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Antes de assumir, Lula faz rodada de reuniões com chefes de Poderes e Lira
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Antes de assumir, Lula faz rodada de reuniões com chefes de Poderes e Lira

Presidente eleito encontrará nesta semana Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e Rosa Weber. Lista com os 50 nomes da equipe de transição deve ser anunciada hoje por Geraldo Alckmin
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LULA quer aprovação rápida da matéria (Foto: NELSON ALMEIDA / AFP)
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP LULA quer aprovação rápida da matéria

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reassumiu ontem formalmente a liderança da articulação política nacional. Antes de assumir o Palácio do Planalto pela terceira vez, Lula fará nesta semana uma rodada de encontros com chefes dos Poderes Judiciário e Legislativo. Na reunião mais simbólica do atual momento político, o petista vai se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para negociar a transição de governo e a relação do futuro presidente com o Congresso.

Aliado de primeira ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL), Lira tenta abrir canais com o futuro governo para tentar se manter na chefia da Câmara dos Deputados. O petista viaja para Brasília na noite de hoje pela primeira vez desde que foi eleito na disputa deste ano.

Ele terá encontros com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de Lira. Também deve se reunir com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

As conversas com Lira e Pacheco têm por objetivo a negociação da tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, por meio da qual o novo governo estuda emplacar um "waiver" (licença) para gastar além do teto em 2023 e cumprir promessas eleitorais. Os encontros têm o condão de reforçar a mensagem de que a eleição de Lula é respaldada pelos demais Poderes.

Transição formal

Em 2002, ano de sua primeira vitória presidencial, Lula foi para Brasília na terça-feira logo após o segundo turno, quando se reuniu com o então presidente Fernando Henrique Cardoso para dar início aos trabalhos de transição.

Desta vez, o processo formal de transição se deu por meio do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), em articulação com a equipe de Lula - Bolsonaro não reconheceu formalmente e explicitamente a derrota e não contatou o adversário para parabenizá-lo pela vitória nas urnas.

Na capital federal, Lula vai se encontrar com Lira em um momento crucial para os dois. O petista quer negociar a licença para gastar e cumprir as promessas de campanha e o presidente da Câmara tenta atrair apoio do PT para a reeleição no comando da Casa, em 2023. Também age para manter o poder sobre as emendas do orçamento secreto.

A possibilidade de acordo entre os dois é minada por disputas internas e divisões que já ocorrem na equipe do futuro governo. No mesmo dia, Lula deve bater o martelo sobre a PEC da Transição, costurada pela equipe do novo governo para cumprir promessas de campanha, como a manutenção do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) no valor de R$ 600 em janeiro

'Imperador'

Em maio, ainda na pré-campanha, Lula começou a atacar o Congresso e criticar o poder de Lira sobre o orçamento. O petista chamou o presidente da Câmara de "imperador do Japão", levando Lira a responder que poderia ser comparado a um imperador, "mas nunca a um ditador".

Depois, em agendas de campanha, Lula classificou o Congresso como o "pior da história" e ainda disse que iria "dar um jeito no Centrão", grupo do presidente da Câmara. "A conversa será boa. Ambos no clima, hora de colocar água fria e apaziguar ânimos", declarou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), um dos petistas escalados para fazer a ponte entre Lula e Lira.

Os dois conversaram por telefone no domingo do segundo turno, após o TSE declarar Lula eleito. Segundo aliados do presidente da Câmara, o tom da conversa foi cordial e positivo. Tanto Lira quanto seu pai, Benedito, ex-senador, foram por longo tempo aliados dos governos do PT no Congresso.

O telefonema começou com Lula perguntando da saúde do pai do parlamentar, o que animou e "desarmou" o deputado, de acordo com interlocutores.

Equipe

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), vai anunciar hoje, em Brasília, os nomes da equipe de transição. O governo eleito pode indicar até 50 nomes que assumem oficialmente cargos na transição, além de voluntários. Alckmin coordena o grupo com o apoio da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro Aloizio Mercadante.

Na lista da equipe de transição constam os nomes do ex-chanceler Celso Amorim, que vai liderar a transição na área de relações exteriores; Luiz Henrique Paim, que deve coordenar a área de Educação a pedido de Fernando Haddad (PT); o economista André Lara Resende e o deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP); além de nomes indicados pelos 11 partidos, fora o PT, que apoiaram a chapa de Lula e Alckmin.

O ex-tucano Floriano Pesaro (PSB), braço direito de Alckmin, deve trabalhar na área administrativa da transição. A mulher de Lula, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, vai comandar a organização dos preparativos para a posse. Nenhum integrante foi oficialmente anunciado até o momento.

Viagens

Lula passou o dia de ontem em reuniões que duraram o dia todo. Além de discutir a equipe de transição e a agenda para os próximos dias, o presidente eleito também passou a organizar a viagem para o Egito, onde participará da Conferência do Clima, a COP-27, a convite do governo egípcio.

Fez também uma longa reunião para discutir a questão orçamentária. A viagem para o Egito deve ocorrer na próxima segunda-feira. No retorno ao Brasil, Lula passará por Portugal, para uma rápida visita a convite das autoridades portuguesas.

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