Quase uma semana após Elmano de Freitas (PT) tomar posse e assinar em ato público a nomeação do primeiro escalão do Governo do Ceará, nenhum dos cinco deputados eleitos em 2022 que foram indicados para a gestão assumiu oficialmente os cargos.

Ao todo, ainda não tomaram posse os deputados estaduais Zezinho Albuquerque (PP), novo secretário das Cidades, Salmito Filho (PDT), do Desenvolvimento Econômico, Moisés Braz (PT), do Desenvolvimento Agrário, e Oriel Nunes Filho (PDT), da Pesca e Aquicultura, assim como o deputado federal Robério Monteiro (PDT), dos Recursos Hídricos.

Em alguns desses casos, os deputados ainda não tomaram posse pois as pastas envolvidas ainda serão criadas ou modificadas na reforma administrativa que será enviada por Elmano à Assembleia Legislativa. É o caso, por exemplo, de Oriel Nunes Filho, uma vez que a Secretaria da Pesca e Aquicultura ainda será criada pelo novo governador.

Em outros casos, no entanto, a demora para a posse envolve desentendimentos entre a base de Elmano e suplentes que assumiriam as vagas no Legislativo. Como os deputados eleitos em 2022 tomarão posse apenas em fevereiro, a atual “fila” de suplências segue a votação da eleição anterior, de 2018, que tinha quadro político bem diferente do atual.

O POVO apurou que não há interesse entre o bloco que governa hoje o Ceará de que os "deputados secretários" se licenciem e permitam a posse, ainda que só para o mês de janeiro, dos ex-deputados Ferreira Aragão (PSDB) e Aníbal Gomes (PSDB), suplentes que poderiam assumir as vagas de Salmito, Zezinho – que estava no PDT em 2018 – e Robério Monteiro.

Apesar de terem disputado em 2018 pelo PDT e pelo antigo DEM, siglas até então aliadas do grupo articulado pelo ministro Camilo Santana (PT) e por Elmano, Aragão e Aníbal acabaram tendo desavenças com o bloco e migraram na eleição de 2022 para o PSDB, partido que tentou apoiar Roberto Cláudio (PDT) na disputa pelo Governo do Ceará.

A migração foi, obviamente, mal recebida entre a base aliada. “Pensaram só em si mesmos para se eleger e não nos ajudaram, agora nós deveríamos ajudar eles por quê?”, diz um político ouvido pela reportagem.

Caso os deputados indicados por Elmano assumissem os cargos, os dois poderiam tomar “posse” no Legislativo ainda que as Casas estejam hoje de recesso, tendo direito a salário e as verbas disponíveis para parlamentares, por um mês.

Outro que poderia ser beneficiado na “dança das cadeiras” dos suplentes com a posse dos cinco deputados seria o vereador de Fortaleza Adail Júnior (PDT), defensor ferrenho do ex-prefeito Roberto Cláudio e hoje desafeto público do grupo de Camilo e Elmano.

Em nota, o governo Elmano afirma oficialmente apenas que já “deu início a todos os trâmites e providências necessárias para efetivar a nomeação dos novos secretários que são deputados”. Sobre os documentos assinados por Elmano em 1º de janeiro, que já seriam os termos de nomeação, o governo diz se tratar de “uma solenidade”.

“Tratou-se de uma solenidade em que foram autorizadas pela gestão superior do Estado as medidas administrativas necessárias para o efetivo provimento no cargo de secretário de Estado, o que demanda tempo minimamente razoável para conclusão”, diz a gestão. A nota também destaca que, para assumirem as funções, os indicados precisam estar afastados das funções Legislativas.

No Diário Oficial do Estado (DOE) da última quinta-feira, 5, as secretarias para as quais os deputados foram indicados ainda aparecem sem gestor, com um espaço em branco logo após o nome das pastas. Pelo andar da carruagem, as posses de fato só devem ocorrer em fevereiro.