O presidente estadual do PDT, deputado federal André Figueiredo, criticou, nesta segunda-feira, 11, a mobilização de prefeitos para manifestarem apoio a governadora Izolda Cela (PDT) na pré-campanha à reeleição.
"Na verdade, achamos uma intromissão indevida. Não podemos concordar de maneira nenhuma que nossos prefeitos sejam coagidos a externar posição por A, B, C ou D. Todos os prefeitos que para mim ligaram para saber qual seria o posicionamento do partido, eu disse: 'Olha, sugiro que você não declare acordo a nenhum dos quatro'", disse o parlamentar, ao ser questionado sobre a mobilização de prefeitos em prol de Izolda.
Figueiredo comandou ontem reunião das bancadas do PDT, na sede do partido, em Fortaleza. O deputado sugeriu que os correligionários esperem por deliberação oficial do partido sobre a futura candidatura governista, marcada para a próxima segunda-feira, 18.
"Diga: 'O candidato que sair do PDT terá meu integral apoio sobre o partido e como tal não vou externar no momento como este, em que nós estamos em fase ainda de deliberação, a vontade de apoiar, principalmente sendo coagido por representantes de outros partidos'", sugeriu o presidente da legenda.
Após o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmar na última semana não saber se Camilo Santana (PT) ainda é aliado, o ex-governador explicitou apoio à reeleição de Izolda. Depois disso, uma "onda" de prefeitos manifestou apoio à governadora.
A reclamação sobre uma possível interferência da máquina foi levantada logo depois por lideranças pedetistas que defendem a indicação do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) para a vaga do partido na disputa estadual.
Figueiredo afirmou que o contato com Camilo Santana não parou mesmo após o desconforto exposto por Ciro Gomes e aliados - como Ferruccio Feitosa e Leônidas Cristino - em relação a ele.
"O diálogo com o ex-governador Camilo ele é permanente. O nosso companheiro Ciro Gomes tem conversado, todos têm permanentemente conversado com o Camilo, mas sempre na perspectiva de que o diálogo não pode ser uma posição unilateral. O diálogo tem que ter a compreensão de ouvir as partes e realmente compreender qual é o melhor caminho para o Ceará", afirmou Figueiredo em coletiva.
PDT Ceará reuniu nesta segunda-feira, 11, as bancadas estaduais e federais, na tentativa de contornar os conflitos quanto à candidatura do partido ao Governo do Estado. Na ocasião, Figueiredo disse ainda que "não serão admitidas vozes discrepantes" contra quem vier a ser escolhido, uma vez que a decisão seja tomada.
Os últimos dias têm sido marcados por confrontos entre defensores da reeleição da governadora Izolda Cela e os favoráveis à candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio.
Camilo Santana tem sido um grande entusiasta da candidatura Izolda. O ex-governador defende que a candidatura de reeleição da pedetista é "uma questão de justiça".
André Figueiredo deu uma explicação para o "sumiço" do senador Cid Gomes das articulações para a escolha do candidato ao Palácio da Abolição. Segundo André, Cid terceirizou para o irmão Ciro Gomes a missão de coordenar a sucessão estadual.
"O Cid pediu, nesses momentos finais, para que o Ciro o representasse", revelou. Ao longo dos últimos anos, coube a Cid fazer as principais costuras políticas que garantiram ao grupo uma sequência de vitórias eleitorais no estado.
Desde maio, entretanto, que o ex-governador cearense não participa de momentos-chaves da definição da candidatura pedetista. Não esteve presente, por exemplo, ao encontro do PDT em Fortaleza realizada em 15 de junho.
Na ocasião, o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, fez efusiva defesa do nome do ex-prefeito Roberto Cláudio como candidato ao Governo do Estado. "O melhor prefeito do Brasil vai virar governador", cantarolou. Postura que aumentou a tensão dentro da base aliada, com direito a reclamação do presidente da Assembleia, deputado Evandro Leitão.
No último dia 28, nova ausência de Cid. Ciro comandou a reunião com os quatro pré-candidatos do PDT e anunciou a realização de uma pesquisa cujo resultado seria um dos critérios para a definição do nome. Dois dias depois, a governadora Izolda Cela minimizou a ferramenta, alegando que pesquisas retratam apenas o retrato do momento a três meses da eleição.
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Nesta segunda, nada de Cid outra vez. Ou seja, tudo está mesmo sob o comando de Ciro Gomes, a quem André Figueiredo rende elogios. "O Ciro tem trazido para si mesmo a campanha federal, que ele é o nosso pré-candidato à Presidência. Ele tem visto que o Ceará merece toda a atenção, e ele, como mais experiente desse grupo que há algum tempo faz o Ceará um exemplo do Brasil, trouxe para si a responsabilidade de me ajudar nessa coordenação. Eu, como presidente estadual, ele como um dos vice-presidentes nacionais e, claro, nosso pré-candidato à Presidência e, claro, ex-governador do Ceará", explicou.
Aliança PDT-PT tem sido "insultada" e "agredida", diz Ciro Gomes
Em breve entrevista após reunião das bancadas estadual e federal do PDT, nesta segunda-feira, 11, o ex-ministro Ciro Gomes admitiu que aliança passa por momento delicado. A missão que se impõe, segundo ele, é de restaurar a aliança política que tem sido agredida.
"Eu fiquei feliz, foi uma reunião muito franca, uma reunião de companheiros, me pareceu consenso que o que está em jogo é o destino do Ceará, não só o destino do PDT, nem só o destino dos pré-candidatos, todos eles muito qualificados, e que nós precisamos achar um caminho para restaurar a unidade que, infelizmente, tem sido muito insultada e muito agredida por erros de parte a parte", afirmou o pré-candidato a presidente pelo PDT.
Ele também disse que lhe toca a missão de fazer tudo o que estiver a seu alcance para que se atinja uma situação de unidade, de modo a substituir o irmão Cid Gomes enquanto articulador político estadual. Sem detalhar os motivos, André Figueiredo, presidente do PDT no Ceará, disse que Cid pediu para que o irmão o representasse na condução do processo.
É da tradição do modo como Ciro e Cid operam na política que o primeiro esteja debruçado sobre as questões nacionais e o segundo, sobre as locais.