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Lula "infla" PT nos ministérios e adia decisão sobre MDB e Centrão
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Lula "infla" PT nos ministérios e adia decisão sobre MDB e Centrão

| Transição | Presidente eleito prioriza aliados mais próximos e deixa para depois acomodação de partidos como MDB, PSD e União Brasil na Esplanada
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LULA anunciou pacote de novos ministros ontem no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Foto: EVARISTO SA / AFP LULA anunciou pacote de novos ministros ontem no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou ontem 16 ministros para compor sua equipe e apresentou as primeiras mulheres que vão integrar a Esplanada.

O perfil dos nomes mostra que Lula escolheu até agora somente aliados do PT e de partidos com quem tem mais afinidade política, sem conseguir superar entraves e disputas para abrigar indicados por alas do MDB, do PSD e do União Brasil, partido que integra o Centrão. A nove dias da posse, a equipe de Lula soma sete nomes ligados ao PT, e a cota petista ainda pode aumentar.

No time apresentado ontem com as primeiras mulheres está a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, que será ministra da Saúde. Nísia vai herdar uma das pastas mais problemáticas do governo de Jair Bolsonaro (PL). Para indicá-la, Lula enfrentou a pressão do PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que considerava esse ministério como uma espécie de feudo do partido

No terceiro mandato de Lula, a Esplanada terá 37 ministérios, mas, até hoje, só foram anunciados ocupantes para 21 pastas - outros cinco nomes já haviam sido divulgados no último dia 9. "É mais difícil montar um governo do que ganhar as eleições", disse ontem o presidente eleito. O governo atual tem 23 pastas.

AUSÊNCIA

A ausência mais notada na lista dos ministros foi a da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que apoiou Lula no segundo turno. Ela queria Desenvolvimento Social, mas, por pressão do PT, o ministério foi entregue ao senador eleito Wellington Dias, ex-governador do Piauí.

O PT tenta convencer Simone a aceitar Meio Ambiente, deixando a deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) no comando da Autoridade Climática, cargo a ser criado.

"VACINA"

Lula, Alckmin e integrantes do gabinete de transição apresentaram ontem um diagnóstico do País que encontraram quando a equipe se debruçou sobre as várias áreas de governo. Foi, na prática, uma "vacina" para não ser cobrado por erros do passado. O relatório final sintetizou o trabalho de 32 grupos técnicos, formados por mais de 900 participantes.

A uma plateia de petistas e aliados, Lula disse ter recebido de Bolsonaro um País "quebrado" e em situação de "penúria". O atual presidente não respondeu.

Em um aviso de que pretende ter diálogo com o Congresso, Lula agradeceu Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza o governo a aumentar gastos para pagar o Bolsa Família e o salário mínimo.

"É a primeira vez que um presidente começa a governar antes da posse", afirmou ele. Na prática, Lula precisa de partidos mais ao centro para formar uma base aliada no Congresso e garantir a governabilidade.

Esses partidos, no entanto, ainda não foram contemplados com cargos no futuro governo. "Quem está aqui e ainda não foi ministro, espere que sua vez chegará", disse o petista, no auditório do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

O maior impasse, até agora, reside no MDB e no União Brasil, partidos com os quais Lula se reuniu ontem após o anúncio dos ministros.

O PT ficará com o "núcleo duro" do governo e a chamada "cozinha" do Palácio do Planalto, que trata da articulação política com o Congresso. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais será o deputado Alexandre Padilha (PT-SP).

Ex-ministro da Saúde na gestão Dilma, Padilha já havia comandado Relações Institucionais no segundo mandato de Lula e volta agora para o mesmo cargo com a missão de "apagar incêndios" políticos.

A Casa Civil, entregue ao governador da Bahia, Rui Costa, terá um perfil mais técnico e de gestão, nos moldes do que era quando Dilma ocupou a pasta, de 2005 a 2010, no governo Lula. Para a Secretaria-Geral da Presidência, Lula escolheu o deputado Márcio Macedo, que foi tesoureiro de sua campanha.

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