou a disputar o governo do Estado, se elegeu. Hoje o Brasil inteiro entende que é um dos melhores governadores do país. Tem compromisso em não ser candidato à reeleição e, portanto, está disponível para ser um bom candidato à presidência da República. E o PSD poderia abraçar sua candidatura tranquilamente e será um grande candidato e, caso vença as eleições, será um grande presidente da República.