O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) voltou a atacar a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), anteontem, durante sua audiência de custódia. "Quero pedir desculpas às prostitutas pela má comparação, porque o papel dela (Cármen Lúcia) foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos, políticos. As outras fazem por necessidade", disse ele.
Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o ex-deputado foi detido no domingo, em sua casa, em Levy Gasparian, no Rio, onde cumpria prisão domiciliar, depois de publicar um vídeo nas redes sociais com ofensas à ministra do STF.
Na audiência, o ex-deputado também disse que Moraes tem um "problema pessoal" com ele. Jefferson afirmou que a relação dele com o ministro, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), "não é uma coisa de juiz jurisdicionado, virou de homem para homem".
"Ele diz que eu faço parte de uma milícia digital, mas eu acho que ele faz parte de uma milícia judicial no STF, por isso nós temos problemas", declarou Jefferson. "O ministro Alexandre montou uma delegacia de polícia e uma Gestapo no seu gabinete."
Jefferson é alvo do inquérito das milícias digitais, que investiga a atuação de uma "organização criminosa, de forte atuação digital, com a nítida finalidade de atentar contra a democracia e o estado de direito".
Detido em agosto no ano passado, ele teve a prisão convertida em domiciliar em janeiro deste ano. Agora, além do vídeo com ataques a Cármen Lúcia, "notórios e públicos" descumprimentos das medidas cautelares impostas motivaram a decisão de Moraes.
No domingo, Jefferson resistiu à prisão quando a Polícia Federal chegou à sua residência, no interior do Rio, para cumprir as ordens judiciais. Ele disparou tiros de fuzil contra os policiais e as viaturas e jogou três granadas. Dois agentes foram feridos por estilhaços, o que levou a PF pedir o indiciamento do ex-deputado por tentativas de homicídio.
Em depoimento, Jefferson disse ter dado 50 tiros de fuzil, mas "não para machucar". Segundo o ex-deputado, ele deixou um pedido de desculpas por escrito à PF. "Encontrei a moça que se machucou no cotovelo e na testa, e ela estava zangada", relatou ele na audiência de custódia.
Ferido no domingo, o delegado Marcelo Villela afirmou em depoimento que "indícios não deixam dúvidas" de que o petebista "aguardava a Polícia Federal e agiu de forma premeditada e com intenção de matar os policiais".
Na audiência, anteontem, a Justiça decidiu manter Jefferson preso. O ex-deputado, que estava detido no presídio José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio, foi transferido para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, na zona oeste.
Ontem, os advogados do ex-deputado voltaram a acionar o STF para reclamar que teriam sido impedidos de visitá-lo no presídio. A defesa disse que a explicação dada pela administração da cadeia foi a de que o STF não autorizou a entrada sem autorização judicial. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, mas não houve resposta até a conclusão desta edição.
Os advogados pediram a Moraes que notifique com urgência o diretor de Bangu 8 para liberar o acesso ao ex-deputado e citaram o risco de abuso de autoridade.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já havia pedido ao Supremo "autorização expressa" para o ex-deputado receber os advogados na cadeia. Na ocasião, o ministro do Supremo afirmou que, "obviamente", a ordem que restringiu as visitas a Jefferson, inclusive de líderes religiosos, familiares e advogados, não inclui a defesa do ex-deputado.