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Alvo de hostilidades em NY, ministros do Supremo atacam atos bolsonaristas
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Alvo de hostilidades em NY, ministros do Supremo atacam atos bolsonaristas

"Democracia foi atacada no Brasil, mas sobreviveu", diz Alexandre de Moraes em evento nos EUA
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MORAES criticou milícias digitais que boicotam instituições democráticas (Foto: Vanessa Carvalho/Divulgação)
Foto: Vanessa Carvalho/Divulgação MORAES criticou milícias digitais que boicotam instituições democráticas

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram alvo ontem de hostilidades por parte de um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), em Nova York.

Cinco integrantes da Corte máxima do País participaram na cidade americana de um debate sobre "o respeito à liberdade e a democracia", durante o qual fizeram duras críticas aos atos com mensagens antidemocráticas que apoiadores de Bolsonaro realizam desde o resultado da eleição presidencial - quando o atual ocupante do Palácio do Planalto foi derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Duas semanas após o segundo turno das eleições, manifestações convocadas por apoiadores de Bolsonaro que questionam o resultado das urnas persistem na porta de quartéis do Exército. Concentrações são mantidas, por exemplo, nas sedes de comandos militares em São Paulo e no Rio.

Os manifestantes defendem ações contra o Supremo e fazem pedidos de intervenção federal. Hoje, na comemoração da Proclamação da República são esperados mais manifestantes nas ruas.

O governo do Distrito Federal decidiu impedir o trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios e manterá bloqueado o acesso de pedestres à Praça dos Três Poderes, onde fica a sede do Supremo. A Corte é o principal alvo dos ataques de bolsonaristas na capital federal.

"Supremo é o povo. O povo se pronunciou, e a eleição acabou, só cabe respeitar o resultado. O resto é espírito antidemocrático, quando não selvageria", disse o ministro Luís Roberto Barroso, que participou do evento - organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), entidade criada pelo ex-governador João Doria, que estava presente - ao lado de Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes.

"Criou-se uma lenda no Brasil de que o Supremo Tribunal Federal é contra o presidente. Todos os presidentes tiveram queixas do Supremo, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff. A única diferença é que nenhum deles atacou o Supremo. Nós não temos lado, só o das instituições", completou Barroso.

Na sua intervenção, Gilmar seguiu na mesma linha. "É preciso perguntar se não há um cenário de absoluta dissociação cognitiva, principalmente quando lunáticos pedem intervenção militar." Toffoli criticou o fato de os "autoproclamados conservadores" terem fechado estradas após o resultados das eleições, interrompendo o direito de ir e vir. "Não podemos deixar que ódio entre no nosso país."

Escolta

Um grupo de manifestantes com bandeiras do Brasil e cartazes com mensagens antidemocráticas e apoio às Forças Armadas se posicionou em frente ao hotel onde estavam hospedado os ministros do STF, o ex-ministro da Corte Carlos Ayres Britto, além de empresários e políticos como o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB).

Conforme vídeos que circulavam na internet, na noite de domingo, Moraes, Gilmar e Lewandowski foram hostilizados na porta do hotel, sob gritos de "ladrão, bandido, vagabundo". Eles deixaram o local com escolta de seguranças.

Segundo a gravação, Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não responde às agressões, mas sorri levemente. Os manifestantes gritam então: "Ei, Xandão, seu lugar é na prisão!" Outro vídeo mostra Moraes sendo provocado por uma pessoa em um restaurante. O ministro chega a levantar quando é desafiado a ir para fora do estabelecimento. O homem deixa o local em seguida.

Já Barroso é seguido por uma brasileira pela Times Square, região central de Manhattan, conforme registro em vídeo. Outra gravação exibe o ministro sendo hostilizado. "Nós vamos ganhar esta luta. Cuidado! Você não vai ganhar o nosso país. Foge!", diz uma manifestante a Barroso, que retruca: "Minha senhora, não seja grosseira. Passe bem".

‘Ódio’

Principal alvo dos manifestantes, Moraes fez um discurso enfático durante o evento, pautando sua fala na falta de regulamentação das redes sociais, nos ataques à democracia e nos questionamentos à credibilidade do sistema eleitoral.

"A democracia foi atacada no Brasil, mas sobreviveu", disse. "A desinformação e o discurso de ódio vêm corroendo a democracia." Questionado se sua conduta à frente do TSE contra fake news não pode ser confundida com censura, o ministro afirmou que quer levar "a lei para as redes."

O presidente do TSE também falou sobre o relatório do Ministério da Defesa que descartou fraude nas urnas. "Pode haver vida extraterrestre? Pode", ironizou. Em seguida, reafirmou que o sistema é seguro. Ele observou que o Tribunal de Contas da União auditou 4.100 urnas e os militares, 360.

Ao final, os manifestantes foram para os fundos do Harvard Club, onde estava sendo realizado o evento Brazil Conference. Era possível ouvir os protestos, já que usavam um megafone.

Em nota, a presidente do STF, ministra Rosa Weber, condenou os episódios. "A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão."

Os organizadores reforçaram a segurança para as palestras de hoje, cujo tema será economia.

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