Candidatos ao Governo do Ceará participaram de mais um debate na noite desta sexta-feira, 16, em Fortaleza. No encontro, promovido pelo Sistema Verdes Mares, Capitão Wagner (UB) e Roberto Cláudio (PDT) levantaram acusações de corrupção contra Elmano Freitas (PT). O petista acusou os adversários de combinarem perguntas para o atacar, no que seria uma espécie de dobradinha entre os outros dois candidatos.
Wagner e RC voltaram a comentar sobre a existência de um suposto esquema de cooptação de prefeitos com verbas públicas do Governo do Estado em benefício da campanha de Elmano. O assunto entrou em discussão durante o bloco de confronto direto, quando Wagner pediu que o pedetista explicasse a denúncia feita pela sua coligação contra a campanha do petista.
Em tom amistoso, RC agradeceu a Wagner pela pergunta e reafirmou que houve favorecimento a prefeitos que anunciaram adesão ao candidato do PT. “Alguns municípios em que foi dado o apoio [pelos prefeitos] à candidatura do Elmano receberam aditivo de recursos públicos, é batom na cueca, infelizmente”, afirmou.
“O município de Granja, depois do anúncio do apoio, saiu de R$ 19 milhões para R$ 35 milhões. Aracati, que resolveu me apoiar, foi cortado obra, recurso e convênio. Uma coisa absolutamente repudiável”, continuou o candidato, antes de devolver a palavra para Wagner.
Na réplica, o candidato do União Brasil continuou tratando sobre o tema. “Uma denúncia muito grave. Eu queria deixar muito claro que a era da perseguição no Estado do Ceará se encerra no dia 31 de dezembro de 2022. [...] No nosso governo a gente não vai permitir que esse tipo de coação, que esse tipo de uso da máquina pública possa acontecer”, afirmou Wagner.
Incomodado com os ataques, Elmano pediu direito de resposta e foi atendido pela produção do debate. “Eu nunca imaginei ver o candidato Roberto Cláudio numa combinação de pergunta e resposta com o candidato Capitão Wagner”, disse o petista.
“Não é verdade que a Justiça Eleitoral acatou a denúncia cheia de mentiras dos advogados da campanha do Roberto Cláudio. Ao contrário, a Justiça decidiu abrir uma sindicância para apurar o que aconteceu porque os documentos estavam sendo entregues”, complementou.
Após se defender, Elmano contra-atacou RC afirmando que o pedetista não consegue reunir apoios das lideranças do seu próprio partido. “O Cid [Gomes] não lhe apoia, o Ivo [Gomes] não lhe apoia, porque você desagregou, porque a sua sede de poder lhe cegou”, afirmou.
Na resposta, Roberto Cláudio citou uma suposta denúncia de improbidade administrativa contra o petista que teria sido aceita pela Justiça. “Quem está desesperado pelo poder é quem está sendo denunciado por ilegalidades, o senhor mesmo já é réu de uma ação criminal de 2012 por uso da máquina pública e agora sua campanha parece querer renovar esse mesmo ato”.
Na réplica, Elmano negou ser alvo do processo mencionado pelo adversário. “O único processo que eu tenho foi por ter denunciado o seu irmão, na tribuna da Assembleia Legislativa, porque eu tenho coragem para fazê-lo”.
O candidato do PT voltou a ser acusado de corrupção durante embate com Capitão Wagner, que atribuiu a Elmano desvio de verbas da Educação de Fortaleza no período em que o petista foi Secretário da pasta, na gestão de Luizianne Lins (PT).
“Quem foi condenado por desviar 4 milhões de reais da Prefeitura de Fortaleza quando foi secretário de Educação foi vossa excelência. Isso é fato público, o Tribunal de Contas o condenou a devolver 4 milhões de reais e não sou eu que vou justificar ou explicar esse fato”, disse Wagner.
Em sua defesa, Elmano alegou que o caso estaria relacionado a uma prestação de contas ainda analisada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). “Eu tenho muita tranquilidade de que o tribunal vai reconhecer toda a documentação enviada por nós”, explicou.
Na saída do debate, Elmano foi questionado sobre o tema durante coletiva de imprensa com jornalistas. Segundo ele, a acusação de Wagner é “absolutamente infundada”. O petista disse ter apresentado um recurso ao TCE e espera julgamento favorável. “Tenho absoluta tranquilidade em relação ao que foi apresentado, sei que foi com o objetivo de criar um fato político”, afirmou.
Ainda na conversa com a imprensa, o petista voltou a falar sobre suposta combinação de perguntas entre os adversários para atacá-lo conjuntamente. Questionado sobre o assunto, Wagner negou. “Eu acho que o candidato distorceu. [...] Em nenhum momento conversei com o candidato Roberto Cláudio”, disse.
Assim como no debate anterior, realizado pelo O POVO na última segunda-feira, 12, não houve embates com carga de tensão entre Roberto Cláudio e Capitão Wagner. Elmano, no entanto, foi confrontado enfaticamente pelos dois adversários.
Uma das estratégias de revide do petista foi associar Wagner a motins de policiais a ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o chamando de “Capitão do Bolsonaro”. Já RC foi taxado de ingrato pelas críticas que têm feito aos governos de Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (sem partido), de quem foi aliado até o rompimento entre PT e PDT.