A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, nessa quinta-feira, 23, por ampla maioria uma resolução exigindo a "retirada imediata" das tropas russas da Ucrânia para encerrar a guerra iniciada há um ano por Moscou.
Com 141 votos a favor, 7 contra (Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Nicarágua, Mali e Síria) e 32 abstenções, a comunidade internacional aprovou a resolução "Princípios da Carta das Nações Unidas sobre os quais baseia-se uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia".
Na resolução patrocinada por dezenas de países e diante da notável abstenção da China, o fórum da ONU reiterou o "compromisso" com a "integridade territorial" da Ucrânia.
A Assembleia Geral exigiu que a Rússia "retirasse imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas", referindo-se aos territórios anexados por Moscou.
"O elemento mais importante da resolução é o apelo à comunidade internacional para redobrar seus esforços diplomáticos para alcançar uma paz justa e duradoura na Ucrânia", analisou o embaixador Ronaldo Costa Filho, representante do Brasil na ONU, explicando o voto a favor da resolução.
Devido ao veto da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, que impede qualquer decisão sobre a Ucrânia contrária a Moscou, a Assembleia Geral da organização assumiu as rédeas deste dossiê há um ano.
Foi a quarta resolução votada na Assembleia Geral desde a invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado. As três resoluções anteriores receberam entre 140 e 143 votos a favor, com cinco países sistematicamente contra (Rússia, Belarus, Síria, Coreia do Norte e Eritreia) e menos de 40 abstenções.
O representante da China, país que defende uma "solução política" entre Kiev e Moscou, alertou na tribuna da Assembleia que "conflitos e guerras não têm vencedores".
"Não importa o quão difícil seja a porta para uma solução política, [ela] não pode ser fechada", disse o embaixador adjunto chinês na ONU, Dai Bing. Convocação à qual aderiram vários países da América do Sul, como Guatemala, México, Colômbia ou Uruguai.
Esta semana, o presidente russo, Vladimir Putin, garantiu que continuará, "metodicamente", sua ofensiva na Ucrânia, em um discurso contra o Ocidente que lembra a retórica da Guerra Fria.
Na ONU, o embaixador russo, Vasily Nebenzya, argumentou que o Ocidente está tentando "infligir uma derrota à Rússia", mesmo ao preço de "arrastar o mundo inteiro para o abismo da guerra".
"A Ucrânia vencerá!", proclamou o presidente, Volodymyr Zelensky, na véspera do primeiro aniversário da invasão russa.
"Nós não quebramos, nós superamos muitas provações e vamos triunfar. Vamos responsabilizar todos aqueles que trouxeram este mal, esta guerra, para nossa terra", afirmou o presidente ucraniano.
A Casa Branca informou que "os Estados Unidos implementarão sanções de amplo alcance contra setores-chave que geram receitas" para o presidente russo, Vladimir Putin, que, por sua vez, prometeu aumentar a produção industrial militar e anunciou a utilização de mísseis balísticos intercontinentais Sarmat.
"Daremos atenção prioritária ao fortalecimento de nossas capacidades de defesa", disse Putin em um vídeo divulgado no Dia do Defensor da Pátria, na Rússia.
As expectativas de vitória da Rússia foram frustradas quando as tropas sofreram fortes perdas no leste da Ucrânia no fim do ano passado. Atualmente, tentam fortalecer a ofensiva conquistando a cidade de Bakhmut, onde enfrentam forte resistência.