O presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no centro de uma polêmica durante o último fim de semana. O candidato à reeleição foi alvo de críticas após afirmar que "pintou um clima" ao ver, durante passeio de moto no Distrito Federal, um grupo de venezuelanas de 14 e 15 anos. As afirmações ocorreram em entrevista a um podcast com influenciadores esportivos.
Os recortes da fala do chefe do Executivo, que disputa a reeleição contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), logo tomaram conta das redes sociais, gerando repercussão negativa entre opositores, personalidades da cultura e políticos de todo País.
Devido a proporção do ocorrido, o presidente fez uma live na madrugada do domingo, 16, para se defender de acusações de pedofilia. "O PT ultrapassou todos os limites. Vinham falando há pouco barbaridades. Mexem com a minha vida particular, fazem barbaridade. Agora fizeram uma que extrapolou todos os limites", disse Bolsonaro.
Ele argumenta que fez a transmissão ao vivo do episódio, na época, para mostrar sua indignação com a situação das meninas venezuelanas. "O PT está tentando me desqualificar, distorceu, como se eu fosse uma pessoa que entrasse naquela casa com outros interesses", afirmou.
Durante a entrevista, o presidente havia falado que estava em Brasília, na Comunidade São Sebastião. "Parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas... Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei", contou.
Na sequência, ele diz que pediu permissão para entrar na casa. "Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida", afirmou.
O conteúdo da entrevista de Bolsonaro foi removido do Youtube. A plataforma alegou que o conteúdo "viola a política sobre informações médicas incorretas". Apesar de o assunto não ter repercutido, Bolsonaro, no mesmo podcast, havia minimizado a contaminação de crianças durante a pandemia da Covid-19 e falou que foi pressionado fechar escolas.
Ainda no domingo, Alexandre de Moraes, presidente do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), atendeu pedido da campanha do presidente e mandou retirar quaisquer menções ao vídeo das redes sociais do adversário petista, com multa de R$ 100 mil em caso de desobediência. "As plataformas digitais TikTok, Instagram, LinkedIn, YouTube, Facebook, Telegram e Kwai, bem como os representados, removam imediatamente o conteúdo objeto desta ação", diz a decisão.
Apesar disso, o deputado distrital Leandro Grass (PV), que coordena as atividades de Lula no DF, pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abra investigação. Randolfe, outro coordenador da campanha petista, pediu ao STF que intime Bolsonaro a prestar depoimento sobre o caso.
Michelle: marido "tem mania" de dizer "se pintar um clima"
A primeira-dama Michelle Bolsonaro saiu em defesa do marido, presidente Jair Bolsonaro (PL), após a repercussão negativa de uma declaração do chefe do Executivo e candidato à reeleição sobre um encontro com adolescentes venezuelanas, comentário que resultou em acusações de pedofilia. Segundo ela, o chefe do Executivo tem "mania" de usar o termo "se pintar um clima", utilizado por ele para contar o episódio sobre as meninas venezuelanas.
"Em tudo ele fala se pintar um clima. Vamos lá Bolsonaro jogar. Se pintar um clima um clima eu jogo com vocês. Amor, você não vai almoçar não? Se pintar um clima. Quer dizer que se a carne estiver boa, se a comida estiver boa, ele vai lá e come, porque não é muito de comida", disse a primeira-dama em evento com mulheres na manhã de domingo, 16, em Aracaju, Sergipe.
A fala de Bolsonaro viralizou nas redes e faz parte de entrevista a um podcast na última sexta-feira, 14, em que ele contou sobre um passeio de moto por São Sebastião, nas proximidades de Brasília, em abril de 2021.
Michelle disse ainda que "eles, esquerda, nos acusam de tudo o que eles são", fazendo referência adiante também ao aborto e à legalização das drogas, temas recorrentemente citados na campanha bolsonarista.
A primeira-dama foi escalada neste domingo para conter a crise negativa gerada pela fala do presidente, que já sofre com uma popularidade negativa entre o público feminino. Michelle e a ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos Damares Alves, entre outras aliadas que se elegeram no início do mês, percorreram vários estados do Norte e do Nordeste na última semana.
O senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair, também defendeu o pai. Ele afirmou mais ser "completamente abominável a mais nova mentira da esquerda". Ele acrescenta que pegaram "uma fala mal colocada" para gerar "fake news" e conclui: "Bolsonaro sempre foi um ferrenho combatente da pedofilia". (Agência Estado)
Campanha gasta mais de R$ 140 mil se defendendo
A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou ao menos R$ 145 mil até o fim da manhã deste domingo, 16, horas antes do primeiro debate do segundo turno, para promover anúncios com os dizeres "Bolsonaro NÃO é pedófilo".
O objetivo é rebater as acusações de pedofilia que viralizaram na internet graças a uma entrevista recente em que ele cita meninas venezuelanas e diz que "pintou um clima".
A equipe do presidente promoveu três anúncios semelhantes, sendo que dois deles já foram exibidos mais de 10 milhões de vezes. A ferramenta de publicidade política do Google não informa o valor exato gasto pela campanha, somente a faixa de preço. Duas propagandas custaram entre R$ 70 mil e R$ 80 mil, e uma, entre R$ 5 mil e R$ 6 mil.
As propagandas redirecionam para um site chamado "Verdades do Bolsonaro". (Agência Estado)