A um mês do início das convenções partidárias, período estipulado pela legislação eleitoral para que as legendas definam suas candidaturas e alianças, a disputa pelo comando do Palácio da Abolição e por uma vaga no Senado ainda não está muito bem definida. Apenas três partidos, por exemplo, lançaram pré-candidatos ao governo do Ceará até o momento: o Psol, o União Brasil (UB) e o UP.
Um deles é o deputado federal licenciado e presidente estadual do UB no Ceará, Capitão Wagner. O parlamentar se coloca como líder da oposição ao governo estadual e já costura o apoio de alguns partidos. Com convenção marcada para o último dia do prazo, às 19 horas, a estratégia de Wagner é manter três legendas aliadas que já se comprometeram com a candidatura: PTB, Avante e Podemos.
Além disso, Wagner negocia com o PL do presidente Jair Bolsonaro, seu aliado no estado, e com três siglas importantes da base governista no Ceará: PSD, PP e MDB. Enquanto isso, as posições de Senado e vice serão parte dessas negociações. O pré-candidato considera trazer o PSD, grande força política do Ceará, para seu lado no caso de Domingos Filho não ser escolhido vice na chapa encabeçada pelo PDT.
A disputa estadual também conta com a pré-candidatura de Adelita Monteiro, lançada pelo Psol. A artesã e comunicadora é fundadora da sigla no Ceará, já integrou a direção nacional do partido e, atualmente, é Secretária Geral do Psol no estado. Natural de Limoeiro do Norte, ela iniciou sua atuação política aos 15 anos nas pastorais de juventude.
A socialista já chegou a confirmar que sua pré-candidatura também servirá de palanque para o ex-presidente Lula, que devrá concorrer mais uma vez à Presidência da República. Posição apoiada pelo presidente nacional do Psol, o historiador Juliano Medeiros.
Pelo UP, o bancário Serley Leal também é pré-candidato ao governo cearense. O ex-militante estudantil é um dos fundadores do partido no estado e atuou no Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas. Em 2020, foi candidato a vice-prefeito de Fortaleza na chapa com a professora Paula Colares, mas não saiu vitorioso.
Uma das principais indefinições da corrida eleitora no Ceará é a candidatura governista, representada pelo PDT e aliados. Até o momento, a legenda possui quatro pré-candidatos: Izolda Cela (governadora), Roberto Cláudio (ex-prefeito de Fortaleza), Evandro Leitão (presidente da Assembleia) e Mauro Filho (deputado federal). O partido, todavia, enfrenta uma crise na aliança com seu principal aliado no Ceará, o PT. Lideranças petistas ameaçam lançar candidatura própria e romper com a sigla parceira caso Izolda não venha a ser escolhida como "candidata natural" à sua sucessão.
Enquanto isso, quem ainda pode voltar ao cenário eleitoral é o ex-senador Eunício Oliveira (MDB). Depois de ele cogitar disputar novamente o Governo do Estado, o MDB encomendou uma pesquisa em que Eunício, com o apoio de Lula, lidera todos os cenários da disputa majoritária. Em 2014, quando concorreu ao Palácio da Abolição, o emedebista foi derrota pelo hoje ex-governador Camilo Santana (PT).
Para o cientista político, Cleyton Monte, a indefinição do bloco governista em oficializar um nome para a disputa e os atritos entre as pré-candidaturas do PDT são questões que devem ser resolvidas com celeridade pelo próprio grupo político. Caso contrário, futuramente os desafios poderão ser ainda maiores para o bloco.
"É uma situação difícil e a cada semana que passa sem uma definição isso cria uma dificuldade grande para o grupo governista, para a base aliada. São 16 partidos. Também favorece o candidato da oposição, porque ele tem mais espaço para avançar as bases e dialogar", avalia.
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