Presidente estadual do PDT no Ceará, o deputado federal André Figueiredo afirmou ontem em entrevista ao Jogo Político, do O POVO, que o governo de Izolda Cela (PDT) promoveu demissões de pessoas que estão na administração estadual e participaram da convenção que lançou o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), candidato ao Governo do Ceará, no último domingo, 24.
"Nós não podemos de repente apoiar o ex-governador Camilo (Santana), por mais respeito que tenhamos por ele, com essa guerra que foi deflagrada, inclusive no âmbito do Governo do Estado, com perseguição de pessoas que estavam na nossa convenção no domingo, inclusive com demissões sumárias", disse Figueiredo aos jornalistas Ítalo Coriolano e Érico Firmo.
A governadora anunciou na tarde de ontem o pedido de desfiliação do PDT. Ela defendia que tinha direito de ir para a reeleição enquanto ocupante do cargo em disputa e agregadora do maior número de partidos aliados na comparação com RC. Como o PT, o segundo principal da extinta aliança. No objetivo de prevalecer sobre Roberto Cláudio, Izolda tinha como principal aliado o ex-governador Camilo Santana (PT), que por mais de uma vez disse que Izolda ir para a reeleição era uma "questão de justiça".
Roberto Cláudio, por sua vez, foi melhor nas pesquisas de intenção de voto feitas com pré-candidatos pedetistas. Ele tinha o presidenciável Ciro Gomes (PDT) como principal defensor.
A expectativa quanto à administração estadual, disse Figueiredo na entrevista, é de que membros dela apoiadores de RC não estejam mais nos cargos, de modo que as saídas constem no Diário Oficial do Estado (DOE) de hoje. Após o Jogo Político, a edição do DOE do dia 26 não trazia nenhuma exoneração de nomes com estas características.
Em nota, a Casa Civil do Governo do Ceará respondeu tão somente: "Essa informação não é verdadeira".
Rompido com Ciro, Camilo se dedica à montagem de um bloco de partidos que visa dar robustez à candidatura de Elmano de Freitas (PT) a governador e, paralelamente, esvaziar o projeto eleitoral de Roberto Cláudio. A vaga de candidato ou candidata ao Senado, antes de Camilo na chapa do PDT, será ocupada por outro membro de partido aliado.
"Então, nós temos que ter clareza que precisamos lançar um candidato, agora esse candidato ou candidata ao Senado não será do PDT. É a única certeza que nós temos. Nós gostamos de abrir espaços para os nossos parceiros", afirmou o dirigente partidário.
Além de Figueiredo, o também deputado federal José Guimarães (PT) foi entrevistado ontem no Jogo Político. O petista é aliado de Camilo e entusiasta da candidatura de Elmano ao Palácio da Abolição.
Ao longo da entrevista, André Figueiredo disse ainda que o PT tem projeto de "destruição de parceiros". São essas "incoerências", segundo Figueiredo, e "discordâncias com parceiros históricos" que fazem pedetistas adotarem um posicionamento crítico e "muito duro à postura do PT de querer trazer todos para baixo, no seu guarda-chuva, como é o caso hoje daqueles que estão na federação e não respeitar a vontade dos mesmos".
Para ele, o PT poderia lançar até uma mulher como candidata ao governo do Estado. "Até mesmo para nós termos pelo menos em uma das posições majoritárias uma mulher nessa chapa, já que o candidato a presidente e o vice são homens e eles nos acusam de misoginia", rebate. (colaborou Marcelo Teixeira/especial para O POVO)
Cabeto diz que RC o convidou para tentar Senado
Ex-secretário da Saúde do governo Camilo Santana (PT), o médico cardiologista Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Cabeto, confirmou ter recebido convite do candidato a governador Roberto Cláudio (PDT) para disputar o Senado Federal contra o próprio Camilo.
Cabeto, que é filiado ao PSDB, afirmou que "o convite existiu". Sobre eventual disputa contra Camilo, ele respondeu que não pensa em adversários. "Se aceitar é porque estou preocupado com essa crise de legitimidade e representatividade que vivemos", afirmou ao O POVO.
Embora diga que nunca teve o objetivo de entrar na política institucional, Cabeto afirma estar preocupado com o "retrocesso que a saúde do Ceará está vivendo desde setembro do ano passado." Ainda conforme o tucano, outro fator de motivação é a busca por "um debate sério que possa contagiar os jovens e a sociedade." Diz, contudo: "preciso analisar se é o momento oportuno."
Cabeto foi o responsável pela coordenação das ações de combate à Covid-19. Ficou na pasta por dois anos e cinco meses. Ele defendeu medidas restritivas contra o alastramento do vírus, como o isolamento social rígido, o chamado lockdown. Encontrou obstáculos em empresários de diversos ramos. O PSDB deve ficar na chapa majoritária liderada pelo PDT, que tem a candidatura a governador com RC. O PSD tem a vice com Domingos Filho e os demais partidos pleiteiam a vaga restante.