O primeiro ato no 2º turno em favor da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Ceará teve a presença do senador Cid Gomes (PDT). Se há quatro anos o ex-governador dissera um sonoro e histórico "o Lula tá preso, babaca", desta vez o clima foi de paz e grande união.
Refletida no número de lideranças, até mesmo adversárias, em um palanque, o que fez com que o cerimonialista pedisse que deixassem o local onde faziam fotos e trocavam cumprimentos, após o evento, pois o centro da plataforma estava cedendo com o peso de todos reunidos.
A deputada federal reeleita Luizianne Lins (PT) estava ao lado de Cid. Arquirrival de Ciro Gomes (PDT), distante dali, Eunício Oliveira (MDB), que presidiu o Congresso Nacional e voltará a Brasília como deputado, também estava lá, assim como Zezinho Albuquerque (PP) e Evandro Leitão (PDT), estes dois de olho na cadeira de presidente da Assembleia Legislativa (AL-CE).
A governadora Izolda Cela (sem partido) foi saudada pelas lideranças e afirmou que Jair Bolsonaro (PL) é uma liderança "imprópria para menores" e para "maiores". Ela fez o "L" de Lula ao som do jingle histórico "sem medo de ser feliz".
Todos ouviram de Camilo Santana (PT) que a meta é o Ceará dar a Lula 75% dos votos, um resultado similar ao do Piauí no primeiro turno, de 74,25%, maior percentual em favor do petista, que teve a preferência de 65,91% da preferência dos cearenses.
No Estado, Ciro obteve o dobro do rendimento obtido no País. Enquanto na esfera nacional teve 3,04%, no plano estadual amealhou 6,80%. Diante das críticas dele a Lula, a migração do eleitorado dependerá da participação de pedetistas no percurso político que se encerra dia 30.
Cid disse a Camilo que ligou pessoalmente para os prefeitos do PDT para dizer-lhes que a vitória de Lula é importante para o Ceará. Em coletiva de imprensa, Cid afirmou que deseja ver o PDT no governo Elmano de Freitas (PT), mas a decisão será tomada em conjunto.
A maioria da bancada de 13 deputados do PDT, senão a totalidade dela, está propensa a aderir ao governo Elmano. A eventual participação da legenda será fundamental para a governabilidade, no período que se inicia.
A bancada de deputados estaduais e federais do PDT esteve reunida na manhã de ontem, no escritório de Cid, na avenida Desembargador Moreira, quando ele pediu que contribuíssem para a vitória de Lula no Ceará.
"Eu estou aqui, em primeiro lugar, pelo Brasil. O Brasil não pode ter mais quatro anos de gestão, se é que a gente pode dizer assim, do Bolsonaro. É um governo sem rumo, biruta, que não sabe o que faz na saúde e na educação", iniciou o senador no palanque.
"A segunda razão é o meu estado do Ceará. O povo cearense elegeu em primeiro turno o Elmano Freitas para governar esse Estado e para a sua gestão é fundamental que a gente tenha um governo que seja republicano, sério, que trate com responsabilidade e acima da politicagem os gestores deste País", continuou o discurso.
O terceiro motivo, disse o senador, foi um pedido de Camilo Santana. "Meu querido amigo, Camilo, me pediu que eu ajudasse na mobilização de amigos do PDT para este segundo turno. (...) Não sossegarei enquanto não tiver cada um dos filiados do PDT engajado nessa luta", completou Cid.
No primeiro turno, Cid fez campanha para o irmão Ciro Gomes (PDT), quarto lugar na corrida ao Planalto. Na eleição para governador, contudo, o senador optou pela neutralidade e se ausentou completamente da campanha do candidato do seu partido, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT).
Para Eunício Oliveira, apesar dos confrontos entre o PDT de Ciro e o PT de Lula, a união das legendas em segundo turno é um imperativo moral, pois Bolsonaro se revelou danoso para o Nordeste, com, por exemplo, declarações preconceituosas. (colaborou Luciano Cesário)
Cid sobre se afastar da campanha: "Fiz o que podia para respeitar decisão do Ciro"
O senador Cid Gomes (PDT) disse ontem que a sua ausência da campanha para Governo do Estado no primeiro turno das eleições foi "para respeitar a decisão" do irmão Ciro Gomes (PDT), fiador da escolha de Roberto Cláudio (PDT) como candidato.
"Na política, o que eu podia fazer para respeitar a decisão do Ciro, eu fiz, que foi exatamente me ausentar no primeiro turno, em relação ao Governo do Estado, em respeito à decisão dele", respondeu Cid ao ser questionado em coletiva de imprensa sobre o clima de divisão familiar, evidenciado por Ciro durante entrevistas em que ele disse ter sofrido "facada nas costas" no Ceará.
Na campanha, Ciro também afirmou que a falta de apoio dos irmãos Cid e Ivo Gomes, este último prefeito de Sobral, à candidatura de Roberto Cláudio é uma "ferida aberta" que carregará consigo até os últimos dias de vida.
Na conversa com os jornalistas, que ocorreu durante ato de campanha em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Fortaleza, Cid falou que "qualquer outra questão que ainda perdure (na relação com Ciro), é questão de família e isso a gente tem que resolver entre quatro paredes e não em público".
O evento pró-Lula, realizado no comitê de campanha do petista na Capital cearense, foi comandado pelo governador eleito Elmano de Freitas (PT) e pelo senador eleito Camilo Santana (PT). O ato reuniu prefeitos, deputados e lideranças políticas de Fortaleza e do Interior para fortalecer no Ceará a campanha de segundo turno do ex-presidente na disputa pelo Planalto.
Com informações de Carlos Holanda