O MDB divulgou nota, ontem, na qual libera seus filiados para se manifestarem no segundo turno da eleição presidencial "conforme sua consciência". O partido enfatizou a defesa em favor da liberdade, democracia e povo brasileiro e destaca que, em qualquer cenário, "cobrará do vencedor o respeito ao voto popular".
Representantes de peso do partido anunciaram ontem apoios aos dois lados da disputa, evidenciando uma divisão interna que já havia no primeiro turno. "Nas últimas 48 horas, dirigentes, congressistas, governadores e prefeitos externaram sua posição em relação à disputa nacional em segundo turno. Por ampla maioria, o MDB decidiu dar liberdade para que cada um se manifeste conforme sua consciência", diz a nota divulgada pelo partido.
O governador reeleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), oficializou ontem apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é aliado. No mesmo dia, o governador do Pará, Helder Barbalho, também reeleito, e a candidata do partido à Presidência, Simone Tebet, anunciaram que vão apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-presidente Michel Temer (MDB) pretende anunciar, amanhã, uma posição contrária a Lula no plano nacional, e apoio ao ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Mais cedo, um auxiliar do ex-presidente havia dito à reportagem que Temer e Bolsonaro estariam negociando uma lista de compromissos institucionais e propositivos para que o emedebista anunciasse apoio oficial à reeleição.
A disposição inicial de Temer, que está em Londres, era declarar o apoio explícito a Bolsonaro, mas o ex-presidente foi pressionado por correligionários apoiadores de Lula ao longo do dia e optou por adotar uma narrativa mais cautelosa. Ou seja: se colocar contra Lula, mas sem pedir votos ao atual presidente.
Os petistas até tentaram articular uma aproximação entre Lula e o emedebista, mas as conversas não avançaram. Segundo interlocutores, uma eventual aliança ficou inviabilizada após o petista chamar Temer de "golpista", em discursos e em debate.
Ainda segundo o entorno de Temer, o apoio a Tarcísio é um gesto para o prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB). Principal nome da sigla no Estado, Nunes projeta uma disputa contra o PT ao tentar a reeleição na disputa municipal de 2024 e, por isso, precisa se posicionar contra o candidato petista ao governo paulista, Fernando Haddad.
Nunes e o presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi, declararam ontem apoio a Tarcísio no segundo turno. "Por indicativo do nosso prefeito Ricardo Nunes e em votação unânime, o MDB de São Paulo se une a esta campanha do Tarcísio que, no nosso entender, é o mais preparado, qualificado tecnicamente e moralmente para poder conduzir os destinos do nosso estado", afirmou Baleia Rossi.
Nunes citou "itens de compromisso" para anunciar o apoio. Anteontem, Tarcísio recebeu apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tinha o MDB em sua chapa derrotada, e do PP, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Tarcísio também confirmou ontem o embarque do União Brasil em sua candidatura.
O ex-ministro de Jair Bolsonaro disse que há um "alinhamento total" de sua candidatura ao governo com a Prefeitura de São Paulo. "A sinergia do governo do Estado com a prefeitura vai fazer com que a gente faça a diferença na vida das pessoas", defendeu.
Tarcísio reforçou promessas de sua campanha, como a revitalização do centro da capital paulista. "Saio daqui extremamente motivado com essa aliança. Tenho certeza que estamos construindo um projeto que vai ser sucedido no segundo turno, vitorioso."
PSD
Além de Ibaneis, Bolsonaro recebeu ontem apoio público de outro governador reeleito: Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, que prometeu engajamento com os prefeitos paranaenses. Em âmbito nacional, seu partido, o PSD, que é presidido por Gilberto Kassab, declarou neutralidade e liberou seus filiados.