Logo O POVO+
O que é ideologia? Série em vídeo explica ideias mais influentes da política hoje
Politica

O que é ideologia? Série em vídeo explica ideias mais influentes da política hoje

Série Ideologias, no O POVO Mais, explica em vídeo, de forma didática, o significado de concepções políticas de direita, esquerda e o que é fascismo
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
FABIO GENTILE explica o conceito de ideologia (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE FABIO GENTILE explica o conceito de ideologia

Estreia nesta terça-feira, 10, a série especial Ideologias, parte dos diálogos audiovisuais "Pra começo de conversa". A série explica de forma didática, em três episódios entre cinco e seis minutos, o significado de algumas das ideias políticas mais influentes da atualidade. Os três episódios estão disponíveis a partir desta terça.

O primeiro episódio explica o próprio conceito de ideologia. O que é, como surgiu, as transformações ao longo do tempo e o que é ideologia hoje. A exposição é feita por Fabio Gentile, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC), coordenador do programa de pós-graduação em Sociologia e que mantém o canal no Youtube "Pílulas de Teoria Política".

Gentile explica que o conceito de ideologia é ressignificado de acordo com as conjunturas. A concepção moderna surge a partir da Revolução Francesa. Karl Marx se apropria e reconceitua o termo, com amparo no racionalismo do século XIX.

"Utiliza (o conceito de ideologia) para pensar a ideologia de classe dominadora. E, por outro lado, também utiliza o Manifesto do Partido Comunista para dizer que a classe trabalhadora, com seus intelectuais militantes, tem de tomar posse desta ciência burguesa e tornar isso a ideologia da classe trabalhadora".

Essa é a ideologia marxista. Porém, Gentile ressalta, também existe uma ideologia de direita: o fascismo, bem como a extrema direita ou a direita radical.

Gentile reforça, portanto, que a formulação de ideologias nem sempre é racional, embora seja um conceito teórico acadêmico e de base que se propõe científica. "Pode ser amparada por conjunto de símbolos, mitologias e crenças e se torna discurso organizado de forma racional, mas também que tem elemento irracional."

Fabio Gentile conceitua ideologia
Fabio Gentile conceitua ideologia (Foto: Cena da série Ideologias / Pra começo de conversa / O POVO Mais)

Ao pensar ideologia no Brasil atual, Gentile aponta que a polarização é ampliada e radicalizada pelas redes sociais. "Me parece que a direita extrema brasileira conseguiu criar uma ideologia radical aproveitando de forma muito esperta das mídias sociais."

Direita e esquerda

No segundo episódio desta temporada de Ideologias, o assunto são as ideias de direita e esquerda. Quem explica esses dois campos políticos é Monalisa Torres, professora de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem).

Essa divisão, ela explica, também remonta à Revolução Francesa, com base na posição onde os grupos políticos sentavam durante a Assembleia Nacional. Foram termos que acabaram absorvidos no jargão político para designar os posicionamentos ideológicos.

Não há um consenso total sobre o que define pensamentos políticos de direita e esquerda — e há transformações ao longo do tempo, e também diferentes tendências regionais pelo mundo. Monalisa escolhe a abordagem do teórico italiano Norberto Bobbio. Ele estabelece a diferenciação entre direita e esquerda a partir da forma como entendem a ideia de igualdade. Do ponto de vista da natureza e das relações sociais. Para ele, explica Monalisa, a esquerda é igualitária enquanto a direita é inigualitária.

"Para a esquerda, desigualdades são produto da sociedade. Portanto, se são produto da sociedade, precisam ser mitigadas. Perspectiva de que o Estado pode interferir e mitigar as desigualdades sociais", aponta a professora.

"Do ponto de vista da direita, a desigualdade é natural. Se é natural, ela não pode ser alterada. Toda vez que algum movimento político, partido ou o próprio Estado interfere na ordem natural das coisas, produz consequências ruins", acrescenta.

Essas, aponta Monalisa, são referências que balizam as ideologias. Ela exemplifica como isso se concretiza no Brasil nos dois últimos ciclos políticos. "Os governos petistas (2003-2016) tinham perspectiva de protagonismo muito forte do Estado a partir das políticas públicas, politicas sociais."

No atual governo, o princípio é outro. "O governo (Jair) Bolsonaro pensa o Estado de forma diferente, Estado que não pode interferir na vida privada das pessoas, por exemplo. Um Estado que deve ser mínimo."

Monalisa Torres explica o que são direita e esquerda(Foto: Cena da série Ideologias / Pra começo de conversa / O POVO Mais)
Foto: Cena da série Ideologias / Pra começo de conversa / O POVO Mais Monalisa Torres explica o que são direita e esquerda

Fascismo

O terceiro episódio aborda uma das mais perigosas concepções políticas já formuladas: o fascismo.

O historiador e professor André Rosa explica se tratar de um regime de governo, surgido no início da década de 1920, decorrente de crises econômicas no mundo pós-Primeira Guerra Mundial. No cenário da Europa debilitada, foi uma reação para reabilitação.

A Itália foi o berço do fascismo. O País começou a Primeira Guerra ao lado do Império Alemão e Império Austro-Húngaro, mas mudou de lado após receber promessas inglesas, que não foram cumpridas. Com o País arruinado, ascendeu ao poder Benito Mussolini, um ex-socialista que mudou de visão.

Leia mais

"Ele resolveu dizer para a nação italiana que a resolução de seus problemas seria com um processo político de extrema-direita para salvar aquele país", explica Rosa.

O nome dado à concepção foi Fasci de Combatimento. Fasci que significa feixe, o que remete à ideia de autoridade, de salvação pela união. De fasci vem fascismo.

"Um regime autoritário para salvar a Itália buscando o nacionalismo, recuperando o país após a guerra e dizendo que ele, Mussolini, seria esse salvador". Era chamado de "dulce", o que significa líder.

Havia a ideia de resgate do Império Romano. A concepção tinha alguns fundamentos:

- Nacionalista

- Autoritarista

- Militarista

- Antidemocrática

- Antiliberal

André Rosa explica fundamentos do fascismo(Foto: Cena da série Ideologias / Pra começo de conversa / O POVO Mais)
Foto: Cena da série Ideologias / Pra começo de conversa / O POVO Mais André Rosa explica fundamentos do fascismo

Mussolini influenciou seguidores pelo mundo, como Adolf Hitler na Alemanha, Francisco Franco na Espanha e Getúlio Vargas no Brasil. Espalharam-se pelo mundo com concepções que passaram a ser definidas como populismos.

Hoje em dia, explica Rosa, o fascismo se manifesta por líderes demagogos que prometem a salvação para o País com políticas de extrema direita. "Isso é extremamente perigoso para o processo democrático."

Ideologias

A série Ideologias tem roteiro Luana Sampaio, direção de fotografia de Fco Fontenele, edição de fotografia de Julio Caesar e edição de Cinthia Medeiros e Raphael Góes.

O que você achou desse conteúdo?