Logo O POVO+
Sob polêmicas, Adelita deixa secretaria-geral do Psol para integrar governo Elmano
Politica

Sob polêmicas, Adelita deixa secretaria-geral do Psol para integrar governo Elmano

Lideranças do partido estranharam o fato de a indicação não ter sido debatida internamente e de ter entrado em desacordo com a deliberação nacional do Psol
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
ADELITA foi escolhida para a Secretaria da Juventude (Foto: Daniel Jonathan/Zona Imaginária)
Foto: Daniel Jonathan/Zona Imaginária ADELITA foi escolhida para a Secretaria da Juventude

Após ser anunciada como futura secretária da Juventude do governo de Elmano de Freitas (PT), Adelita Monteiro comunicou, nesta quinta-feira, 28, afastamento da secretaria-geral do Psol no Ceará. O posto será ocupado pela educadora Gabriela Gomes, que chegou a assumir o cargo partidário durante a campanha eleitoral. 

"Vou me dedicar muito. O convite para compor o governo não foi feito ao Psol. Elmano respeita a posição do partido, foi um convite pessoal que me deixou lisonjeada devido à centralidade da pauta que vem sendo explanada pelo governador", afirmou a pessolista. 

A indicação de Adelita pegou de surpresa até correlegionários no Ceará. Lideranças e parlamentares do partido relataram ter tomado conhecimento do fato por meio das redes sociais e estranharam o fato do debate não ter passado pelas instâncias da legenda.

A crítica foi levantada pelo grupo do deputado estadual Renato Roseno, hoje minoritário no partido. "Ficamos sabendo pelo Instagram. Foi um convite individual. O Psol nacional tem uma resolução. Os filiados que forem convidados a compor governos devem se licenciar das instâncias de direção partidária. Não é uma indicação partidária", disse Roseno.

Ex-presidente estadual do Psol, Ailton Lopes também criticou a indicação. Ele lembrou da decisão aprovada por unanimidade pela executiva nacional da sigla, que no dia 17 de dezembro decidiu que membros do Psol não irão ocupar cargos no Governo Lula, nem nos governos estaduais onde o PT possui aliança com partidos do centro ou da direita.

"No caso, para seguir orientação nacional, da qual eu discordo, eu acho que se o Psol não compõe, evidentemente seus filiados também não compõem. A indicação da Adelita não foi debatida em nenhuma instância. Na verdade, a militância e os filiados do Psol souberam da indicação apenas pelos jornais. Então, acho que o mínimo que o partido poderia saber era que isso pelo menos fosse debatido nas instâncias do partido e não negociado, deixando ele ausente", destacou o militante da legenda.

O respeito à deliberação nacional, segundo Ailton, foi reforçada através de reunião do diretório estadual no último dia 20 de dezembro. Na ocasião, ele afirma ter ficado decidido que a legenda não faria oposição ao governo Elmano, mas manteria independência para realizar críticas à gestão. Um exemplo é a recente nota contra a recondução de Mauro Albuquerque como secretário de Administração Penitenciária (SAP).

"A ida de Adelita para o governo de Elmano não representa o Psol e nem mesmo foi debatida nas instâncias. Demais membros da direção partidária, diante do conhecimento inédito por terceiros, cobraram do presidente do partido uma reunião da Executiva Estadual, que deverá ocorrer hoje. O Psol se manterá independente para seguir defendendo os interesses", completou Lopes. 

Após repercussão, além de anunciar o afastamento do cargo partidário, a futura secretária alegou que os quadros do partido têm liberdade para compor governos, para isso, precisando se afastar das instâncias diretivas da sigla. Na campanha eleitoral, Adelita, que era pré-candidata a governadora do Ceará pelo Psol, retirou-se da disputa e anunciou apoio a Elmano de Freitas. (colaborou Vitor Magalhães)

O que você achou desse conteúdo?