Raimundo Gomes de Matos (PL), candidato a vice de Capitão Wagner (União Brasil) na disputa pelo Governo do Estado, afirmou que “vários prefeitos” do interior do Ceará, vão declarar apoio à chapa da dupla após receberem a última parcela do Monitoramento de Ações e Projetos Prioritários (Mapp). Raimundo comentou o fato de alguns prefeitos de seu partido terem declarado apoio a Elmano Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT).
“Essa questão administrativa, de qualquer forma o prefeito que está tendo essas parcerias com o Governo do Estado, em determinado momento estão um pouco engessados. Tem um volume agora de prefeitos, que depois do dia 10, [quando] vai sair a última parcela, você vai ver que vários prefeitos que receberam a última parcela, vão hipotecar apoio ao Capitão Wagner”, disse Matos em entrevista ao Jogo Político nesta quarta-feira, 31.
O ex-deputado federal não quis classificar a debandada dos prefeitos como traição, mas, sim, de “acomodação administrativa”. “Eu fui prefeito e sei o que significa o Governo ter uma (caneta) Bic, ou ter uma tecla no computador chamado Mapp. Muitos dos convênios, das pactuações, muitos (prefeitos) estão chegando pro Capitão Wagner, muitos chegam pro Raimundo: ‘Raimundo, você sabe, eu não posso, tem aqui o Mapp, a última parcela é amanhã’".
Raimundo declara que caso algum prefeito esteja recebendo pressão por parte do Governo e queira delatar, eles irão dar total apoio. “Mas é o que a gente ouve sistematicamente. Por exemplo, tem prefeito que não nos apoia, mas os secretários apoiam, os vereadores apoiam”, diz.
Ele cita um caso que teria acontecido em Milhã, de um vereador do PT que, segundo ele, decidiu ir contra a orientação do seu partido e declarar apoio a Capitão Wagner, devido a um suposto cancelamento, feito pelo Governo do Estado, de uma obra que ligava o município à localidade de Carnaubinha. Segundo Raimundo, o vereador não teria gostado da situação.
“A adesão do vereador do PT, porque tinha uma estrada ligando Milhã a Carnaubinha, que melhorava não sei quantos quilômetros de produção rural para a população. O Governo cancelou porque a base lá disse que não votava no Elmano. Mas o vereador do PT de Milhã não concordou com isso”, declarou.
A reportagem procurou a Superintendência de Obras Públicas (SOP) a respeito de informações desse suposto cancelamento, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Raimundo Matos (PL), candidato a vice na chapa de Capitão Wagner (União Brasil), fez uma série de defesas a Jair Bolsonaro (PL), além de sinalizar que ele é seu candidato a presidente da República. O vice de Wagner adota postura contrária a ele, que prefere não tomar posição neste momento, sob a justificativa que seu partido também possui candidato ao Planalto, a senadora Soraya Thronicke.
Questionado em entrevista ao programa Jogo Político nessa quarta-feira, 31, sobre a preferência pelo atual chefe do Executivo, Raimundo citou o passado corrupto que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) carrega depois de seu governo. “A roubalheira foi grande. [Falam que] 'O candidato à Presidência da República do PT está inocentado', 'erros jurídicos'. Eu não sou jurista para analisar. Mas como é que o tesoureiro do PT foi lá e é ‘realmente eu vou pegar aqui R$ 100 milhões e vou devolver’. Se você não roubou, como é que você devolve R$ 100 milhões amigo?", questionou.
"São réus confessos. Aí pronto, ele vai ser o salvador da pátria, vai renovar tudo, fazer tudo, vamos ter cuidado”, emendou. Outro ponto que separa Wagner de Raimundo é o tratamento com Lula. Em entrevista ao Jogo Político, Wagner afirmou ter respeito pelo petista.
A respeito do comportamento do mandatário com as mulheres, tendo como base os recentes ataques disparados por ele à jornalista Vera Magalhães, durante debate realizado pela Bandeirantes no último domingo, 28, Raimundo não demonstrou surpresa.
“Eu convivi com o presidente Bolsonaro 24 anos como deputado federal, ele teve 7 mandatos e eu tive 6. A postura do presidente Bolsonaro sempre foi essa, independente de ser presidente ou não, é o posicionamento dele pessoal”.
No entanto, ele pondera que seu posicionamento não é o mesmo adotado por Bolsonaro. Mas citou as entrevistas realizadas pelo Jornal Nacional, com os postulantes à Presidência da República, comparando as participações de Lula e Bolsonaro.
“Se você vê o debate da Globo com o presidente Bolsonaro e o debate da Globo com o Lula, alguma coisa está errada. Me desculpe os senhores, senhoras jornalistas. Os tratamentos tem que ser iguais, coisa que eu não vi”.
Segundo Raimundo, esse perfil adotado por Bolsonaro “é o que muita gente da população deseja que o político seja também”. “E alguns dizem ‘presidente você não devia fazer isso’, descaracterizar, a pessoa é dele. Às vezes eu conversando com o General Mourão, o perfil do presidente é esse”, diz.
Quanto aos escândalos de corrupção no governo de Bolsonaro, Raimundo relativizou e voltou a tocar nos governos petistas. “O que nós podemos alegar e afirmar é que no caso do MEC, houve de qualquer forma uma certa interferência de pastores com o ministro mas não houve nada do tesoureiro do PL, do ministro do PL, do presidente da República dizer 'vá fazer isso e me dê tantos milhões de reais', diferentemente do PT”, finalizou.