Começam a ser enviadas entre hoje e amanhã as primeiras mensagens de Elmano de Freitas (PT) à Assembleia. Entre as matérias, está a proposta de reforma administrativa, que prevê a criação de uma série de secretarias de Estado. Mais do que "dar a cara" da gestão, a matéria promete também medir o tamanho de governistas e da oposição no Legislativo.
Pela proposta anunciada por Elmano, deverão ser criadas nove secretarias. A mudança inclui a recriação de pastas antigas, o desmembramento de órgãos já existentes, a reformulação de antigas coordenadorias especiais e até a criação de secretarias inéditas - como Mulheres, Igualdade Racial e Povos Indígenas.
"É o 1º secretariado paritário do Brasil, com 16 homens e 16 mulheres", destaca de início o líder do governo na Assembleia, Romeu Aldigueri. "É um secretariado que vêm inovando também, trazendo a questão das mulheres, da igualdade racial", diz, destacando a preocupação do governo com a representatividade e Direitos Humanos.
O líder do governo também destaca que a ideia da mudança é promover uma "paridade transversal" de pastas com o Governo Federal, replicando uma série de ministérios criados por Lula (PT). "Até para facilitar o orçamento e a execução de políticas públicas", afirma.
Sargento Reginauro (UB) contesta, no entanto, a criação das pastas, que ele chama de|"mais do mesmo". "Infelizmente é aquela velha coisa de ter que alocar os apoiadores políticos, e aí se cria mais estrutura administrativa. Quer queira quer não isso gera custo, o que não significa uma melhora no serviço para o povo. Geralmente é o contrário", diz.
Reginauro afirma, no entanto, que a oposição ainda aguardará a chegada do projeto para avaliar detalhes do texto. "O governador tem promessas complexas na área da Saúde, Educação, Segurança Pública, e, infelizmente precisa iniciar atendendo primeiro os compromissos de campanha com seus correligionários", diz.
O "teste" de Elmano no Legislativo será importante pois, passados mais de quatro meses das eleições, ainda não está claro qual será o tamanho da base da gestão. A indefinição é reflexo do racha de 2022 entre PT e PDT, que acabou jogando dúvidas sobre a posição de partidos que apoiaram Roberto Cláudio (PDT) ou até Capitão Wagner (UB) na disputa.
A principal indefinição ocorre por conta do próprio PDT, que elegeu 13 deputados no ano passado e possui a maior bancada da Assembleia. Apesar de Elmano ter indicado três parlamentares da sigla para pastas do governo, líderes do pedetismo insistem que ainda não há qualquer definição "oficial" de apoio ao petista no Legislativo.
A preço de hoje, pelo menos oito pedetistas são contados como "certos" na base aliada, incluindo o presidente da Casa, Evandro Leitão. Os outros cinco deputados têm se colocado como "independentes", sendo três deles - Antônio Henrique, Cláudio Pinho e Queiroz Filho - aliados próximos do ex-prefeito Roberto Cláudio, que vem fazendo oposição a Elmano.
Como "oposição pura", o governo contabiliza hoje apenas seis deputados, quatro deles eleitos pelo PL, partido de Jair Bolsonaro (PL). Os outros dois são Sargento Reginauro (UB) e Felipe Mota (UB), ambos aliados próximos do ex-deputado Capitão Wagner (UB), um dos líderes da oposição e segundo colocado na disputa pelo Governo do Ceará em 2022.
O partido de Wagner, aliás, deverá ser um dos observados mais de perto nas próximas votações. Isso porque, apesar de eleitos pela oposição, Firmo Camurça (UB) e Dr. Oscar Rodrigues (UB) têm se afirmado como "independentes". No caso de Camurça, o deputado tem inclusive dito que dará "crédito" ao novo governo.