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Relator da CPI do Motim diz que associação de PMs é "braço político" do grupo de Capitão Wagner
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Relator da CPI do Motim diz que associação de PMs é "braço político" do grupo de Capitão Wagner

Deputado Elmano de Freitas disse que associação atua para fazer política partidária dentro da polícia. Já o deputado Soldado Noelio, ligado a Wagner, alegou que a CPI tem o intuito de desgastar a imagem da oposição
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ELMANO de Freitas, relator, rebate críticos aos trabalhos da CPI (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita ELMANO de Freitas, relator, rebate críticos aos trabalhos da CPI

Relator da CPI do Motim, o deputado Elmano de Freitas (PT), sinalizou em sessão ontem, 5, na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) que o depoimento do presidente da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), Cleyber Barbosa, evidencia que a entidade é parte de "um braço político” de um grupo integrado por nomes como os deputados federal Capitão Wagner (União Brasil), estadual Soldado Noelio (União Brasil) e pelo vereador de Fortaleza Sargento Reginauro (União Brasil), que depõe hoje na comissão.

"Eu não tenho nenhuma dúvida de afirmar que a APS é uma pessoa jurídica, braço político de um grupo político partidário, da qual integram o deputado (Capitão) Wagner, deputado Noélio, vereador Reginauro, que tem a prática de sacar dinheiro na boca do caixa, que seu diretores usaram empresa que nunca funcionaram (...) e que está evidenciado um depoimento que a APS financiou transporte de policiais para protestos", disse Elmano.

O petista destacou ainda que as páginas da entidade nas redes sociais deixam evidente o “relacionamento político” com esse grupo. Ele questionou Cleyber sobre o fato de que uma ex-esposa e uma prima atuaram como assessoras parlamentares de Wagner, além de que advogados que atuaram defendendo a APS também assessoram o deputado federal. “Fica evidente que é vinculada. A entidade é utilizada para fazer política partidária na polícia”.

O deputado Soldado Noelio, único membro da oposição estadual com cadeira no colegiado, destacou que as associações “são impedidas como entidade de direcionar apoio político, mas que o cidadão, como pessoa, pode declarar apoio a quem quiser”. Sem citar nomes, Noelio disse que a tentativa de ligar associação ao grupo político é “discurso politiqueiro”.

“Na verdade, eu vejo hoje uma tentativa de se fazer ilações, para chegar ao fim que eu sempre tenho dito: uma CPI politiqueira que tem intuito de desgastar a imagem do maior opositor do governo hoje, que é o (deputado e pré-candidato) Capitão Wagner”, pontuou.

Sobre saques de R$ 2,3 milhões, registrados em cinco anos na APS e apresentados por Elmano, Noelio disse não considerar absurdo o valor quando este é dividido ao longo de cinco anos. “Dá algo em torno de R$ 38 mil por mês para uma entidade que tem pouco mais de oito mil associados", destacou o parlamentar. A CPI investiga se ocorreram repasses financeiros de entidades para financiar o motim da Polícia Militar em 2020.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 05.04.2022: CPI do Motim ouviu hoje a primeira testemunha, policial e presidente da APS, Cleyber Barbosa Araújo, na Assembleia Legislativa (Foto:Thais Mesquita/OPOVO)(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, BRASIL, 05.04.2022: CPI do Motim ouviu hoje a primeira testemunha, policial e presidente da APS, Cleyber Barbosa Araújo, na Assembleia Legislativa (Foto:Thais Mesquita/OPOVO)

Em coletiva após a sessão, Cleyber comentou as correlações feitas por parlamentares entre a APS e o grupo liderado por Wagner e disse não ver ligação, mesmo com pessoas próximas a ele tendo atuado junto ao parlamentar.

“Por mais que seja algum parente não diz nada a respeito a mim, ao depoimento, ao propósito da investigação da CPI que era, de fato, de alguma forma comprovar que a associação, enfim, financiou e de fato não financiou (o motim dos policiais)", declarou o policial.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 05.04.2022: CPI do Motim ouviu hoje a primeira testemunha, policial e presidente da APS, Cleyber Barbosa Araújo, na Assembleia Legislativa (Foto:Thais Mesquita/OPOVO)(Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita FORTALEZA, CE, BRASIL, 05.04.2022: CPI do Motim ouviu hoje a primeira testemunha, policial e presidente da APS, Cleyber Barbosa Araújo, na Assembleia Legislativa (Foto:Thais Mesquita/OPOVO)

Procurado pela reportagem, Capitão Wagner criticou condução do primeiro depoimento da CPI do Motim. O presidente do União Brasil no Ceará acusou os parlamentares da AL-CE de trabalhar pelo interesse político dos responsáveis pelos resultados negativos na segurança pública cearense.

"Causa estranheza que, mesmo com os graves problemas que o Ceará enfrenta, como ter mais de 5 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza, ser o segundo Estado mais violento do país, ter o maior número de perda de vidas por Covid da região Nordeste, a Assembleia Legislativa feche os olhos para o sofrimento dos cearenses e passe a trabalhar pelo interesse político dos responsáveis por esses resultados negativos", respondeu o pré-candidato ao governo estadual, em nota.

Wagner destacou ainda já ter trabalhado para evitar que a APS fosse utilizada para fins políticos. "Cabe esclarecer que, quando presidente da Associação dos Profissionais de Segurança, de 2013 a 2014, modifiquei o estatuto da entidade para que nenhum deputado estadual e federal faça parte de sua diretoria. Esclareço também que estarei vigilante e tomarei as medidas judiciais cabíveis para não permitir ilações que sejam utilizadas para criar falsas narrativas que envolvam o meu nome", acrescentou.

Outro mencionado por Elmano, Sargento Reginauro disse que a comissão "gasta seu tempo com uma CPI descabida, para investigar recursos privados e fazer palanque político para atacar o Capitão Wagner e seus aliados".

"É lamentável ver a Assembleia Legislativa do Ceará, que assiste silente centenas de cearenses perderem suas casas para facções criminosas, não enviar um requerimento ao Governo do Estado pedindo esclarecimentos sobre a compra de respiradores, realizada numa empresa de fachada pelo Consórcio Nordeste; não cobrar soluções sobre o escândalo do Acquário. Mas, essa mesma Assembleia, gasta seu tempo com uma CPI descabida, para investigar recursos privados e fazer palanque político para atacar o Capitão Wagner e seus aliados", disse o vereador, em nota.

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