O Psol enfrenta divergências internas para definir se fará parte da base de apoio do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou se manterá postura independente em relação à próxima gestão. O presidente Nacional do Psol, Juliano Medeiros, e o deputado federal reeleito Glauber Braga (Psol-RJ), expuseram visões diferentes nesta segunda-feira, 5. A direção nacional vai se reunir no dia 17 para tomar a decisão.
De acordo com Glauber, pelo indicativo de correntes políticas da sigla que se posicionaram publicamente, já é possível aferir que o partido terá maioria da direção nacional para firmar independência em relação à gestão petista.
Segundo o parlamentar, a posição independente, sem ocupação de cargos no Executivo, é mais benéfica ao governo para que a sigla possa fazer enfrentamento às "chantagens do Centrão". "Quando você ocupa cargos como base, você fala para dentro e perde sua capacidade inclusive de fazer esse enfrentamento com eles para fora", explicou Braga. A líder do partido na Câmara dos Deputados, Sâmia Bomfim (SP), também afirma que a maioria defende a independência.
Juliano Medeiros, porém, destaca que a decisão só será tomada no próximo dia 17, em reunião do Diretório Nacional. "Até lá teremos muitos debates sobre as tarefas do partido a partir de 1º de janeiro. Estou certo de que o Psol não virará as costas para Lula e para o governo que ajudou a eleger. Vamos ajudar a reconstruir o Brasil!", escreveu no Twitter.
A defesa da independência esbarra em outro nome com força interna na sigla, o deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol-SP), que fez campanha para Lula e que atualmente compõe a equipe de transição do petista. "Não tenho dúvidas de que o Psol irá ajudar Lula a reconstruir o Brasil", escreveu Boulos no Twitter nesta segunda.
A vontade por independência se dá pelo entendimento de parte do Psol de que há divergências ideológicas com outros partidos da aliança construída pela campanha de Lula, e que ser base restringiria a atuação dos parlamentares.
A partir da posição independente, de acordo com Glauber Braga, a legenda pode manter suas bandeiras e dar "tratamento eficaz" por meio de "denúncias permanentes à extrema-direita, à direita neoliberal e aos partidos que deram sustentação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL)".
O Psol formalizou federação com o partido Rede e as siglas devem caminhar juntas nos próximos quatro anos. Apesar da junção, o PSOL tem liberdade para aderir, mesmo que isolado, à posição de independência.
A federação elegeu 14 deputados para a próxima legislatura, sendo 12 filiados ao Psol.
O Psol foi fundado no primeiro governo Lula, a partir de dissidentes do PT que divergiram do governo. De lá para cá, sempre foi oposição federal.
Com Agência Estado