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Forças desmobilizam acampamentos; 1,5 mil são presos
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Forças desmobilizam acampamentos; 1,5 mil são presos

| Resposta | Ministro da Justiça, Flávio Dino afirma que ataque foi o "Capitólio brasileiro", mas sem mortes e com mais presos
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FLÁVIO DINO concedeu entrevista coletiva na qual divulgou balanço do número de terroristas presos (Foto: CARL DE SOUZA / AFP)
Foto: CARL DE SOUZA / AFP FLÁVIO DINO concedeu entrevista coletiva na qual divulgou balanço do número de terroristas presos

Acampamentos de extremistas erguidos na frente de instalações militares por todo o País começaram a ser desmobilizados ontem. Ao menos 1,5 mil radicais foram presos após ataques em série às sedes dos três Poderes, em Brasília, no último domingo, 8. 

Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o fim dos agrupamentos em 24 horas. Expedida no fim da noite de anteontem, a ordem foi cumprida ao longo do dia por autoridades municipais e estaduais, além de Brasília - epicentro da crise.

Moraes afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), do cargo por 90 dias em razão da leniência diante do caos, anunciado e consumado. Relatórios de inteligência em posse do governo já indicavam que 100 ônibus com 3,9 mil extremistas estavam a caminho da capital para o levante.

Após a intervenção federal na segurança do DF imposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficou definida a remoção dos radicais do Quartel-General do Exército. A execução da ordem em Brasília ficou marcada pelo comboio de pelo menos 50 ônibus com mais de 1,2 mil detidos, que se somaram aos já 209 detidos no dia anterior.

O bando montou barracas desde a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro para Lula. O ato final foi o vandalismo no Palácio do Planalto, STF e Congresso. Enquanto agrupados, os manifestantes articulavam ações violentas, contestavam o resultado das urnas e pediam intervenção militar.

"Vivemos o Capitólio brasileiro, com duas diferenças: não tivemos óbitos e temos muito mais presos aqui do que lá (nos EUA)", afirmou o ministro da Justiça, Flávio Dino, ontem, durante entrevista coletiva sobre o balanço da operação.

"As Forças Armadas brasileiras até aqui se mantiveram fiéis à legalidade democrática. Esse é um fato que deve ser saudado. De um modo geral, eu diria que o pior passou."

Segundo o ministro, financiadores do vandalismo já foram identificados em dez Estados. Os radicais ficarão na Academia Nacional da Polícia Federal.

Ao todo, 50 equipes atuaram na identificação e oitiva dos extremistas. Dino afirmou que 40 ônibus foram apreendidos, alguns em rota de fuga. Armas de fogo e spray de pimenta foram recolhidos.

Crimes

Os envolvidos poderão ser enquadrados de forma múltipla em crimes, entre eles: golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do estado de direito, dano qualificado, associação criminosa e lesão corporal. "Golpistas e criminosos em geral não obtiveram êxito na ruptura da legalidade", disse o ministro.

Dino saiu em defesa do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que, segundo ele, não deve ser "martirizado". Múcio foi criticado dentro e fora do governo por ter pregado a necessidade de conduzir uma retirada negociada, não à força, de extremistas. "Não pode ser posta em dúvida a sinceridade, a lealdade e a correção de Múcio", disse Dino.

O ministro afirmou, novamente, que autoridades políticas têm responsabilidade sobre os atos, em uma referência a Bolsonaro. Dino disse que, em tese, não se pode descartar um futuro pedido de extradição do ex-presidente, que está nos EUA. Ele negou, porém, que a medida tenha sido solicitada ao governo Joe Biden.

Desmonte

Pelas capitais, barracas foram desmontadas após operações de policiais militares. Não houve registros de confrontos, mas manifestantes tentaram resistir em Belo Horizonte, Recife e Florianópolis. Pela manhã, uma mulher pedia intervenção militar e divina na frente do Comando do Exército, na capital mineira: "Deus, nos ajuda. Temos de fazer a intervenção".

Em Florianópolis, mesmo contrariados - os mais exaltados gritavam palavras de ordem e pediam "socorro" às Forças Armadas -, os bolsonaristas cumpriram a ordem. A determinação foi acatada também em Salvador, Feira de Santana e Alagoinhas, assim como no Recife.

O acampamento bolsonarista na frente do Comando Militar do Sudeste (CMS), na região do Ibirapuera, em São Paulo, também chegou ao fim, após 71 dias. A pouca resistência à ação da polícia ocorreu de modo verbal.

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