O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) abriu a segunda-feira, 26, com um gesto enfático na contramão das pretensões do PT, ou seja, assegurando que manterá a candidatura presidencial, ainda que cresçam os apelos para que ele apoie o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na reta final da disputa nacional, de modo a deixar o petista ainda mais próximo da vitória em primeiro turno.
"Nada deterá minha disposição de seguir em frente a empunhar a bandeira do novo projeto nacional de desenvolvimento e também a denunciar os corruptos, farsantes e demagogos que tentam ludibriar a fé popular com suas falsas promessas", disse o candidato, ao lado da esposa Giselle Bezerra, na sede de seu partido em São Paulo na manhã dessa segunda.
"Minha candidatura está de pé para defender o Brasil em qualquer circunstância", continuou. O pedetista tem classificado a pressão crescente como um "fascismo de esquerda”, já tendo variado na definição para comparar integrantes do PT a "nazistas".
Ciro voltou a dizer que Jair Bolsonaro (PL) não existiria sem os governos petistas, e que Lula "não sobreviveria em sua ameaçadora decadência" sem os "desatinos criminosos de Bolsonaro".
Sobre o voto útil, o ex-governador do Ceará afirmou que adversários tentam privar a população do "direito de expressar seus sonhos e testar a força de suas posições". E concluiu: "por mais jogo sujo que pratiquem, não me intimidarão".
No mesmo dia, dois apoiadores de Ciro do campo artístico deram sinalizações contrárias ao pleito do pedetista e em favor de Lula. O cantor e compositor baiano Caetano Veloso gravou vídeo em que cita o líder histórico maior do PDT, o ex-governador Leonel Brizola (1922-2004), para dizer que artistas não dão votos, mas tiram, ao que o vídeo se encerra com "#TiraGomes", um trocadilho com o nome do cearense que pede a transferência de votos dele para Lula.
Já o roqueiro Tico Santa Cruz, antes da leitura do manifesto por Ciro, postou foto ao lado de Lula e defendeu que o voto no petista é "para que possamos sobreviver". "Não dê mais 30 dias para ataques a democracia", escreveu o artista sobre a necessidade de que a disputa acabe em primeiro turno.
Pesquisa Ipec para presidente da República mostra o candidato do PT com 48% das intenções de voto. Candidato à reeleição, Jair Bolsonaro totalizou 31%. Lula oscilou um ponto para cima e Bolsonaro ficou estático. Ciro Gomes oscilou um ponto para baixo e tem 6%. Simone Tebet (MDB) ficou com 5%. (com Agência Estado)