Deputado federal e vice-presidente nacional do PT, José Guimarães admite que a incorporação de símbolos pátrios está prevista na estratégia de campanha de Lula à Presidência em 2022.
"A disputa pelos nossos símbolos também está na nossa estratégia. Porque os símbolos do Brasil pertencem a todos, e até nisso Bolsonaro é um déspota", responde o petista, que esteve presente no lançamento da pré-campanha do ex-presidente no último sábado, 7, em São Paulo.
Além do hino, da bandeira e das cores verde e amarelo, essa incorporação se dá também no nível da retórica eleitoral. No discurso de Lula no fim de semana, uma das palavras que mais se repetiram foi "soberania": 26 vezes, superando "emprego" (8 menções) e "saúde" (15).
A insistência no uso do termo, que tem forte apelo nacional, se justifica na tentativa de falar a públicos diferentes, inclusive o militar, para o qual a soberania tem valor primordial, relacionando-se tanto à instituição quanto à integridade territorial.
"Defender nossa soberania é também recuperar a política altiva e ativa que elevou o Brasil à condição de protagonista no cenário internacional", declarou Lula no evento.
A palavra foi empregada ainda para tratar de cultura, fronteiras terrestres, Petrobras, democracia, Amazônia, terras indígenas, universidades etc.
Longe do improviso, o petista quis demarcar o território político no qual pisava, criando distinções com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e contrastando as experiências de seus governos com as do atual mandatário.
Para o cientista político Cleyton Monte (UFC), "Lula entende que essa mítica dos símbolos é poderosa para ser mobilizada em campanha e quer de certa forma colocar os símbolos nacionais como projeto de desenvolvimento, numa operação de reverter os sinais".
(Henrique Araújo)