Cacique do povo Tabajara, cujas terras estão no município cearense de Poranga, Jorge Tabajara afirma que as investidas de empresas e posseiros se acentuaram nos últimos quatro anos.
Ao relatar ameaças a familiares que tentam manter a posse do território, o indígena conta que "isso foi acirrado muito na gestão do governo Bolsonaro" porque "havia uma publicização de que indígena não teria vez, isso cresceu muito".
Segundo ele, o principal problema enfrentado na região hoje é com os posseiros, que avançam sobre o território progressivamente, numa tensão constante com os povos nativos.
"Como o Estado não demarca e não cumpre com o seu papel institucional, nossos povos têm se utilizado dos mecanismos de autodemarcação e retomada, que é o meio pelo qual nós resolvemos romper cercas e arames e recuperar nossos territórios", explica Tabajara. O indígena ressalta, contudo, que há reação dos posseiros, frequentemente violenta. Daí as inúmeras ameaças de que seus parentes têm sido alvos.
Ainda de acordo com o Tabajara, o território onde vive "chegou a ir a leilão porque na época houve investimento milionário" de um empreendimento, cuja forma de avançar é alegar juridicamente que o espaço não é propriedade indígena.
"Movemos uma ação civil pública que teve sentença favorável em 2015, condenando o Estado a iniciar o processo de demarcação no prazo de 120 dias. Chegou ao STF, que manteve a decisão, e mesmo assim o Estado não cumpre. Nesse intervalo, houve muitos conflitos com posseiros", relata.