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MDB vê PSDB incapaz de liderar "terceira via"
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MDB vê PSDB incapaz de liderar "terceira via"

| Eleições | Instabilidade no PSDB faz com que emedebistas vejam chance para liderar alternativa a Lula e Bolsonaro
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SIMONE Tebet, pré-candidata do MDB, avalia que crise no PSDB enfraqueceu tucanos (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado SIMONE Tebet, pré-candidata do MDB, avalia que crise no PSDB enfraqueceu tucanos

A crise instalada no PSDB com a disputa entre os ex-governadores João Doria e Eduardo Leite fez o MDB avaliar que os tucanos perderam as condições de liderar a terceira via, grupo que busca alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição para o Palácio do Planalto.

Em conversas reservadas, a senadora Simone Tebet, pré-candidata pelo MDB, afirmou que o PSDB perdeu as condições de protagonizar uma coalizão. Entre os motivos citados por ela, em reuniões com aliados, estão as brigas nas prévias tucanas, o desgaste dos dois pré-candidatos, a tentativa de Leite - derrotado na disputa interna - de questionar o resultado e o movimento errático de Doria.

Horas antes de deixar o cargo, o então governador ameaçou implodir a candidatura tucana ao Palácio dos Bandeirantes em troca de um aceno do comando nacional da legenda.

Os presidentes do MDB, Baleia Rossi; do PSDB, Bruno Araújo, e do União Brasil, Luciano Bivar, firmaram um pacto para construir uma chapa única ao Palácio do Planalto, que represente as três legendas. A ideia é apresentar esse nome até 1º de julho. Doria, Leite e Simone tentam ser os candidatos desse campo.

Baleia Rossi evitou comentar a crise no PSDB e disse que não interfere em questões de outros partidos. Sobre a pré-candidatura de Simone, destacou que ela possui baixa rejeição e deve liderar a terceira via. "Simone é um nome forte para liderar a terceira via por sua experiência e qualidade. É um fator muito positivo ela não ter rejeição", afirmou.

Diálogo

Senadora de Mato Grosso do Sul, Simone disse que não recusaria um diálogo com Leite. Observou, porém, que vai se nortear pela decisão das prévias tucanas nas conversas com o PSDB. "Converso com todos, mas hoje o candidato do PSDB é o Doria", afirmou ela

Apesar de apresentar a senadora como pré-candidata ao Planalto, uma ala significativa do MDB, principalmente no Nordeste, quer apoiar Lula logo no primeiro turno.

Tebet afirmou que o campo da chamada "terceira via" está próximo de apresentar uma candidatura única para a disputa ao Planalto. Segundo a senadora, presidenciáveis do centro já se comprometeram a se unir em uma chapa que se apresente como alternativa a Lula e Bolsonaro.

Simone disse ter se encontrado com o tucano João Doria e o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e firmado um pacto com os presidentes Baleia Rossi, do MDB, e Bruno Araújo, do PSDB, para selar um acordo em torno de uma candidatura única. "Nunca estivemos tão próximos de um consenso", afirmou. As declarações foram feitas ao programa Canal Livre, da Bandeirantes, exibido na madrugada desta segunda-feira, 4.

"O próximo passo será (os presidentes dos partidos) estarem juntos para vir a público, inclusive através da imprensa, para dizer: estamos unidos e teremos candidatura única", completou.

A senadora afirmou também que as negociações ainda não incluem o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, porque, segundo ela, o ex-governador não se apresenta como integrante do centro democrático. "Ele é bem-vindo para conversar conosco, não há dúvidas disso", acrescentou.

Simone Tebet disse que não desistirá de sua pré-candidatura por entender que tem responsabilidade por ser, atualmente, a única representante feminina na disputa. Ela também reeditou críticas à polarização entre Lula e Bolsonaro. Ambos, segundo a senadora, se eleitos, "levariam o segundo turno até 31 de dezembro de 2026".

O número de nomes do "centro democrático" descrito por Simone tem diminuído nos últimos meses, o que facilita as negociações por união. Os senadores Alessandro Vieira (PSDB) e Rodrigo Pacheco (PSD), que eram considerados opções da "terceira via" até o fim do ano passado, desistiram das eleições.

O ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro também deu sinais de que desistiria, mas, após trocar o Podemos pelo União Brasil, recuou e disse que continua à disposição para o Executivo. As principais conversas, neste momento, giram em torno de Simone e Doria, mas a terceira via também tem Felipe d'Avila (Novo) e, possivelmente, a chegada de Eduardo Leite.

Eduardo Leite sinaliza que pode ser vice em chapa com Simone Tebet

O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) sinalizou que pode ser vice na chapa da senadora Simone Tebet (MDB) para a disputa da Presidência da República. Em entrevista à "Rádio Eldorado" nesta segunda-feira, 4, o tucano afirmou ter "humildade" para abrir mão de aspirações pessoais e fazer composição com uma candidatura que se mostre viável contra a polarização. A parlamentar, segundo ele, "tem toda a condição de liderar esse projeto".

"Temos de ter um entendimento do nosso papel como lideranças políticas, não apenas buscando ocupar um espaço político concorrendo, mas apoiando eventualmente aqueles que tenham essa capacidade. Entre outras pessoas, há o nome da senadora Simone Tebet, que tem toda a condição de ser uma liderança nesse projeto. É muito prematuro falar em que posição cada um tem que assumir. Mas a disposição nossa tem que ser construindo, apoiando, disputando na chapa como vice-presidente, se for o caso", afirmou Leite.

Segundo o tucano, a senadora tem uma aspiração legítima em se apresentar como candidata. "Tudo tem de ser muito conversado para viabilizar aquilo que tenho mais capacidade eleitoral. Tenho muito respeito pelo mandato da senadora, e sua aspiração legítima de se apresentar como candidata. Ainda não avançamos em conversas nessa direção, mas haverá o momento apropriado", complementou, sobre a formação da chapa.

Após ser derrotado nas prévias do PSDB, Leite intensificou articulações com o PSD para se viabilizar como possível pré-candidato do partido, mas, por fim, decidiu permanecer no ninho tucano. Este, segundo ele, foi mais um movimento que indica sua disposição de abrir mão de ser cabeça de chapa, já que, de acordo com o ex-governador, a sigla de Gilberto Kassab não foi a única a oferecer a possibilidade.

"Se eu quisesse mesmo ser candidato, tinha mais opções que o PSD. Eu tinha opções para uma candidatura, e mesmo assim não fui atrás desses caminhos mais fáceis".

O gaúcho disse considerar que o momento pede "desprendimento" por parte dos nomes que se apresentam como "terceira via". Seu principal adversário no PSDB, o governador João Doria, atual pré-candidato do partido, tem mostrado resistência a assumir o posto de vice de outras chapas.

Na última quinta-feira, o paulista admitiu que, ao anunciar desistência da eleição, sua intenção era forçar a legenda a dar primazia à sua pré-candidatura, movimento que ele classificou como "estratégia política".

Hoje, dias após telefonar a Doria dizendo respeitar o resultado das prévias, das quais o governador de São Paulo saiu vitorioso, Leite afirmou que a convenção nacional do partido é soberana, dando a entender que a candidatura do tucano paulista continua não sendo definitiva no partido. Leite afirmou que, até a data do evento, marcado para julho, "cada um vai ajustar seu papel nesse processo". Esse ajuste, ele adiantou, será feito após conversas "francas e honestas" com Doria.

Apesar de reiterar que respeita as prévias, Leite condicionou seu respaldo a Doria ao alcance de viabilidade eleitoral do paulista. Disse que o governador terá "todo seu apoio", desde que se mostre viável.

"O PSDB reconhece a legitimidade das prévias, mas sabe também que vai precisar estar atento à competitividade das candidaturas", afirmou. Além da baixa intenção de voto de Doria nas pesquisas - 2% -, Leite citou a alta rejeição marcada por ele, em torno de 30%, como uma dificuldade para o avança de seu nome.

O gaúcho afirmou que deve aproveitar esta semana, a primeira após deixar o Palácio Piratini, para intensificar conversas e tomar uma decisão sobre seu futuro político. Ele disse estar pronto tanto "para liderar o projeto, se for o caso", quanto para apoiar aquele que tiver as melhores condições.

 

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