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Luizianne sobre reencontro com Cid Gomes: "Foi um abraço de velhos aliados"
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Luizianne sobre reencontro com Cid Gomes: "Foi um abraço de velhos aliados"

| Entrevista | Deputada federal reeleita com maior votação em Fortaleza, Luizianne Lins fala sobre reaproximação política com Cid Gomes e a importância do apoio do senador para a campanha de Lula no Ceará
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Luizianne no ato comandado por Elmano e Camilo a favor de Lula (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Luizianne no ato comandado por Elmano e Camilo a favor de Lula

Quando o assunto parecia girar demais em torno de outros personagens, todos homens, a deputada federal reeleita Luizianne Lins (PT), campeã de votos em Fortaleza, com número digitado nas urnas da Capital 119.326 vezes, pediu aos dois repórteres que falassem dela.

Personagens e episódios citados o foram porque têm ligação direta ou indireta com a trajetória da petista, inclusive na perspectiva de seus desdobramentos futuros. Foi nesse contexto, então, que ela indicou a possibilidade de uma reviravolta: a de se recompor com o senador Cid Gomes, do PDT de Ciro Gomes, Roberto Cláudio e José Sarto, dos quais evitou falar.

No último dia 10, Luizianne até dividiu palanque com Cid e outros nomes que apoiaram as candidaturas bem sucedidas de Elmano de Freitas (PT) ao Governo e Camilo Santana (PT) ao Senado.

De acordo com o pensamento da ex-prefeita, não há tempo para cultivar intrigas num período que antecede a principal eleição desde a redemocratização do País, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) em lados opostos. Confira a entrevista concedida no comitê de Luizianne, na Avenida da Universidade, perto da sede do Partido dos Trabalhadores:

O POVO - Deputada, queria falar do senador Cid Gomes. Os últimos posicionamentos que ele adotou nessa campanha de 2022, defendendo a candidatura do ex-governador Camilo Santana ao Senado Federal e se colocando neutro entre as candidaturas do PDT, do Roberto Cláudio, e do PT, do seu amigo Elmano de Freitas, podem eventualmente reaproximar vocês?

Luzianne Lins - Eu acho que a história tratou da reaproximação, é só você ver o palco que tava lá naquele dia. Se em 2012 a gente teve uma fissura política e o candidato era o Elmano e houve aquela situação toda, né? O que a gente teve agora, de fato, foi uma reaproximação do ponto de vista do aspecto político. Eu acho que ele entendeu de apoiar o Lula, como senador da República, como uma pessoa progressista, ele fazer de tudo para levar os pedetistas para fazer a campanha do Lula. Eu acho que a história tratou de fazer essa reaproximação na política.

OP - No dia do evento, ele deu um abraço na senhora. Falou alguma coisa?

Luzianne - Foi um abraço de velhos aliados que se reencontraram num momento importante da luta política.

OP - Qual o peso do apoio do Cid à campanha de Lula no Ceará. E, ao mesmo tempo, qual o peso da ausência de Ciro nesse processo?

Luzianne - Vocês deviam perguntar de mim e não dos outros. Vocês ficam me perguntando de Cid e de Ciro, era pra perguntar de mim, porque de mim eu sei dizer, né? Mas dos outros eu só vou ter uma opinião, eu vou ter uma ideia... até porque vocês viram as pesquisas... a maioria dos eleitores do Ciro não vão para o Lula, majoritariamente, vão para o Bolsonaro. 

O POVO - Ele [Ciro Gomes] despolitizou a militância dele, em síntese? 

Luzianne - Eu acho que o posicionamento, a grosseria, o ranço dessa coisa, levou as pessoas a esse tipo de comportamento. Acaba encontrando sintonia com quem sente isso... não é momento também de acirrar confusão nenhuma, meninos... 

OP - Pensando em 2024. Elmano governador, caso Lula seja eleito, Camilo senador, Cid mais próximo... a senhora poderia estar num palanque hipotético com essas quatro forças, pensa numa candidatura à Prefeitura de Fortaleza novamente?

Luzianne - Agora, sinceramente, eu não penso em nada. Sabe o que é que eu penso? Em eleger o Lula, 24 horas por dia. Só penso nisso até o dia 30 de outubro, é a minha única tarefa, minha missão dia após dia. Até porque eu sou da área de vocês, porque tenho filho jovem, porque eu penso na monstruosidade que vai ser se esse homem [Bolsonaro] continuar e vocês viram como tá difícil no Sul, então somos nós que vamos fazer o dever de casa. Existe um espaço significativo de eleitores aqui, falando especificamente do Ceará e de Fortaleza, de eleitores que votaram no Ciro e na Simone Tebet (MDB), então eu acho que a gente tem de ir atrás desses votos, de quem não votou, por ventura os nulos e brancos que queiram reconsiderar... então, eu acho que ainda temos uma margem grande para crescer e a gente tentar compensar a questão nacional, porque ela está posta como uma grande esfinge e o nordestino tem uma grande responsabilidade, talvez até por sermos mais politizados. 

OP - Sobre 2024. A senhora falou que é cedo para fazer avaliações e prospectar cenários, mas é um futuro que se imporá ao fim destas eleições. A senhora descarta ou não concorrer novamente à Prefeitura de Fortaleza? E, não concorrendo, qual a chance de o PT apoiar a possível candidatura à reeleição de José Sarto? 

Luzianne - Vou dizer de novo para você. Não vou falar sobre isso. Simplesmente, existe um Brasil que vai sair da urna no dia 30 de outubro. E esse Brasil vai ser o Brasil da barbárie ou da civilização. Então, assim, não posso me dar ao direito de falar sobre esse tipo de coisa em nenhuma hipótese, porque minhas energias não estão canalizadas para qualquer confusão. Eu vivi muito duramente a prisão do Lula, não sei se vocês sabem, eu estive nove vezes lá em Curitiba, na vigília, eu estava em São Bernardo do Campo quando Lula se apresentou para a Polícia Federal, estava lá também quando ele voltou, então assim, para mim foi uma luta muito dolorosa. Eu sou filha política do Lula. Em 1989, quando eu estava entrando na universidade o Lula foi candidato pela primeira vez. Eu sou de toda uma geração que embalou o sonho de ver um metalúrgico presidente da República. Isso se configura alguns anos depois, em 2002. Eu sempre falo, nas minhas falas, que a gente achava que ali eram as eleições das nossas vidas, que a gente iria colocar o Brasil no rumo certo, só que se passaram vinte anos, de um grande erro que a esquerda teve, dos setores progressistas, de achar que a democracia estava consolidada e a gente nunca viu tanta destruição em tão pouco tempo.

OP - A senhora acha que o Elmano fará uma administração mais à esquerda do Cid e à esquerda do Camilo? 

Luzianne - Acho que ele vai ter o estilo próprio dele de governar. Porque, de uma certa forma, eu acho que são outras forças que vão estar participando desse processo. Acho que quem quiser construir será bem-vindo, mas acho que ele vai ter a forma dele de fazer. 

OP - Ele seria um governador mais petista do que Camilo? 

Luzianne - Vocês sempre estão querendo que eu compare alguém a alguém e eu não vou fazer isso. Deixa eu dizer: por que que vocês não destacam que eu fui a mais votada de Fortaleza? Inclusive em relação a todos os outros bolsonaristas da face da Terra, que eu não tive nenhum prefeito que me apoiou, de nenhum lugar. Dos 184 municípios, nenhum prefeito me apoiou.

OP - A que a senhora atribui, então, essa votação expressiva sem o apoio dos prefeitos? 

Luzianne - Acho que é o povo, eu acho que é esse diálogo, acho que a forma de fazer política de verdade, a forma verdadeira de a gente enfrentar as coisas, de a gente dizer as coisas, de a gente chamar as coisas pelo nome que elas têm, de a gente entender a política como um espaço transformador... eles [bolsonaristas] fazem apologia das armas, a nossa é o voto... eles vêm com arminhas, nós vamos com coraçãozinhos. A forma como a gente encara esse momento, que é um momento muito grave e a política não é uma partida de futebol. Você precisa explicar, porque as pessoas estão envolvidas nos seus próprios problemas, lidando com a fome, lidando com o desemprego, a maioria das pessoas é assim, né? Não é como nós estamos aqui, conversando sobre política. A maioria das pessoas tem de acordar no outro dia e saber como alimentar os filhos porque estão desempregados, o gás está caro, o leite é um absurdo e tudo mais... eu já fui prefeita, então eu conheço a vida do povo. Quando eu tive a oportunidade de conhecer o empresário mais rico dessa cidade eu também conheci a pessoa mais necessitada dessa cidade, então eu tenho a obrigação de fazer essa leitura.

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