Presidente nacional em exercício do Progressistas (PP), o deputado federal Cláudio Cajado (BA) enviou nota ao O POVO na qual afirma que a legenda não irá se coligar com o Partido dos Trabalhadores (PT) em nenhum estado brasileiro, em razão do apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A diretriz tem repercussão direta nos planos do bloco liderado por Camilo Santana e Elmano Freitas, candidatos a senador e a governador do Ceará pelo PT, respectivamente.
Eles tinham a adesão do PP cearense, conduzido pelo deputado estadual Zezinho Albuquerque, ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL-CE). A decisão não afeta as chapas de deputado estadual e federal montadas pela sigla.
A ação do diretório nacional do PP foi confirmada pelo economista Rodrigo Nogueira, secretário de Desenvolvimento Econômico do governo José Sarto (PDT) na Prefeitura de Fortaleza, ao colunista do O POVO, Carlos Mazza. Primo do líder maior do PP no País, Ciro Nogueira, Rodrigo destaca que estão mantidas as chapas do partido para disputas proporcionais.
Em entrevista ao O POVO, Zezinho Albuquerque afirmou que buscará Cajado, o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na expectativa de reaver a definição. "São pessoas maravilhosas", disse o parlamentar cearense, adicionando que pensava que "estava tudo tranquilo" quanto aos acertos locais.
"O PP não nos deu nenhuma orientação que não podíamos nos coligar com partido A, B ou C. Fizemos nossa convenção e o partido fez essa ressalva aí", observou Zezinho. O esforço de manter o PP na aliança petista também deve contar com Camilo Santana que, como governador, já foi recebido por Ciro Nogueira em Brasília. Ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB) foi colega de Congresso Nacional do atual ministro da Casa Civil e também deve se somar se o caso for o de enviar uma "força-tarefa" política a Brasília.
Camilo convidou Chiquinho Feitosa, presidente do PSDB cearense, para ocupar a suplência dele no Senado Federal, caso eleito. A expectativa é de que assuma um ministério no caso de terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixando uma cadeira vaga no Congresso Nacional.
Diante da impossibilidade de aceitar o convite, já que o senador Tasso Jereissati anunciou apoio do PSDB ao candidato a governador Roberto Cláudio, do PDT, conversas sobre a suplência do petista passaram a girar em torno de Zezinho — agora também impossibilitado de ocupar o espaço.
O PP tem a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados. Tê-lo como aliado significa maior tempo de televisão e generosa fatia do fundo eleitoral para abastecimento de campanhas. A reportagem do O POVO entrou em contato com Ciro Nogueira para entrevistá-lo sobre o assunto. A mensagem foi visualizada pelo piauiense, mas não respondida.
A três dias do fim das convenções, partidos ainda definem posições
O prazo para o fim das convenções partidárias, dia 5 de agosto, se aproxima e os partidos ainda conversam em busca de se acomodarem. A data limite para registro de chapas é 15 de agosto.
O PT ainda não definiu quem preencherá o espaço da candidatura à Vice-Governadoria, ao lado de Elmano Freitas. A ideia é de que a vaga seja ocupada por um emedebista. A decisão é do ex-senador Eunício Oliveira (MDB), candidato a deputado federal e presidente estadual do partido.
Ainda na chapa de Elmano e Camilo Santana — candidato ao Senado —, não se escolheu quem será apresentado ao eleitor como suplente de Camilo. É uma definição relevante, visto que quem for suplente tem consideráveis possibilidades de passar muito tempo em exercício. Se Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for eleito presidente pela terceira vez, é possível que Camilo Santana, caso vitorioso na disputa, se torne ministro do eventual futuro presidente.
Assim, abre-se vaga a ser preenchida como senador do Ceará. Este posto iria para Chiquinho Feitosa, presidente do PSDB do Ceará, a convite do próprio Camilo. O PSDB, contudo, definiu que ficaria ao lado do ex-prefeito Roberto Cláudio, candidato do PDT ao Governo do Ceará. Zezinho Albuquerque e o seu PP teriam tudo para serem os grandes favorecidos com os rumos tomados pelo PSDB. O ex-presidente da Assembleia era o cotado para o "banco de reservas" de Camilo, mas o PP, pelo menos até agora, não estará na aliança do PT.
Questionado sobre quem deve ser o candidato na chapa do PDT ao Senado Federal, o presidente da legenda, André Figueiredo, respondeu que a ideia é de que o PSDB indique o nome. Não deve ser Tasso, que já anunciou interesse de deixar a política institucional no momento em que se encerrar seu mandato, em 31 de dezembro de 2022.
Ele travaria uma disputa com Camilo Santana num contexto em que as circunstâncias, refletidas em pesquisas de intenção de voto, se mostram favoráveis ao petista.
Na oposição, são duas as incógnitas. As conversas sobre a vice de Capitão Wagner (União Brasil), até o começo da noite de ontem, corriam de modo favorável a Raimundo Gomes de Matos (PL), o neobolsonarista que, antes cogitado como candidato a governador pelo PL, agora pode ser o escolhido para a função já que o partido de Bolsonaro decidiu mesmo ficar ao lado do principal opositor dos Ferreira Gomes. (Carlos Holanda)